A Secretaria de Saúde do Estado do Acre (Sesacre) garantiu ontem que está preparada para garantir medidas que identifiquem casos suspeitos de febre chikungunya no Acre, depois dos alertas de que a doença foi registrada novamente na Bahia e no Amapá, nesta semana.
Desde janeiro deste ano, ao menos 39 casos da doença foram registrados pelo Sistema Único de Saúde. Desses, 37 foram contraídos em outros países.
A chikungunya não é comum no país, mas A forma de contágio pelo vírus CHIKV é muito parecida com o da dengue, o que facilita muito o reconhecimento e o tratamento, caso ela apareça entre os acreanos.
É o que explica a gerente da Vigilância Epidemiológica do Acre, Alissandra Santos: “Podemos identificar o contágio, se ele acontecer, e enviarmos a sorologia [o diagnóstico e identificação de anticorpos e ou antígenos no paciente] para o Instituto Evandro Chagas [no Pará]”.
E completa: “Não há motivo para preocupação, porque o trabalho de prevenção e combate do CHIKV é muito parecido com o já praticado contra a dengue”.
No entanto, segundo a Vigilância Epidemiológica do Estado do Acre, assim que estiver finalizado o seu plano de contingência para a doença, começa a segunda fase, que é a de capacitação dos agentes para essa finalidade.
Alissandra Santos descarta a possibilidade de transmissão pelos refugiados africanos, sobretudo, senegaleses, que entram pelo Acre, na mesma rota de haitianos para o Brasil.
“Não se trata disso, de barreira sanitária, porque o mosquito aedes aegypti, transmissor a dengue, é um dos principais vetores da chikungunya, inseto que já está aqui entre nós”, explica a especialista.
No plano de contingência estão incluídos o controle de vetores, a mobilização e assistência aos pacientes, além da criação de protocolos de notificação e a capacitação dos profissionais de saúde, com treinamentos para trabalho de campo e investigação de casos suspeitos.
*O que é essa doença de nome estranho – A febre chikungunya é uma doença viral parecida com a dengue, transmitida por um mosquito comum em algumas regiões da África. Nos últimos anos, inúmeros casos da doença foram registrados em países da Ásia e da Europa. Recentemente, o vírus CHIKV foi identificado em ilhas do Caribe e na Guiana Francesa, país latino-americano que faz fronteira com o estado do Amapá.
O certo é que o chikungunya está migrando e chegou às Américas. No Brasil, a preocupação é que o aedes aegypti e o aedes albopictus, mosquitos transmissores da dengue e da febre amarela, têm todas as condições de espalhar esse novo vírus pelo País.
Seu ciclo de transmissão é mais rápido do que o da dengue. Em no máximo sete dias a contar do momento em que foi infectado, o mosquito começa a transmitir o CHIKV para uma população que não possui anticorpos contra ele. Por isso, o objetivo é estar atento para bloquear a transmissão tão logo apareçam os primeiros casos.
Sintomas – Embora os vírus da febre chikungunya e os da dengue tenham características distintas, os sintomas das duas doenças são semelhantes.
Na fase aguda da chikungunya, a febre é alta, aparece de repente e vem acompanhada de dor de cabeça, mialgia (dor muscular), exantema (erupção na pele), conjuntivite e dor nas articulações (poliartrite). Esse é o sintoma mais característico da enfermidade: dor forte nas articulações, tão forte que chega a impedir os movimentos e pode perdurar por meses depois que a febre vai embora.
Ao contrário do que acontece com a dengue (que provoca dor no corpo todo), não existe uma forma hemorrágica da doença e é raro surgirem complicações graves, embora a artrite possa continuar ativa por muito tempo.
*Saiba mais com o médico Drauzio Varella em: http://drauziovarella.com.br/corpo-humano/febre-chikungunya/