O saneamento básico em nível de Norte do Brasil, para não falar do Nordeste e de outras regiões carentes, apesar dos esforços de alguns homens públicos sérios no cumprimento do dever, foi sempre caótico. Poucos governantes (estadual ou municipal) se lançam na árdua tarefa de programar e dotar bairros emergentes (periféricos) de condições higiênicas, habitáveis e respiráveis. Mesmo o sistema de esgoto do centro das cidades, que quase constantemente exalam fedentina, diante de qualquer chuva, tem o seu funcionamento seriamente comprometido. As medidas de saneamento básico em prol dessas cidades, mesmo se noticiando que há recursos financeiros para tal, quando surgem, são paliativas. Essa realidade trágica e humilhante, de tempos idos, infelizmente, perdura nos dias de hoje.
Deste modo, não adianta festejar o fato de que já estamos na era digital; tampouco enchermos a boca para falar das conquistas do século XXI ou de vivermos, por aí, decantando a pós-modernidade com suas quinquilharias eletrônicas, quando alguns dos nossos semelhantes, e são muitos, continuam fazendo uso de privadas de fundo de quintal, para atender suas necessidades fisiológicas.
Rio Branco, ainda não se distancia muito dessa realidade. Aqui, onde a qualidade de vida das pessoas varia dramaticamente, pontificam, ainda, o analfabetismo, a subnutrição e as moradas impróprias, entre outras desigualdades sociais, sem que haja para essas pessoas quase nenhuma oportunidade ou perspectivas de mudança nos seus relacionamentos sociais.
Exemplo crasso é a situação do residencial Santo Afonso, que vive ou sobrevive, por mais de dez anos, em precárias condições quando o assunto é saneamento básico. Aqui, as ruas notadamente as transversais são intrafegáveis. No verão, caso atual, a poeira permeia os quadrantes das residências. No inverno, é lama da braba!
No passado, daqui deste espaço, fiz severas críticas ao Poder Público que “pavimentou” a “avenida” Francisco Ribeiro de Moraes com tal de “asfalto frio”. Trabalho malfeito, já que meteram “asfalto” numa rua sem meio-fio ou bueiros adequados, ou mesmo valas em que a água, notadamente das chuvas, pudessem escorrer sem comprometer a obra. Dinheiro, não se sabe de quem, foi jogado no lixo por quem de direito.
Entretanto, eis que neste verão, depois de mais de uma década de espera, medidas reparadoras, no campo do saneamento básico, chegam ao Santo Afonso. Mesmo sabendo que há muito mais carências por traz dessa realidade dura que os moradores dessa comunidade enfrentam, é fato que vamos deixar de fazer parte das comunidades ou municípios inseridos na triste estatística de famílias que não dispõem de água encanada, esgoto e coleta de lixo. Alias, é bom que se diga: a coleta de lixo aqui no Santo Afonso é eficaz. Quanto a isso, nada a reclamar.
A ação, tocada com competência e qualidade, faz ressuscitar no coração do morador do Santo Afonso a ideia de que a política e seus mais dignos representantes podem e devem tornar os sonhos dos munícipes em realidade. Ademais, contrariando estereótipos de que este tipo obra não dá voto, o que está sendo feito por aqui pode até render uns “votinhos” nas próximas eleições.
Assim, o nível de vida dos que aqui residem, embora vulnerável em termos de segurança, melhora consideravelmente com essa boa infra-estrutura de água encanada; esgotos e pavimentação. Ao que parece, agora vai!
*Pesquisador Bibliográfico em Humanidades.
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