O Arraial Cultural, pela primeira vez, foi sediado junto à Expoacre. Até o sábado, mais de 10 mil pessoas já haviam prestigiado o evento. Para a organização, a ideia foi um sucesso. Porém, para os vendedores e alguns visitantes do evento caipira, essa ideia dividiu opiniões.
A empreendedora Lúcia Andrade trabalha no ramo alimentício e foi uma das contempladas com uma barraca no Arraial Cultural na Expoacre. Ela conta que a meta era vender de R$ 1 mil a R$ 2 mil por noite. No entanto, a realidade é que esse valor não passa dos R$ 250.
“É a primeira vez. As pessoas ainda estão se acostumando. A gente entende. A cada dia as vendas foram melhorando. Não está como o esperado devido à crise econômica, que está muito grande. Ainda assim, continuamos na luta”, declara.
Diante das dificuldades que incluem o grande número de concorrentes, ela afirma que para ter sucesso é preciso ter um diferencial. No caso dela, essa ‘carta na manga’ é o acarajé, prato principal da barraca.
“Somos acostumados a trabalhar no arraial da Arena da Floresta e lá o povo vai mesmo. Aqui, as pessoas se dividem. Além disso, tem muita concorrência, são muitas barracas aqui e lá”.
Lúcia Andrade sentiu o bolso pesar com a experiência da junção de dois grandes eventos. Por tal motivo, ela sonha em voltar ao antigo local. “A preferência de todo mundo é que o Arraial Cultural volte a ser realizado na Arena da Floresta. Porque quem vem para a Expoacre dificilmente quer comer aqui, a não ser que essa pessoa esteja acompanhando as quadrilhas juninas”, desabafa.
Já a comerciante Maria Auricélia dos Anjos, que também vende comidas típicas no local, aprovou a novidade. Ela já havia participado de outros quatro arraiais na Arena da Floresta. Contudo, de todos eles, a edição inovadora realizada junto à Expoacre 2015 foi a melhor para ela.
Auricélia investiu em torno de R$ 2 mil ao todo. Mas, rapidamente, conseguiu recuperar este valor. Em média, a comerciante tira R$ 1 mil por noite.
“Para mim, esse arraial está melhor do que os anteriores. Eu queria que todo ano fosse assim. Antes, eu ficava sentada esperando o cliente, mas agora não dá tempo. O que falta, na verdade, é espaço e bastante mesa para melhor atender. Muito cliente vai embora, porque não tem cadeira. Trabalhar com seis jogos de mesa não é o bastante”, sugere.
Ela reconhece que outros colegas não estão tendo a mesma sorte. Ainda assim, diz que as vendas estão boas. “Se fosse lá na Arena e aqui seria ótimo. Muita gente não está gostando, inclusive quem mexe com bebida. Na minha área de alimentação, estou achando ótimo”, comemorou.
Quem passeia pelo local também tem opinião formada. A estudante Elayny Karolaine Silva afirma se tratar de dois grandes eventos que divergem.
“Não gostei nem um pouco. Arraial é um evento cultural que poderia ser feito em outro lugar. A Expoacre é outro evento totalmente diferente. Então, não faz sentido algum juntar os dois. Não há coerência. Acredito que a ideia bagunçou tudo. Tem gente que vem querendo assistir aos dois, mas não consegue nem um e nem outro, porque não dá tempo”, dispara.
Por outro lado, a jovem afirma que a decoração desta edição do Arraial Cultural ficou muito boa. Fã do evento caipira, ela apenas critica o local escolhido. “O melhor seria o arraial em um canto e a Expoacre no lugar de sempre”.
Já para o servidor público Sebastião Farias, o arraial deveria se manter na Expoacre pelas próximas edições. “Eu gostei muito. As pessoas aqui no Acre gostam de arraial e colocá-lo aqui dentro da Expoacre foi algo interessante que eu não tinha visto nos últimos anos. Acho que valeu a pena. Os stands, a ornamentação, enfim, o local está bem agradável”, elogia.
Presidente da FEM garante o retorno do evento ao antigo local
O Arraial Cultural é realizado pelo Governo do Estado, por meio da Fundação Elias Mansour (FEM), com o apoio da Prefeitura de Rio Branco e da Liga de Quadrilhas Juninas do Acre (Liquajac).
Segundo a presidente da (FEM), Karla Martins, o interesse da instituição é devolver o Arraial Cultural para o espaço do estacionamento da Arena da Floresta no próximo ano.
“Este foi um ano atípico. Por este motivo, fizemos o arraial junto à Expoacre. Já estamos buscando financiamento externo e apoio para que o evento volte a ser como antes e no mesmo lugar”, revela.
Apesar do espaço reduzido e das opiniões divergentes, Karla Martins avalia o arraial como positivo. “Em um ano de tantos problemas, essa foi uma vitória. Não teria o evento, mas resistimos. Todos os artistas e demais trabalhos foram mantidos. Estamos felizes com o resultado”, finaliza.