As evidências, fé ou crenças na imortalidade da alma remonta as culturas mais antigas das quais temos algum tipo de conhecimento. Assim dentre outras culturas remotas, a imortalidade da alma é uma das crenças mais difundidas nas filosofias e nas religiões do Oriente e do Ocidente. Muito antes do cristianismo este tema já era discutido nas culturas: Veda, 1900-1500 a.C, movimento literário mais velho das raças indo-européias, bem como nas religiões Grega e Hebraica. Na filosofia grega, notadamente em Pitágoras (585 a.C) a imortalidade da alma surgiu com ideia da reencarnação.
Contudo o ápice da questão da imortalidade da alma na filosofia grega se radicaliza em Platão, que ligou o poder interpretativo com o criativo, e a imortalidade – existência eterna da alma – com a reencarnação. Platão influenciou, com a sua tese de que o homem é essencialmente alma, todas as religiões e filosofias ocidentais subsequentes.
Platão, de maneira especial em Fédon, define a alma qual substância. Como substancia, a alma é ser em ato e, como ser em ato, é imorredoura. Este argumento, em sua forma mais popular, asseverava que alma, por participar necessariamente da ideia de vida, não pode deixar de existir; uma vez que, como queria Platão, a alma é imortal.
A “novidade” do cristianismo, no campo da imortalidade da alma, é a ressurreição corporal. Assim, nós os cristãos, há vinte e um séculos, celebramos a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. Essa ressurreição é uma mensagem de boa nova e de esperança. Afinal, em dias difíceis como os que estamos vivendo a ressurreição de Cristo é um novo amanhecer para os cristãos do mundo inteiro.
Independente do que pensam os não cristãos, a fé da igreja cristã nunca se resumiu em considerar o Cristo ressurreto pelo prisma dos céticos com suas propostas sutis, a fim de “explicar” a ressurreição com suas “teorias humanas”. Mesmo porque não há nenhum tratado científico que prove que Cristo ressuscitou. O antropólogo Graham afirma que tem interrogado cientistas com respeito à vida após a morte, e a maioria deles diz: “Não sabemos”. A ciência lida com fórmulas e tubos de ensaio. Então, a ressurreição de Cristo é tema metafísico. Só se crer no Cristo ressuscitado, pela fé.
Segundo Walter Conner, estudioso da religião cristã, o Novo Testamento considera a ressurreição de Cristo como fundamental ao cristianismo. Sem a ressurreição de Jesus Cristo, o cristianismo não poderia existir. Se Jesus, o Cristo, não ressuscitou dentre os mortos, então o cristianismo não passa de uma fábula. A ressurreição de Cristo determina a natureza da religião cristã como sendo uma religião metafísica.
Se Cristo estivesse ainda no túmulo, em Jerusalém, onde as milhares de pessoas que visitam Israel todos os anos pudessem passar pelo sepulcro e adorá-lo, então o cristianismo seria uma fábula. O apóstolo S. Paulo disse: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a vossa fé”. (1 Co. 15.14).
Também, Jesus Cristo não é apenas uma influência que sobreviveu à morte, como se fosse um fantasma. Não! As bases da fé cristã estão firmadas na sua ressurreição. O teólogo suíço Karl Barth disse que sem a crença na ressurreição corporal de Jesus Cristo não existe salvação. “Queres acreditar no Cristo vivo? Só podemos crer nele se acreditarmos em sua ressurreição corpórea”.
A maioria das religiões do mundo é baseada em pensamentos filosóficos, à exceção do judaísmo, budismo, islamismo e do cristianismo. Estas quatro baseiam-se em pessoas, mas destas, somente o cristianismo declara que seu fundador ressuscitou.
Abraão, o pai do judaísmo, morreu dezenove séculos antes de Cristo. Não existe nenhuma evidência de sua ressurreição.
Buda viveu cerca de cinco séculos antes de Cristo, e ensinou alguns princípios acerca do amor fraternal. Acredita-se que ele morreu com a idade de oitenta anos. Não existem evidências de uma possível ressurreição sua. Maomé morreu no ano 632 depois de Cristo, e seu túmulo, em Medina, é visitado por milhares de devotos peregrinos todos os anos. Contudo não há evidências de que ele haja ressuscitado.
Em um grande mausoléu da Praça Vermelha, em Moscou, jazem os restos mortais de Lenine, embalsamados. O caixão de cristal de seu túmulo tem sido visitado por milhões de pessoas. No esquife está a inscrição: “Para ele que foi o maior líder de todos os povos. Foi o senhor da humanidade; ele foi o salvador do mundo”. Este tributo a Lenine está todo escrito no pretérito. Que marcante contraste com as palavras de Cristo: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Evangelho de S. João 11.25).
*Pesquisador Bibliográfico em Humanidades.
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