A Universidade Federal do Acre, desde o limiar da sua existência, tem experimentado estágios de prosperidade com hiatos de desaceleração na maioria das vezes impostos pelos desvãos de um sistema econômico cujos abalos e anomalias é que ditam as normas a partir das quais temos crescido, as vezes mais, as vezes menos.
Em verdade, interessante é observar que, com o decorrer dos anos, a qualidade dos profissionais que têm estado à frente dos destinos da Instituição foi sendo moldada através de estudos nas mais diversas universidades pelo Brasil afora e, inclusive, com algumas experiências em nível internacional. Essa maturidade proporcionada pelo adensamento científico de parte significativa dos sujeitos do processo fez perceber a todos, com grande nitidez, que os dias prósperos hoje experimentados não vieram por acaso. Tudo teve, na origem, doses maciças de muita fadiga e consideráveis intervalos de desalento, o que é natural, posto tratar-se de um empreendimento marcadamente humano.
Importa considerar que, historicamente, também os períodos nacionais de instabilidade política houveram por bem prejudicar a caminhada que se fez um tanto cansativa, algumas vezes inquietante[C1] , principalmente, logo no início, quando o corte de recursos por parte dos governos militares começou a partir da supressão dos vencimentos dos servidores. Louve-se, entretanto, aqueles tantos quantos que houveram por bem não sucumbir na tempestade e alcançaram tempos de bonança como os que atualmente temos experimentado.
Hoje, os contornos de um novo desenho tomam conta dos ambientes acadêmico e administrativo. Respira-se a modernidade no que tange ao aspecto físico dos campi, que se tornaram cartões postais, inclusive. Vive-se um momento ímpar quando obstáculos são ultrapassados e, cada vez mais, o quadro de funcionários busca aperfeiçoamento através de cursos de pós-graduação dos mais diferentes níveis.
É interessante enfatizar que esta é apenas uma fase inicial – a partir de 2014 – de um crescimento que começa a tomar corpo com a implantação paulatina e vigorosa de um instrumento moderno denominado planejamento estratégico. Estão sendo armadas estratégias para o pleno desenvolvimento.
Então, é oportuno fazer alguns registros acerca da metodologia, conforme está delineado no Caderno Planejamento Estratégico.
No que se refere à origem do método, convém observar que o planejamento e a gestão estratégica têm por base uma técnica denominada Balanced Score Card (BSC) – ou painel de desempenho balanceado – que nasce a partir dos estudos feitos pelos autores Robert Kaplan e David Norton. Consolidado no setor privado, este procedimento passou a ser utilizado com sucesso, também no Brasil, em organizações públicas e, mais recentemente, em instituições de ensino superior.
A aplicabilidade do método é colocada em prática por meio de um modelo de gestão que estabelece a tomada de decisões sobre mudanças e atualização das estratégias, tendo como princípio o monitoramento e a avaliação do painel de gestão onde estão pontuados os objetivos,as metas e os indicadores institucionais. Em outras palavras, operam-se as mudanças sugeridas e, em seguida, verifica-se a validade das mesmas com a intenção de uma possível correção de rumos, considerando o foco e a estratégia de atuação escolhidos, concentrando esforços e evitando a dispersão de ações e recursos.
Resultados serão colhidos a médio e a longo prazos porque o planejamento estratégico, hoje em execução na Universidade Federal do Acre, parte em busca e já começa a vivenciar uma realidade pautada na qualidade acadêmica e em temas como a criação e consolidação de cursos de graduação e pós-graduação, o fortalecimento da interiorização, a criação de novos campi, a melhoria dos níveis da pesquisa em colaboração com outras universidades, inclusive estrangeiras, e a ampliação das atividades de extensão universitária.
Para deixar mais claro, quase da mesma forma que o camponês, aqui e agora, está sendo feita a semeadura das novas ideias com os olhos no futuro. Depois, para que as plantas não cresçam de forma irregular, ou não se tornem vítimas das ervas daninhas, cumpre ir corrigindo, aqui e ali, os percalços, os desvios de rotas e as instabilidades naturais a um processo humano a partir da sua essência.
Ainda com relação ao método, as ações terão como base três fatores que dizem respeito ao tópico comunicação, à ênfase tecnológica e à questão primordial do desenvolvimento humano.
Em linhas gerais, vale admitir que as modernas tecnologias no campo da informação, ou da comunicação, evoluem celeremente e a Instituição deve estar preparada para, no mínimo, ter fôlego de forma a acompanhar a evolução que se verifica no cotidiano das inovações que invadem os ambientes e requerem capacitação dos servidores de uma forma geral. Cumpre, então, apontar soluções e corrigir rumos de forma a que as demandas sejam plenamente atendidas, com a rapidez que a modernidade requer, levando-se em consideração, principalmente, o ser humano pulsante e vivente em meio a um tempo em que evoluem mais competentemente aqueles que têm um certo domínio das novidades tecnológicas que se nos apresentam quase a cada dia.
É preciso considerar, enfim, que, em se tratando do empreendimento humano, parte-se de uma base tridimensional. Os recursos disponíveis devem ser mapeados ou dimensionados. Depois, deve-se capacitá-los convenientemente e, então, será avaliado o potencial a ser colocado enquanto força motriz para a consecução dos objetivos e metas previstos.
Em suma, é conveniente manter o foco nestas espécies de vasos comunicantes, interligados e interdependentes, que demandam de todos que as mais modernas tecnologias sejam utilizadas na busca de uma comunicação que se aproxime da perfeição, vislumbrando um espaço de trabalho e estudos mais auspicioso. Importa que tudo isto signifique progressos da qualidade de vida dos humanos plenamente desenvolvidos que buscamos, levando-se em consideração, muito especialmente, as partes mais interessadas no processo, aqui representadas por estudantes, servidores e a sociedade como um todo.
E por aí temos caminhado, às vezes de forma consequente e organizada, às vezes aos trambolhões, pelas décadas a fio. No entanto, convém garantir que nunca é demasiado lembrar que o trabalho com afinco é que produz a boa colheita.
Temos experimentado, é claro, muitos riscos e poucos insucessos, mas seguimos confiantes de que o bom futuro está logo à frente, amanhã ou depois, a uns dois passos dos nossos experimentos e das nossas tentativas diárias. Ademais, é preciso pontuar que, como em todos os empreendimentos humanos, a prosperidade jamais estará isenta de muitos temores e desprazeres, e a adversidade não está desprovida de conforto e esperança. Mãos à obra!
*Autor de Janelas do tempo, livro de crônicas, de 2008; e O inverno dos anjos do sol poente, romance, de 2014, à venda na Livraria Nobel do Via Verde Shopping.