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Rio Acre chega 16,16 metros em Rio Branco

Na capital acreana, mais de 660 famílias já foram atingidas pela cheia do Rio Acre, o que equivale a mais de 2,5 mil pessoas. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

O nível do Rio Acre, em Rio Branco, chegou à marca de 16,16 metros às 18h desta quarta-feira, 25. Essa cota foi atingida na enchente ocorrida em 2011. Mas, a previsão é de que o manancial continue a subir. O Parque de Exposições Marechal Castelo Branco abriga quase 2,5 mil pessoas. A maior cota registrada no Rio Acre em Rio Branco foi de 17.66m em 1997.

De acordo com a Defesa Civil, ao todo, 668 famílias de quase 20 bairros já atingidos pelas águas do Rio Acre. Estima-se que com a cota de 16 metros sendo atingida, nove mil imóveis foram afetados, prejudicando 31,5 mil pessoas. Vale lembrar que o cálculo é feito com base no Censo de 2010, que utiliza 3,5 pessoas por edificação ou residência.

Trabalham no apoio às vítimas da cheia 250 pessoas distribuídas em 80 equipes. A Defesa Civil estima que nos próximos dois dias o volume de água que está em Brasileia chegue em Rio Branco.

O Rio Acre baixou 52 centímetros em Brasileia. Apesar de o nível das águas ainda estar muito acima da cota de transbordamento, a vazante pode ser percebida pela marca da água nos imóveis. Às 18 horas, o nível do rio era de 14,69 metros.

Na última terça-feira, 24, o nível das águas do Rio Acre no município alcançou a marca histórica de 15,46 metros, mais de três metros acima da cota de transbordamento, superando ainda os 14,72 metros registrados em 2012.

Segundo subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Roney Cunha, a previsão é de chuva para a região. “Mesmo com a vazante, mas nós ainda temos informações de chuva. Portanto, a situação de monitoramento constante continua. Neste momento, ainda não há possibilidade nenhuma de retorno das vítimas às suas casas”, explicou.

Em Assis Brasil, o Rio Acre também apresentou sinais de vazante. A última medição registrou o nível de 6,58 metros. O município está abaixo na cota de alerta, que é de 11,30 metros.

Em Xapuri, a situação é ainda mais preocupante. Já que o município ainda recebe água vinda de Brasileia. Na última medição o rio estava em 17,70 metros e estima-se que mais de 380 famílias tenham sido atingidas pelas águas, total de 991 pessoas. O Governo do Estado enviou água potável e medicamentos ao município.

Previsão do tempo para quinta-feira, 26
Nesta quinta-feira, 26, haverá sol com nuvens e possibilidade de chuvas rápidas, no leste do Acre, ou seja, nas regiões de Rio Branco e Acrelândia. Chuvas intensas deverão ocorrer nas regiões de Brasileia, Tarauacá, Feijó, Sena Madureira e no Vale do Juruá.

A umidade do ar mínima oscila entre 50 e 60%, no leste e no sudeste acreano, e entre 60 e 70%, nas demais áreas. Os ventos sopram fracos, da direção norte, com variações de nordeste e de noroeste.

A temperatura mínima oscila entre 20 e 22ºC, no leste e no sudeste do Estado, e entre 21 e 23ºC, nas demais áreas. A máxima varia, entre 29 e 31ºC, no leste e no sudeste acreano, e entre 27 e 29ºC, no centro do Estado e no Vale do Juruá.

Equipes da Saúde e Corpo de Bombeiros auxiliam população do Alto Acre
A ação do governo em favor da população atingida pela cheia histórica que ocorre no estado é intensa. Em Rio Branco, o governador Tião Viana, acompanhado pelo prefeito, Marcus Alexandre, visitou nesta quarta-feira, 25, as quase três mil famílias desabrigadas que estão alojadas no Parque de Exposição.

O governador afirmou que o objetivo é manter todo o esforço integrado, para prestar toda a assistência e amparo às famílias. “Aqui tem sido feito um trabalho de equipe, com voluntários, e todos se voltando para ajudar o prefeito Marcus Alexandre. Além de Rio Branco, o governo trabalha junto com as outras prefeituras, para atender as populações dos outros municípios atingidos”, declarou.

Marcus Alexandre agradeceu ao governador pela ação imediata desde o primeiro momento que o rio começou a subir em Assis Brasil. “Essas águas vindas aqui de Rio Branco são provenientes de lá [Assis Brasil] e desde o começo o governo está mobilizando todas as suas forças. Estamos juntos enfrentando esse desafio, proporcionando toda a estrutura para atender a população aqui no Parque de Exposições”, contou o prefeito.

Em visita ao Centro de Atendimento à Atenção Básica de Saúde, o prefeito contou ao governador que diariamente são realizados cerca de 70 atendimentos e o funcionamento ocorre ininterruptamente, nos três turnos. “Aqui tem médicos, enfermeiros e agentes de saúde prestando atendimento constante à população”, disse Marcus Alexandre.

Ação integrada
Governo e Prefeitura disponibilizam todo o seu aparato ao atendimento às famílias. Polícia Militar, Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros trabalham diariamente no atendimento à população proveniente de 20 bairros atingidos pelas águas na Capital. O Governo Federal também garante apoio complementar com o Exército Brasileiro e a vinda do ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, prevista para sexta-feira, 27. (Ana Paula Pojo/ Agência Acre)

Cheia do Rio Acre: “Mobilização total”, pede Marcus Alexandre aos secretários da Prefeitura

O prefeito conclamou os secretários para que se esforcem ao máximo para atender todas as demandas. (Foto: Ascom PMRB)

O prefeito Marcus Alexandre reuniu na noite de terça-feira, 24, todos os secretários da Prefeitura de Rio Branco para avaliação do trabalho ao longo do dia e planejar novas estratégias de atendimento às famílias vítimas da cheia do Rio Acre. O encontro ocorreu no Gabinete do Prefeito instalado no Parque de Exposições.

O coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, tenente-coronel George Santos, fez uma apresentação do panorama atualizado no Vale do Acre e em outras regiões do Estado. Tanto a Defesa Civil Municipal quanto o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) concordam que deve chover acima da média na região de influência do Rio Acre. Uma boa notícia é que o nível do Riozinho do Rôla mantém-se abaixo das cotas do Rio Acre, reduzindo sobremaneira a possibilidade de a alagação ser ainda maior na cidade de Rio Branco e nas comunidades ribeirinhas.

George Santos lembrou que há atualmente 30 equipes (cerca de 200 homens) trabalhando diretamente na remoção e atendimento às famílias em 19 bairros. O Parque de Exposições tem capacidade para abrigar 1.000 famílias e até a meia-noite de ontem haviam 533 boxes construídos e prontos para serem usados -e outros 122 estavam em construção.

A medição da 21h desta terça-feira dava conta que nível do Rio Acre estava em 15,78 metros afetando 9.000 imóveis. Ao longo do dia de terça-feira (das 6h às 18h) o rio subiu 20 centímetros a cada medição e mantinha-se em elevação.

Por conta desse cenário, o prefeito Marcus Alexandre conclamou os secretários ao esforço máximo visando potencializar o atendimento às famílias. “Temos de ter mobilização total”, pediu o prefeito. (Assessoria PMRB)

Cidades acreanas continuam sendo castigadas pela cheia dos rios

Samuel Bryan

As alagações que afligem grande parte das principais cidades acreanas continuaram a não dar trégua nesta quarta-feira, 25. Em Brasileia, o Rio Acre começou a dar sua primeira vazante e apresenta a marca de 15,19 metros, somando mais de 3.100 desabrigados. Já em Xapuri, o mesmo rio ultrapassou a marca de 17 metros. Na tarde desta quarta marcou a histórica marca de 17,20 metros. Em Rio Branco, o Rio Acre alcançou a marca de 16,04 metros, não apresentando vazante e atingindo mais de 1.800 pessoas.

Após a medição histórica de 15,46 metros na noite da última terça-feira, 24, em Brasileia e Epitaciolândia, o Rio Acre marcou 15,19 metros na tarde desta quarta-feira. Praticamente toda a área urbana de Brasileia está debaixo d’água. Estima-se que mais de 900 famílias tenham sido atingidas pela enchente, somando um total de 3.126 pessoas afetadas diretamente na região de fronteira. Já em Xapuri, com mais de 17 metros, 73 famílias estão desabrigadas, 308 desalojadas, somando 991 pessoas atingidas.

O Rio Iaco, em Sena Madureira, também transbordou nesta quarta-feira, registrando 15,94 metros. No Vale do Juruá, o volume de águas continua crescente. Em Cruzeiro do Sul, o Rio Juruá apresentou o nível de 13,28 metros. O Rio Tarauacá, que se manteve estável nas últimas 24 horas, subiu nesta quarta-feira. O registro das 9 horas marcou o nível de 10,66 metros. Dois abrigos públicos, instalados pela prefeitura, acomodam 53 vítimas da cheia. Ao todo, nove famílias estão desabrigadas e outras 12 encontram-se desalojadas no município.

Governo soma esforços
O governador Tião Viana destacou que o governo desenvolve um trabalho intenso de atendimento à população, em conjunto com as prefeituras, a bancada federal e outras autoridades envolvidas. Na terça-feira Tião Viana encaminhou à presidente Dilma Rousseff um documento solicitando a intervenção do Governo Federal no Estado. Entre as solicitações, consta a restrição de imigrantes haitianos que entram pela região de fronteira. Outra medida foi a solicitação de mais mil casas do programa Minha Casa Minha Vida para a região do Alto Acre.

O governo, em parceria com as prefeituras, tem assegurado à população medicamentos, colchões, cestas básicas, e medidas preventivas a acidentes. A assistência a produtores que perderam animais e plantações também está sendo garantida. Na próxima sexta-feira, 27, o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, chega ao Acre para acompanhar a situação.

Sobre o Rio Madeira, o mesmo se mantém estável nos pontos mais próximos da BR-364 entre Rio Branco e Porto Velho. Vale lembrar que a rodovia é de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que está construindo uma barreira contra as águas nos pontos mais críticos. “Ontem começou a chover muito nos rios Beni e Madre de Díos, que concentram as águas do Rio Madeira, mas, apesar da previsão de chuvas, a ANA indica que não ocorrerá cheia como a de 2014”, contou Tião Viana.

Prejuízo aos produtores rurais
Técnicos da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) começaram a percorrer as comunidades ribeirinhas contabilizando os prejuízos causados pela cheia que atinge a região do Alto Acre. Em Brasileia a situação é crítica. A maior parte da produção agrícola foi completamente destruída pelas águas.

Na região visitada, cerca de 50 famílias de agricultores ribeirinhos já foram obrigadas a deixar suas casas. É o caso do produtor rural José Vieira, 58 anos, que perdeu toda a plantação de banana, milho e macaxeira. “Eu nunca imaginei que fosse ter uma alagação tão grande como a de 2012. E a deste ano é ainda maior. É muito triste ver tudo que plantamos destruído pela água”, afirma. O Governo do Estado já garantiu que não vai medir esforços para amenizar o sofrimento dos produtores rurais atingidos pela cheia.

Tião Viana diz ao El País que Acre vive cheia histórica na região
Em entrevista concedida ao jornal El País, da Espanha, o governador Tião Viana afirmou que o Acre passa pelo maior registro histórico de enchente na região do Alto Acre. E a situação alarmante que atinge centenas de famílias nas cidades de Assis Brasil, Brasileia, Epitaciolândia e Xapuri também se estende para Rio Branco e Tarauacá, com a cheia dos rios Muru e Envira.

Tião Viana destacou que o governo desenvolve um trabalho intenso de atendimento à população, em conjunto com as prefeituras, a bancada federal e outras autoridades envolvidas. Na terça-feira, 24, Tião Viana encaminhou à presidente Dilma Rousseff um documento solicitando a intervenção do Governo Federal no Estado. Entre as solicitações, consta a restrição de imigrantes haitianos que entram pela região de fronteira.

“Solicitamos o apoio do Governo Federal para alertar aos haitianos que vierem para o Brasil que busquem outras rotas para entrarem no país, pois o Estado está sem condições de acolhê-los”, explicou o governador. Outra medida foi a solicitação de mais mil casas do programa Minha Casa Minha Vida para a região do Alto Acre.

O governo, em parceria com as prefeituras, tem assegurado à população medicamentos, colchões, cestas básicas, e medidas preventivas a acidentes. A assistência a produtores que perderam animais e plantações também está sendo garantida. Nesta sexta-feira, 27, o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, chega ao Acre para acompanhar a situação.

Em Rio Branco, Tião Viana contou que cerca de duas mil pessoas estão desabrigadas, e esse número só não é maior em razão da entrega de casas feitas pelo governo, por meio do Minha Casa, Minha Vida, que tirou 7.057 pessoas das áreas de risco para viverem em empreendimentos com saneamento básico adequado e dignidade de vida. Em breve serão entregues mais mil moradias na Capital. (Ana Paula Pojo/ Agência Acre)

Ministro da Integração trará recursos e soluções para enchentes no Acre
O ministro da Integração, Gilberto Occhi, chega nesta sexta-feira, 27, ao Acre com a proposta de liberar recursos para o governo e as prefeituras bancarem os prejuízos das enchentes dos rios acreanos, mas também de contribuir para evitar que os períodos de cheias e secas no Acre deixem de ocorrer quase todos os anos.

Em entrevista que concedeu logo depois de receber, na terça-feira, 24, a bancada federal do Acre, que foi lhe pedir pressa para ajudar os milhares de desabrigados de Brasileia, Epitaciolândia, Xapuri, Assis Brasil e Rio Branco, o ministro disse pensar em construir obras estruturantes como barragens para evitar as cheias e a falta de água nos cursos dos rios acreanos.

“Na minha ida ao Acre, estarei levando também o secretário de Infraestrutura Hídrica porque ao visitar as áreas alagadas, gostaria de começar a fazer uma avaliação por que as cheias e os desastres têm sido tão recorrentes”, assinalou o ministro.

Segundo Occhi, que chega ao Estado acompanhado do comando da Defesa Civil Nacional, a quem caberá reconhecer os estados de calamidade pública no estado, a idéia inicial é construir barragens que podem servir de anteparo para evitar as enchentes e também para armazenar água nos rios na época das secas amazônicas.

“É necessário que a gente pense numa solução definitiva de construírmos algumas barragens, que servirão primeiro para conter essas cheias que sempre ocorrem nesse mesmo período do ano. E depois, quando os rios secam, você pode fazer um represamento de água para a manutenção dela em favor das cidades”, afirmou o ministro.

O ministro da Integração disse considerar que as cidades têm de ser melhores organizadas e planejadas. “Como nós não vamos mudar as cidades de lugar, temos que encontrar alternativas de obras que minimizem o impacto das cheias”, completou o ministro.

E concluiu, em seguida: “Nós temos absoluta certeza que a variação média das cheias na região amazônica, tanto no Rio Madeira quanto no Rio Acre, é de 15 metros. Por isso, temos que trabalhar uma obra maior para que possamos evitar que as famílias tenham esses sustos permanentes de enchentes”. (Romerito Aquino / Agência Acre)

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