A Polícia Federal realizou, na manhã desta quinta-feira (24), a Operação Orion, que investiga os crimes financeiros relacionados às atividades da Ympactus Comercial, empresa que representa a marca Telexfree no Brasil.
Estão sendo cumpridos nove mandados de busca e apreensão na sede da empresa, na Enseada do Suá, em Vitória, e em outros endereços ligados ao grupo. A Receita Federal também integra a ação, que tem a participação de 50 agentes da PF e 18 auditores.
Segundo o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Rodrigo de Lucca, há provas de que a empresa funcionava como uma pirâmide financeira. “A prova colhida nos autos é cabal, tanto do funcionamento da pirâmide financeira, quanto em relação ao funcionamento da empresa como uma instituição financeira sem ter autorização do órgão competente para isso”, falou.
A análise do material apreendido, segundo De Lucca, vai integrar a parte final das investigações. “O trabalho feito hoje foi a coleta de documentos, mídias, notebooks e smartphones para reforçar ainda mais a materialidade que existe do crime praticado pelos representantes da empresa Telexfree”, disse.
Segundo a Polícia Federal, funcionários foram encontrados no escritório central da empresa, que não poderia estar funcionando. Alguns negaram que estivessem trabalhando. O encarregado geral do prédio onde funciona a Telexfree acompanhou o trabalho da Polícia Federal. Ele e um funcionário da empresa foram ouvidos pelos agentes. Os funcionários não quiseram falar à reportagem.
O advogado da Telexfree, Rafael Freitas de Lima, acompanhou o trabalho dos agentes federais e caracterizou a ação como intempestiva e desnecessária. “Todos os documentos foram entregues espontaneamente pela empresa na Justiça do Acre, há muito tempo. A Polícia Federal tem a senha do processo e acesso irrestrito a ele”, disse.
À TV Gazeta, o advogado afirmou que a medida “parecia mais política do que judicial”.
Decisão
De acordo com a Polícia Federal, os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Federal Criminal de Vitória, que também determinou medidas cautelares alternativas à prisão aos sócios da empresa, como proibição de se ausentarem do país e comparecimento mensal à Justiça Federal, bem como o sequestro de bens imóveis, o bloqueio de contas bancárias e a suspensão de atividades econômicas da Telexfree no país.
Caso Telexfree
A empresa é acusada de crimes contra o sistema financeiro, contra a economia popular, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Os Ministérios Públicos de pelo menos sete estados investigam a empresa Ympactus Comercial Ltda. ME, conhecida pelo nome fantasia Telexfree, por suspeita de prática de pirâmide financeira, com “investimentos” estimulados por meio de um sistema chamado de “marketing multinível”. Segundo as investigações, a empresa teria montado um esquema de pirâmide, em que cada novo membro compra um “pacote” que remunera os membros acima na cadeia. Esse novo membro, por sua vez, ganha dinheiro recrutando outras pessoas para o sistema. (Mariana Perim, Do G1 ES)