Após inúmeros relatos de agressões moral aos professores que se negavam a aderir à greve que já dura mais de 40 dias, o Conselho de Diretores de Escolas Públicas do Estado (Codepe) pediu ao Secretário Estadual de Educação (SEE/AC), Marco Brandão, que as negociações pudessem ser retomadas.
“Essa é uma tentativa de por um fim no movimento e minimizar os impactos negativos causados aos alunos, principalmente, aos que irão realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano”, explicou a presidente do Codepe, Jacilene Castro. O anúncio foi realizado na manhã de quinta-feira, 30, na SEE/AC.
Enquanto isso, o movimento grevista realizou uma Marcha denominada Democracia interditou o Centro de Rio Branco. Sob o forte calor, o grupo de manifestantes interditou a ponte Metálica (Juscelino Kubitschek) e a de concreto (Wanderley Dantas), além do Terminal Urbano e da Avenida Brasil em frente ao gabinete do governador.
Os professores e servidores da Educação pretendem continuar com as manifestações. Os sindicalistas do comando de greve planejam como novo protesto o fechamento das rodovias federais BR-317 e BR-364.
Sobre o pedido de uma nova abertura para as negociações, Jacilene Castro declarou que o objetivo não é substituir o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac). “Também somos membros e estamos representados pelo Sinteac”, afirma ela.
O Conselho também pediu para que o governo anistie os pontos cortados dos docentes paralisados.
Cerca de 40 diretores de escolas públicas do Acre estavam presentes no anúncio. “Nós já temos uma perda grande. Ainda que nós façamos uma reposição, nós sabemos que não será um ano comum. O Sinteac nos representa, mas não nos sentimos representados por essa forma de fazer a greve. Nós reivindicamos. Isso é justo. É esse o pedido que fizemos à Secretaria de Educação: que possamos estar juntos. Temos muitos diretores que estão se sentindo ameaçados”, afirma a presidente.
O secretário de Educação e Esporte, Marco Brandão, destacou a importância do pedido feito pelo Codepe. “Essa movimentação é uma movimentação propícia para a manutenção do diálogo, sem ofensas nem ao governador, à minha pessoa, ou ao diretor de uma escola. Nós recebemos aqui, e entendemos como legítimo o Codepe. Sempre o governo esteve aberto às negociações. Essa é uma movimentação oportuna que resgata isso que está faltando hoje: a manutenção do respeito, do diálogo e respeito ao contraditório sem ofensas à dignidade das pessoas”.
De acordo com a presidente do Sinteac, Rosana Nascimento, esse foi mais um ato em resposta à decisão do governo de cortar os salários dos servidores em greve. “Abaixo a ditadura, o corte de salário. O governo não nos intimidou, conseguimos o apoio da população e temos vários sindicatos ao nosso lado. A medida revoltou, não só os servidores da Educação, como toda a população em geral. Estamos reforçando e aumentando o número de escolas em greve”, destaca.
A greve teve início no dia 17 de junho
A greve dos servidores da Educação do Acre foi iniciada no dia 17 de junho. A categoria reivindica 25% de reajuste salarial, pagamento do Programa de Valorização Profissional (VDP) e do piso nacional para os outros servidores de escola. Além disso, quer um aumento de 20% sobre o piso e realização de concurso público para cargos efetivos.
No dia 7 de julho, o governador Tião Viana declarou que não há qualquer possibilidade do governo conceder qualquer reajuste aos servidores da Educação em 2015, culpando a crise econômica. “Não tem dinheiro, é uma crise nacional, o Brasil vai sair dela, mas esse ano, não tem qualquer possibilidade de conceder aumento”, afirmou na ocasião o governador.
O secretário de Educação, Marco Brandão, anunciou, durante coletiva na última segunda-feira, 27, na Casa Civil, que os servidores da Educação que estiverem em greve no Acre teriam os pontos cortados a partir desta segunda. De acordo com Brandão, a medida foi tomada com base na lei, e motivada porque o movimento “radicalizou”. Ele alega ainda que 85% das escolas do Estado estão funcionando normalmente.