O ex-secretário municipal de saúde de Bujari, Elias Daier, reafirmou em audiência realizada no Fórum da Comarca de Bujari/AC, no dia 5 de junho deste ano, as razões que o levaram a fazer o armazenamento dos resíduos sólidos de serviços de saúde nas dependências do prédio onde funciona a secretaria de saúde do município.
Tal atitude foi ousada e considerada menos danosa em relação ao que se pratica na maioria de municípios acreanos. Elias Daier foi absolvido por unanimidade, pois entre as duas soluções possíveis para o resolver o problema do lixo, ambas incorretas, optou pela que trouxesse menos prejuízo ao meio ambiente e que causasse menos riscos à Saúde Pública.
“Quando assumi a secretaria, todos os resíduos sólidos de serviços de saúde eram dispensados de forma in natura no meio ambiente como lixo comum, prática costumeira dos gestores anteriores a mim. E isto colocava em risco tudo e todos (fauna, flora, lençol freático e a população em geral de nosso município). Eu tinha duas opções: descartar o lixo como estava sendo feito até então; ou armazenar enquanto não se chegava a uma solução definitiva. Optei pela segunda opção, na certeza de que esta era a forma mais segura no momento, sem causar maiores prejuízos ambientais e riscos à Saúde Pública, enquanto negociava com a prefeitura de Rio Branco a alternativa correta para a destinação final desses resíduos”, afirma o ex-secretário.
Daier também diz que em apenas um mês e sete dias de sua gestão como secretário municipal de saúde de Bujari tomou providências em relação à questão do ‘lixo hospitalar’ quando protocolou ofício solicitando parceria com a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Rio Branco (Semsur). “Como secretário municipal de saúde de Bujari e acadêmico de Gestão Ambiental, tomei a iniciativa de buscar soluções para resolver o problema. Fiz várias visitas à Semsur, responsável pela única Unidade de Tratamento de Resíduos Sólidos (Utre) no Estado e solicitei parcerias para a destinação correta dos resíduos sólidos de serviços de saúde de Bujari. Porém, sempre tinha uma impossibilidade: ora, a ‘manta’ estava em manutenção; ora, não havia carro adequado disponível para fazer o transporte do ‘lixo hospitalar’ do município” destaca Daier.
Em relação à denúncia de crime ambiental feita ao Ministério Público sobre o armazenamento de ‘lixo hospitalar’ em um posto de saúde do município, o ex-secretário diz com bastante convicção que o lugar não era um posto de saúde, mas sim, salas de Depósito de Material de Limpeza (DML) e Expurgo do antigo prédio da Casa de Parto de Bujari e (como esta nunca funcionou efetivamente) eram e são utilizadas como dependências da secretaria municipal de saúde de Bujari.
“O problema se acentuou quando os Diretores das Unidades de Saúde de Bujari perderam o controle dos resíduos de suas respectivas Unidades e, até àquele momento, não tínhamos uma alternativa correta disponível para a destinação do ‘lixo hospitalar’. Então, em uma atitude necessária e ousada, determinei que todos os resíduos sólidos de serviços de saúde produzidos durante o dia das Unidades fossem encaminhados no final da tarde para as salas de DML e Expurgo do prédio onde funcionava (e ainda funciona) o gabinete do secretário de saúde e demais coordenações da secretaria. Além disso, as salas utilizadas para o armazenamento eram desinsetizadas a cada três meses e monitoradas 24 horas por câmeras instaladas na secretaria”, relata o ex-secretário.
Elias Daier ainda ressalta que tal providência era apenas provisória enquanto tramitava processo de elaboração de cooperação técnica entre Bujari e Rio Branco para a destinação correta dos resíduos sólidos dos serviços de saúde. “Tomei uma atitude ousada e menos danosa, pois tinha a certeza que armazenando os resíduos sólidos de serviços de saúde, devidamente lacrado, é cerca de 90% mais seguro que se descartado in natura no meio ambiente, fato que a Justiça entendeu que minha atitude foi correta para aquela situação”, finaliza Daier.