O impacto dos feriados sobre a lucratividade do comércio brasileiro em 2015 deve alcançar R$ 15,5 bilhões – resultado 22,5% maior que o registrado no ano passado, descontando-se a expectativa de inflação prevista para este ano. O menor número de dias úteis no ano corrente contribui para o agravamento das perdas decorrentes com a maior quantidade de feriados, além da crescente relação folha de pagamento/receita operacional, no comércio brasileiro em curso desde 2009.
No ano passado, além do meio expediente na quarta-feira de cinzas (5 de março) e também em 15 de novembro, um sábado, outros sete feriados nacionais integrais ocorreram em dias úteis para o comércio. Em 2015 o maior número de interrupções ocorrerá em função de dez feriados integrais entre segundas e sextas-feiras, além do meio expediente da quarta-feira de cinzas (em 18 de fevereiro).
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Acre (Fecomercio/AC), Leandro Domingos, destaca que os feriados nacionais, estaduais e municipais a serem cumpridos pelo setor produtivo causam grandes prejuízos às empresas acreanas, tendo em vista que as mesmas não operam nestes dias e os compromissos, tanto com fornecedores quanto trabalhistas, continuam a fluir. “Com a paralisação das atividades produtivas, o Estado e municípios deverão ter perdas irrecuperáveis em suas arrecadações”, complementa.
Para o presidente, esta seria uma distorção que o Brasil precisa corrigir. “Já que é pretensão colocar o Brasil entre as maiores potências do mundo, e só se produz riquezas com trabalho”, enfatiza Domingos.
Além de perdas parciais de vendas – parte dessas transações é concretizada antes ou após os dias não úteis -, o fechamento dos estabelecimentos ou a opção pela abertura das lojas em dias não úteis compromete a lucratividade do setor por meio da elevação extraordinária dos custos trabalhistas decorrentes das operações nesses dias.
A empresária Eliane Bezerra acredita que o excesso de feriados, de fato, prejudica o comércio. “A gente percebe que há um esvaziamento de clientes, de movimento. Com certeza, prejudica muito”. Bezerra afirma que tenta criar alternativas para a situação.
“Em feriados nacionais não tem como a gente negociar. Mas quando é um ponto facultativo, tem como negociar com o funcionário para não comprometer 100% o comércio”, acrescenta Bezerra, que afirma, ainda, que as promoções, um marketing bem apelativo, mas que tem alcançado os objetivos dos comerciantes.
Mas a empresária reitera que, em sua opinião, a quantidade de feriados é muito grande. “Os impostos não diminuem, é uma carga tributária também, e compromete o movimento. Teria que ser analisado levando em conta o comerciante”, esclarece.
Estimativas da Confederação Nacional do Comércio (CNC) baseadas nos dados mais recentes da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE, apontam para a primeira queda do varejo ampliado nos últimos dez anos. Por outro lado, no ano passado a ocupação e o rendimento médio real dos trabalhadores formais do comércio cresceram 2,0% e 1,8%, respectivamente, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (Caged). Ou seja, a massa de rendimentos do setor acusou expansão maior (3,8%) que o volume de vendas em 2014, mantendo, portanto, a tendência de crescimento da relação folha de pagamentos/receita operacional líquida em curso desde 2009. (Ascom Fecomercio/AC)