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Um voto de amor à terra e ao povo do Acre

 O Ciccillo Matarazzo declarou o seu amor pelo Brasil quando comprou toda aquela infinidade de obras de artistas europeus e fez erguer o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Para confessar a minha afeição maior pelo Acre eu não consigo ir a tanto; basta a mim dar um voto de confiança nestes homens e mulheres que muito gostam desta terra como eu gosto.

O meu voto na Perpétua Almeida é mais uma homenagem ao seu velho pai, um sertanejo pobre que, como o meu pai, verteu suor e sangue sobre o chão duro desta terra rústica e amada. Aos nossos heróis nordestinos, toda honra e toda a glória. Eles são merecedores. Sem eles, hoje nós não diríamos ser brasileiros por opção e as nossas guerras diárias não teriam sido vencidas.

Eu não voto em partidos ou agremiações. Preciso eleger pessoas. Voto no Tião Viana, sim. E não afixo adesivo no vidro do carro porque preciso de favores ou condescendências. Vivo muito bem, obrigado! E aquelas fotografias estão lá como uma forma de repelir as investidas dos abomináveis opositores, anjos de mau agouro que não sabem ir além da fofoca contra a vida particular dos mais justos de coração.

É conveniente também registrar que abomino aquele cidadão que me pede apoio. Deixa está! Antes, apoiador é aquele que tem dinheiro para jogar na disputa, ou bala na agulha. Eu apenas opino a respeito do projeto mais factível, mais concreto, mais visível. Depois, este proseador descendente de sertanejos até já aprendeu a ler e não mais precisa que um desconhecido ajude ou indique as suas preferências. Em síntese, também tenho vergonha de pedir votos, porque receio estar insultando ao dar a entender que aquele irmão que leva a vida como eu ainda não sabe fazer as suas escolhas, apesar das muitas voltas dadas ao redor do sol… Sessenta e tantas, e lá vai por aí…

Daqui a pouco, à tardinha de domingo, quando bater à porta a desesperança proveniente do amor que não veio, a moça da janela há de me taxar de subserviente, mas eu me dou o direito de opinar porque tenho substância e conheço o tamanho da mediocridade dos que não vêem o que é feito, e bem feito, por quem sabe realmente fazer.

Muito pior, então, é observar que há pessoas que se dizem inteligentíssimas, que tiveram, ontem, a oportunidade de ilustrar as mentes hoje perversas. Esses ditos sabidos ficam propagando babaquices ou aleivosias como as que seguem, com a finalidade de enganar os incautos…

Nenhum presidenciável tem dinheiro debaixo do colchão e nem mexerá na poupança de ninguém. Todos são bem espertos e sabem que esta via é extremamente perigosa… O Collor que o diga.

Aí é preciso concluir que a burrice é maior que o próprio dono do burro. Ora veja! Se o cara não consegue provar, por que fala besteira? Segundo prega o Clélio Rabelo, coitado é o povo que depende de pseudo-intelectuais como esses. A intenção é fazer com que a mentira tantas vezes repetida passe a ter foros de verdade. Isto é propositalmente alienante e ridículo. Inaceitável!

Não é preciso botar a cara a tapa para reconhecer as verdades mais concretas do sistema planetário.

Rio Branco, nos anos 90, era a cidade mais feia do Brasil, com certeza. Eu morria de vergonha quando para cá vinha em férias. (Morava em Campinas, São Paulo, onde era estudante). Todos viam e muitos, como eu, até cerrava os olhos ante o espúrio do caminho de vinda do aeroporto e do visual lixo que se descortinava a partir da ponte de concreto, ou até bem antes.

Dentre mil obras de grande envergadura, aqui cito apenas duas. Alguém lembra?

Pois bem! Aí, apareceram uns caras do PT, que tornaram esta uma das mais belas cidades de médio porte do Brasil. Eu voto nestes obreiros, sim, porque gosto da minha terra da mesma forma que eles gostam.

– Os caras fizeram até calçadas e jardins! – Foi o que disse a mim o irmão mais velho.

Aí a inveja corrói mais forte os espíritos que dão sopro aos corações ressequidos. Problema no Brasil é que os salários altos – dos que têm capacidades e habilidades reais – fazem inveja a quem não tem competência para ganhá-los… A cobiça desgasta a alma e faz os medíocres levantarem falsos testemunhos contra pessoas que poderiam ser verdadeiramente ricas, se não fosse o amor que as faz trabalhar tanto por esta terra.

Esse Tião Viana, certamente, enquanto um infectologista de primeira magnitude, bem poderia ter umas três clínicas de doenças tropicais – em Belém, Manaus e Rio Branco – e estaria milionário, sem tanto esforço… Mas ele ama o Acre e prefere o convívio nefasto do pássaro com a serpente. Sim. É verdade. Conviver com alguns desses boquirrotos e doentes mentais da oposição tupiniquim é como ser vizinho dos anjos da escuridão. É o inferno! Ninguém merece, até porque somos originários de famílias de elevado respeito e dignidade, principalmente, pelos homens e mulheres que produziram.

Segundo alguns opositores medíocres pregam, ao Tião Viana não poderia ser dada a oportunidade de ter amigos como este escriba de tristes letras – eu.

O advogado e estúpido Astrogildo Berimbau, o espírito de porco bêbado que me acompanha madrugadinha rumo ao mercado dos peixes, cochicha ao meu ouvido dizendo que qualquer ser humano que tome chegada de uma pessoa de alta competência e luz própria terá se tornado um bajulador, um puxa saco de carteirinha.

Aí, eu perguntei:

– Ô, Seu Berimbau! O homem não tem direito a ter um amigo sequer?

– Não. – Foi o que ele respondeu sem nenhuma vontade de apresentar justificativa alguma, posto que dela não dispunha.

É tão natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se compreende e insultar o que se inveja. Essa é do Balzac e se aplica à minha realidade acreanamente provinciana em tempos de partidarismos tão exacerbados que cegam os imorais e os levam a mentir contra uma verdade que está à vista de todos.

Nada mais real que as obras desta geração de acreanos que busca verter muito suor na camisa, enquanto outros ladram à passagem do carro de Calígula, o mais depravado dentre todos.

*Autor de Janelas do Tempo (2008), livro de crônicas; e O inverno dos anjos do sol poente (2014), romance.

Categories: Cláudio Porfiro
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