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Morte de ativista LGBT soterrado por laje serve de alerta para o risco de obras ilegais

A morte do cabeleireiro Raimundo Pereira Carvalho Junior, a Raíssa Rios, de 37 anos, na manhã desta terça-feira, 30, reacende um problema de longo tempo: a construção de casas sem qualquer critério técnico, nem registro nos órgãos reguladores desses serviços.

Raíssa, que sempre foi ativista de movimentos em favor dos homossexuais, tendo sido presidente da Associação dos Homossexuais do Acre, foi esmagada por uma laje recém-construída na sua casa, e que desabou, na Travessa Nacional, no Bairro Comara, Segundo Distrito de Rio Branco.

A construção foi erguida fazia um mês, segundo o irmão da vítima, Antônio Fábio Pereira, 34 anos. “No momento do acidente, ele estava retirando as caixarias da obra”, conta Pereira.

“Meu irmão morreu apertando minha mão”, lamenta-se. Ao retirar a armação do concreto,  a vítima acreditava que o cimento estava ‘curado’, termo usado quando a estrutura está completamente seca e rígida.

Estima-se que pelo peso da laje – de pelo menos 1,5 tonelada -, dificilmente a morte não aconteceria.  Homens do Corpo de Bombeiros estiveram no local, mas inicialmente nada puderam fazer para resgatar a vítima.

Durante todo o dia de ontem, os bombeiros, uma equipe da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil, Comdec, e da Eletrobras estiveram no local para os trabalhos de remoção dos escombros e de reposicionamento de um poste de energia em frente da casa. Por conta disso, a energia elétrica seguiu interrompida na região até o início da noite. A travessa também foi interditada pela Superintendência de Trânsito de Rio Branco.

Com a interdição da obra, amigos de Raíssa Rios um travesti identificado apenas por Luíza. O indivíduo, que estaria morando com a vítima, teria tentado entrar na casa interditada, para pegar alguns documentos e pertences.
Foi preso e levado para a delegacia do Segundo Distrito, causando protestos de amigos.

“Casa será demolida”, diz Defesa Civil do município
O coordenador Municipal da Defesa Civil, tenente-coronel George Pires, afirmou ainda no local que a casa, onde o cabeleireiro Raimundo Carvalho Júnior morreu esmagado por uma laje, será demolida, depois que foi assinado o termo de interdição ainda pela manhã.

Pires disse a esta GAZETA que a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Gestão Urbana é quem regula o uso da ocupação do solo, por meio de seus responsáveis técnicos e que, ao não procurar regularizar suas obras, muitos proprietários acabam se sujeitando a acidentes como o que ocorreu ontem.

“Nós da Defesa Civil, não temos um levantamento de quantos imóveis são erguidos na clandestinidade, porque essa é uma tarefa da Secretaria de Gestão Urbana, mas com certeza, esse tipo de problema deve ser encarado com seriedade pelos donos de imóveis”, adverte o coordenador.

Para não ter que contratar um engenheiro responsável, nem pagar taxas na prefeitura, muitos se sujeitam a contratar pedreiros, burlando a regulamentação, o que não raro acaba em tragédias como a do Bairro Comara.

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