A cheia do Rio Acre alcançou neste começo de semana parâmetros históricos em Rio Branco. Nesta segunda-feira, 2, o rio media 17,85 metros, segundo o monitoramento realizado hora a hora pela Defesa Civil, potencializando os transtornos que já vinham sendo causados na capital. É a maior cheia que se tem notícia na história do Acre.
Cerca de seis mil pessoas estão em cinco abrigos públicos mantidos pela Prefeitura, que serve atualmente 18 mil refeições por dia. Nada menos que 75 mil pessoas estão diretamente afetada pela alagação em 40 bairros. As duas pontes mais antigas de Rio Branco estão interditadas por questões de segurança.
Para informar a população sobre o que está acontecendo, o prefeito Marcus Alexandre e o governador Tião Viana reuniram a imprensa na manhã desta segunda-feira no Gabinete do Governador e repassara aos jornalistas o cenário que avaliam como “dramático”. Além da situação no Acre, o Rio Madeira, em Rondônia, está com seu nível alarmante e o governador não descarta uma cheia com consequências para a BR 364, isolando o Acre pela via terrestre, porque choveu muito na região de cabeceira no Peru e na Bolívia.
Com base na avaliação da Defesa Civil, o prefeito considera a situação do bairro Cidade Nova como a mais preocupante no momento atual porque é uma região de curva do Rio Acre, onde a correnteza eleva a força das águas e faz com que ela ´busque´ um outro caminho. O Rio Acre saiu de sua calha fazendo com que cada centímetro que sobe seja exponencial em seus efeitos e o bairro da Cidade Nova acaba sofrendo mais com esses fenômenos.
“É uma situação de grandes riscos”, disse o governador acerca do panorama geral no Estado. Brasiléia, lembrou, terá de ser realocada: 99% dos comércios da orla do rio foram destruídos ou estão em processo de destruição depois que a cidade ficou toda debaixo d´água. Em Xapuri, completou ele, terá de ser feito um reordenamento urbano.
Governador liga para ministro e diz que situação deteriorou
Tião Viana ligou de manhã para o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, que esteve no final da semana passada no Acre, para atualizá-lo do flagelo. Occhi reafirmou o compromisso do Governo Federal em seguir ajudando o Estado e a Prefeitura de Rio Branco no atendimento às famílias vítimas da cheia. A conversa com o ministro serviu para o governador pedir aceleração no processo de entrega de novas residências em conjuntos públicos, especialmente a Cidade do Povo. Tião Viana pediu mais 2.000 casas para o Alto Acre e Tarauacá.
Autoridades voltam a pedir que moradores não façam ´gatos´na rede elétrica e que tomem cuidado com animais
O prefeito voltou a agradecer o empenho do governador Tião Viana e do Governo Federal no atendimento às vítimas, e pediu, assim como o fez Tião Viana, para que as pessoas não façam ligações elétricas provisórias porque o risco é muito alto: a água é poderoso condutor de eletricidade e o desligamento da rede é necessário para evitar acidentes. Duas pessoas foram vítimas de choque elétrico em Rio Branco na última semana, uma delas morreu no bairro Palheiral. O outro, acidentado na Baixada da Habitasa neste domingo, 1, foi levado em estado grave ao hospital. O desligamento está sendo feito pela Eletrobras Distribuição Acre depois de avaliar a situação. Há também o perigo à exposição de animais, especialmente os peçonhentos como cobras, aranhas e outros.
Agências de crédito avaliam moratória e linhas de financiamentos ao setor produtivo
Técnicos da Caixa Econômica Federal em Brasília apresentam aos empresários do Acre as linhas de crédito que melhor se adaptem à situação de flagelo, analisando inclusive uma moratória de dívidas anteriores e outras formas de recapitalização do setor produtivo.
Técnicos percorrem neste momento o Vale do Rio Acre para avaliar os prejuízos no sistema agropecuário e florestal do Acre visando a construção de instrumentos de recuperação econômica do setor.