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“Sou um candidato que de fato tem responsabilidade de cumprir um plano de governo”, diz Tião Viana

 O candidato à reeleição pela Frente Popular (FPA), governador  Tião Viana (PT), é o quarto e último convidado da rodada de entrevistas realizada pelo jornal A GAZETA com os candidatos que disputam o Governo do Estado nas eleições deste ano.

Tião Viana fez um balanço do seu primeiro mandato e citou os avanços ocorridos no Acre durante sua gestão. “Noventa por cento dos compromissos que anunciei foram cumpridos e isso se reflete na aprovação de 93% do eleitor ao meu governo”, disse.

Quanto aos projetos para uma segunda gestão, o candidato petista afirmou que uma de suas prioridades será a banda larga pública em todos os 22 municípios do Acre. Confira a entrevista.

A GAZETA – Como o senhor avalia as últimas pesquisas na disputa pelo Governo do Estado, no qual o senhor aparece como favorito para vencer a eleição?
Tião Viana – Olho com muita humildade. Tenho muita gratidão pelo povo do Acre, que está dando sinais de que ainda deseja que eu continue no comando do Estado para que possamos dar continuidade aos avanços obtidos ao longo desses quase dezesseis anos em que a Frente Popular vem governando o Acre e trazendo o desenvolvimento para cá. O meu ponto forte é o cumprimento do que foi dito aos eleitores. Noventa por cento dos compromissos que anunciei foram cumpridos e isso se reflete na aprovação de 93% do eleitor ao meu governo.

A GAZETA – Quais foram os principais avanços em seu governo?
Tião Viana – Muitas foram as conquistas. No saneamento básico, por exemplo, o Acre tinha 46% de cobertura e agora tem 99%; 62% dos municípios tinham saneamento, agora são 92%. E estou interiorizando todas essas ações. Nós avançamos muito nas atividades extrativistas (seringueira, castanha), na pecuária, produção de farinha e madeira, buscando a incorporação da tecnologia à atividade rural, com a mecanização de 59% da área – são 354 novas máquinas, tratores. Setenta e duas novas escolas estão sendo inauguradas dentro deste governo, contra 52 que tínhamos em toda história. Recuperei a autoestima institucional do Estado e preservei os recursos naturais.

A GAZETA – Tendo como parâmetro seu primeiro governo, o que o senhor pretende melhorar em sua segunda gestão?
Tião Viana – Um dos meus compromissos é banda larga, com internet em alta velocidade em todos os municípios do Estado – senão, não vai ter educação do futuro; mais escola de tempo integral; consolidar as políticas de solução dos problemas de saúde nas regionais do Estado, para acabar com as filas. Somos o único estado que zerou as filas de cirurgia geral – não tem doente esperando na fila, não – à exceção de algumas especialidades, como varizes, próstata, alguns aneurismas e próteses. Nas outras especialidades, nós zeramos. Sobram 200 vagas por mês, de cirurgia geral, na Capital. Temos de avançar na humanização dos serviços públicos para a comunidade no próximo governo e consolidar a redução de desigualdades que ainda existe entre os trabalhadores rurais e os das cidades. Enfim, o objetivo é continuar avançando, fazendo do Acre um bom lugar para se viver

A GAZETA – Qual o diferencial do seu plano de governo em relação aos dos outros candidatos?
Tião Viana – Eu sou um candidato que de fato cumpre a responsabilidade de apresentar e cumprir um plano de governo. Nossa equipe técnica visitou os 22 munícipios, ouviu as pessoas. Foram mais de seis mil pessoas que participaram do plano de governo. Essa equipe pegou um plano estruturado, com uma proposta de responsabilidade técnica administrativa de governo, pautado na plataforma de planejamento público e enriqueceram ainda mais, com influência das experiências comunitárias, do querer comunitário e da vontade de ver um ambiente de prosperidade no Acre. Isso é seguido à risca com enorme responsabilidade por mim no exercício da governabilidade e da governança. Então tudo que foi assumido no plano de governo atual, que nós estamos sistematizando o texto final, será devidamente obedecido com enorme responsabilidade entre 2015 e 2018.

A GAZETA – Existe uma resposta desproporcional em relação aos investimentos realizados e a arrecadação. Como o senhor pretende equacionar isso? Como sua próxima gestão pretende aumentar a arrecadação?
Tião Viana – Antes de a Frente Popular assumir o governo, tínhamos 2% de arrecadação própria contra 98% de transferência constitucional. Hoje, está se aproximando de 50% a transferência constitucional e a arrecadação própria crescendo, mas, ela ainda é muito inferior ao ideal. Por isso que estamos investindo em projetos como o da piscicultura, onde aponto uma movimentação de R$ 1 bilhão de reais na próxima etapa de governo por ano. Também aponto o mesmo valor para a suinocultura. Temos ainda a cadeia econômica do plantio, da castanha, da madeira, das frutas tropicais, do açaí, que será uma grande frente estratégica no futuro. Tudo isso vai significar receita, recolhimento de arrecadação e melhoria no nível de renda da população, inclusive, incorporação de tecnologia industrial. Temos uma receita gerada com muito investimento público e o ideal é que a receita de investimento privado também participe e, estamos trabalhando para que isso ocorra. Temos uma arrecadação abaixo do ideal, mas nós aumentamos muito e tenho certeza que nos próximos quatro os resultados serão ainda melhores.

A GAZETA – Há mercado no Acre para ampliação industrial da produção local?
Tião Viana – Consolidar a industrialização, com alta tecnologia, é a nossa responsabilidade. Por isso que, no caso do peixe, nós queremos sair da produção de 20 mil toneladas/ano para 100 mil/ano, para sermos o maior produtor do Brasil, de água doce; e ampliar a produção suína, também para 100 mil toneladas. E é fácil fazer isso em quatro anos. Hoje, o Peru está interligado, por rodovia, pela qual nós queremos alcançar o mercado asiático. A nossa Zona Especial de Exportação já foi visitada pela China três vezes. Tem empresa australiana que já decidiu implantar modelo de indústria para levar o açaí para a China – já conseguiu autorização do governo chinês para exportação do fruto. Vai ser uma grande nova vertente econômica. O açaí rende R$ 21 mil por hectare/ano; o peixe dá R$ 15 mil; e o gado, R$ 500 mil. Portanto, esta é uma área que está em franco crescimento, com condições sim de uma ampliação industrial.

A GAZETA – Como o senhor pretende abordar a questão da saúde em um provável segundo mandato?
Tião Viana – Quando assumimos o governo, na saúde do Acre, quase todos os doentes tinham de fazer tratamento fora do estado. Hoje, temos 5,2 mil famílias com seus membros tratando aqui no Acre. É o primeiro Estado da Amazônia que fez transplante de fígado; já fazemos de rins, córnea e osso. Quando assumi, 100% dos casos das doenças coronarianas eram tratadas fora do estado; hoje 99% são tratadas aqui. Fazemos hemodinâmica, com cateterismo, colocação de stent, angioplastia, ponte de safena, cirurgia mamária, implante de marcapasso e colocação de próteses cardíacas – tudo isso nós fazemos aqui, e já estamos interiorizando essas ações. Consolidamos a estrutura física do Alto Acre. Em poucas semanas, o hospital do Alto Acre estará pronto. Ele está em sua etapa final de conclusão. Vamos consolidar serviços de especialidade de ponta no Vale do Juruá, que já este ano estarão funcionando com hemodiálise e o tratamento de câncer. E o programa de levar especialidades para os municípios se consolidou e já atendeu mais de 30 mil pessoas e o meu desejo é que este programa diminua cada vez mais a distância das comunidades e os especia-listas. Foram contratados 300 médicos e a pretensão e contratar ainda mais. Já avançamos muito na área da saúde em nosso Estado, porém, sei que precisamos crescer ainda mais.

A GAZETA – Seu governo avançou na educação. Caso seja reeleito, quais as metas para a próxima gestão?
Tião Viana – Na educação, o Acre era o 27° do Brasil; hoje está entre os seis primeiros. Somos o Estado que mais reduziu o analfabetismo de adultos. Quando a oposição governava, era 34% o índice de analfabetismo e hoje tá acima de 15% (considera pessoas acima de 15 anos). A mortalidade infantil era 56 óbitos por mil, e hoje está em 13 por mil – é um dos seis menores índices de mortalidade infantil do país. Promovemos uma grande inovação na Educação, com a criação de um centro de idiomas: ensinamos inglês, francês, espanhol e italiano para mais de 14 mil jovens. O jovem está de manhã na escola e à tarde está estudando línguas com a gente. Temos mais de 30 mil alunos na escola de tempo integral. Abrimos o Instituto de Matemática, Filosofia e Ciências. O aluno pode, à tarde ou de manhã, estudar matemática, filosofia, ciências, ética – e abrimos agora o de informática, que começa este mês. Entregamos computadores portáteis para todos os professores do ensino médio e para todos os alunos do terceiro ano do ensino médio, da rede pública estadual. Vamos dar continuidade a esses avanços.

A GAZETA – O que se poderia fazer de diferente no que diz respeito à Segurança Pública?
Tião Viana – Já avançamos muito na área de segurança pública. Sei que não é o ideal, porém, temos que olhar para o que já conquistamos e isso é muito importante. Já avançamos consideravelmente no que diz respeito a aparelhamento da polícia, fizemos um esforço enorme em melhorar as condições de trabalho da polícia. Aumentamos o número de profissionais nessa área. Mas, para o futuro, temos que intensificar o sistema integrado, sistema inteligente, polícia comunitária e fazer ainda uma revisão no sistema prisional, para que ele possa ter uma modalidade de menor concentração de preso e um trabalho de redução de penas e ressocialização forte com os presídios agrícolas.

(Foto: Divulgação)

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