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Período seco associado com a fu queimadas causa doenças respira

Crianças e idosos são as principais vítimas da fumaça causada pelas intensas queimadas neste período do ano; imunidade pode ficar baixa. (FOTO: ODAIR LEAL/AGAZETA)

Baixa umidade relativa do ar associada à fumaça das queimadas são uma combinação perigosa para a saúde das pessoas em Rio Branco nesta época do ano. O tempo seco contribui para que as doenças respiratórias aumentem. Essa é a época do ano com maior registro de doenças respiratórias, como gripes, bronquiolites, laringite, asma e pneumonias, principalmente em idosos, crianças e gestantes, aponta o gerente de assistência em saúde, Antônio Gilson Pereira.

Segundo ele, existem várias ações que a população pode fazer para diminuir a possibilidade dessas doenças, como por exemplo, deixar as janelas abertas para ventilar a casa, passar pano úmido nos móveis e nos pisos, além de deixar uma bacia com água ou uma toalha úmida no quarto no período da noite, limpar a hélice do ventilador e tomar cuidado com a higiene do ar condicionado.

“É sempre recomendável uma hidratação mais adequada. Focar em cima dessa hidratação para não deixar a mucosa ficar ressecada e tomar bastante líquido. Ter uma nutrição diversificada, rica em vegetais, frutas e alimentos que contenham vitaminas que são fundamentais para o correto funcionamento do sistema imunológico”, explicou o Dr. Antônio Gilson.

O médico também deu dicas de como evitar casos mais graves dessas infecções. “Lavar e higienizar com frequência as mãos, se hidratar. A suplementação vitamínica, em alguns casos, também pode ser necessária, além do cuidado com algumas doenças crônicas. Muitos adultos são portadores de doenças crônicas como sinusites, asmas, bronquites. Se tem doença crônica, procure seu médico, faça o tratamento específico porque nesse período a tendência é termos um agravamento dos sintomas dessas enfermidades”.

Outro fator que o médico ressalta é a importância da hidratação adequada. “O nosso sistema imunológico depende de água para o correto funcionamento”, afirma. A alimentação adequada também  é fundamental, aponta Dr. Antônio Gilson. “É preciso ingerir alimentos adequados, ricos em vitaminas e sais minerais, como frutas e verduras. A ingestão de sucos é muito importante”.

Além das doenças respiratórias, casos de diarreia também se tornam frequentes nessa época do ano, tanto em crianças quanto em adultos, aponta o médico.

A demora em procurar atendimento, pode fazer com que a diarreia se torne preocupante. “Principalmente nas diarreias em crianças e idosos, quando começam a haver sinais de complicações, como a desidratação”, relata o médico.

Os cuidados com a higiene são essenciais para ajudar a prevenir a diarreia. “São hábitos de saneamento simples. Água filtrada e fervida, e, principalmente, a lavagem das mãos. Elas são um veículo de contaminação muito grave e a lavagem de forma correta, diária e após o contato com outras pessoas pode evitar várias doenças”, observa Dr. Antônio.

Cuidado com a exposição ao sol

Beber bastante água e evitar exposição ao sol sem proteção são cuidados essenciais. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

As pessoas devem evitar ficar expostas ao sol, após as nove da manhã e antes das quatro da tarde. Nesse período, são comuns as doenças de pele. “As doenças de pele mais frequentes são melasma, queratose, melanose solar, elastose solar, fitofotodermatoses, queimaduras solares, envelhecimento precoce e câncer de pele”, alerta a Sociedade Brasileira da Dermatologista.

Por isso, para evitar essas doenças é preciso prevenir-se. “A dica para quem exagerou no sol é muita hidratação, compressas frias com água ou camomila, loções calmantes à base de aloe vera, aveia, cânfora ou mentol, além da água termal”, recomenda a Sociedade.

Segundo ela, o sol forte exige cuidados simples como usar diariamente protetor solar, de no mínimo fator 30, com reposição a cada duas horas.

Beber muita água é a recomendação que vale para todo mundo: crianças, adultos e idosos. “O ideal é que se tome água, que a água seja ingerida antes de ter sede. De hora em hora, tomar pelo menos 100ml, 200ml, e completar nesse calor um volume de três litros por dia”, indicou o  gerente de assistência em saúde.

Pessoas relatam o mal causado pela fumaça e pelas fuligens

Coordenadora de ensino diz que professores sofrem mais. (Foto: Cedida)


MARCELA JANSEN

O mês de agosto mal começou e os acreanos já sofrem em decorrência das queimadas. Embora sejam proibidas em todo o Estado, diariamente são identificados diversos focos e o reflexo já pode ser visto nas unidades de saúde. O calor, tempo seco somado à fumaça e fuligens acaba afetando a todos, especialmente às crianças e idosos, que sofrem, principalmente, com problemas respiratórios.

“Fui para o hospital, não aguentava mais tossir. Tem muita fumaça pela cidade. É queimada de dia e noite. A fumaça e as fuligens veem para dentro da casa da gente e nos fazem passar mal. Para mim, essa é uma das piores épocas do ano”, disse a aposentada Carmelita Bezerra que procurou a unidade de Saúde, pois estava com dificuldade para respirar. Ele ressaltou ainda que seu neto de seis anos de idade também apresentava os mesmos sintomas que ela.

“Tenho um netinho de seis anos que está passando mal que nem eu. Muita tosse e percebemos também certa dificuldade de respirar. Se é proibido fazer queimada, porque isso está tão intenso? Alguém precisa fazer alguma coisa”, frisou a aposentada.

A coordenadora de ensino médio da secretária estadual de Educação, Nayra Colombo, destaca que, para os educadores, esta é uma das piores épocas do ano, uma vez que muitos profissionais sofrem em decorrência do excesso de fumaça e fuligens que vão se espalhando pela cidade.

“Costumo dizer que morar na Amazônia é terrível para quem tem problemas alérgicos. No inverno, uma umidade tremenda, no verão, da mesma forma. As duas coisas são péssimas e, somada às queimadas, o resultado não é nada satisfatório, especialmente aos professores, que acabam tendo problemas sérios de saúde nesta época do ano”.

Nayra lembra que na época em que lecionava, chegava a ficar sem voz nas salas de aula. “Um dos motivos que me levou a deixar de lecionar foram os problemas de saúde. Por diversas vezes tive que interromper a aula. Já que minha voz era muito utilizada, a respiração chegava a faltar, especialmente nessa época. Queimada é um dos piores inimigos dos professores”, disse.

Ela destaca que as campanhas educativas são de extrema relevância. “Admira-me as pessoas dentro da cidade ainda terem a cultura de queimar. Ainda existem muitas pessoas sem informações, principalmente sobre os prejuízos que uma queimada pode acarretar à saúde. Talvez, para as pessoas que sofrem as consequências esteja mais óbvio o porquê não se pode queimar. Eu sempre confio na educação, portanto, sou a favor que as campanhas educativas sejam realizadas e também intensificadas”, disse Nayra ao relatar ainda que sua filha de quatro anos também sofre com a fumaça e fuligem que adentra sua residência.

“A Valentina sofre muito também nesse período. Essa semana eu percebi que ela estava com certa dificuldade em respirar. Eu e meu esposo tentamos de todas as formas amenizar as consequências desse tempo. São apenas paliativos, pois, ela sofre muito com a fumaça”.

Nayra ressalta que o ideal é que a orientação quanto ao assunto seja feita desde a infância. “Temos o costume de achar que as crianças não entendem os assuntos sérios. A minha entende tudo. Portanto, acredito que seja de muita valia orientar os filhos quanto a essa questão. Explicar as consequências que uma queimada acarreta à saúde das pessoas, ao meio ambiente. A melhor campanha é a do corpo a corpo e sem olhar a idade. A conversa deve ser feito com o adulto, idoso e também com as crianças”, finalizou.

Presidente do Imac afirma que a fiscalização foi intensificada

Pedro Longo fala sobre as penalidade a quem faz queimadas. (Foto: brenna Amâncio/ A GAZETA)


BRENNA AMÂNCIO

O desmatamento desenfreado é crime, e o Imac está de olho nos autores desta prática. Nesse período, o órgão dedica maior atenção à verificação de atividades predatórias, ou seja, prejudiciais ao meio ambiente e à saúde da própria população.

O presidente do Imac explica que o órgão exerce o comando de controle, além de poder licenciar, sim ou não, uma atividade. Ele esclarece que o proprietário de uma terra tem o direito a utilizar até 20% da sua área para fins de conversão para pasto e produção agrícola. Os outros 80% devem ser preservados. Para utilizar esses 20%, é preciso se dirigir ao órgão ambiental, neste caso o Imac, e pedir a licença. Deve também apresentar um projeto com significado mais complexo, de acordo com a dimensão da sua área. Posteriormente, este processo será verificado para saber se aquela não é uma área de preservação permanente, perto de igarapé e se não há necessidade de algum ajuste no projeto.

“As demais atividades, que chamamos de agricultura familiar, têm direito, por exemplo, a até três hectares por ano em conversão. Porém, da mesma forma, isso só é possível mediante a uma prévia autorização do núcleo do Imac em cada um dos municípios”, destaca.

A penalidade são multas e a pessoa ainda pode responder por um processo criminal. Isso será decidido pelo Ministério Público do Estado, de acordo com as informações repassados pelo Imac.

Para fiscalizar, o Imac utiliza de imagens via satélites, além de contar com parceiros como o Pelotão Ambiental e o Ibama. “A fiscalização já é feita rotineiramente. Mas, este ano, resolvemos estabelecer um foco maior. Foi formada uma força-tarefa, que envolve os órgãos do Estado e federais com o objetivo de combater o desmatamento ilegal e as queimadas”.

A fiscalização do Imac já cobre todos os municípios do Acre. Foram identificados vários indícios de atividades ilegais, principalmente em Manoel Urbano e Sena Madureira. Nestas regiões, foi constatado maior número de áreas abertas em situação ilegal. Segundo Pedro Longo, as propriedades já foram embargadas, ou seja, o local não poderá comercializar o gado, por exemplo. Esse proprietário terá que, posteriormente, se dirigir ao Imac e aderir ao programa de regularização ambiental.

“Foram feitas mais de 200 atividades de campo. Foram apreendidos maquinários utilizados em práticas ilegais, como tratores e motosserras”.

O trabalho do Imac está ligado às secretarias que trabalham no ramo da produção: a Seaprof, Secretaria de Agricultura, a Emater. Estes órgãos disponibilizam tratores e outros maquinários para que, ao invés da queima, seja feita de outra forma o roçado. A pessoa vai ter o mesmo benefício, mas não vai gerar o foco de calor, a fuligem e o risco de perder o controle.

“Entendemos perfeitamente que as pessoas têm que ter sua renda. Mas existem meios alternativos. Hoje, nós temos orientado para que não haja nenhum tipo de queimada. Os grandes proprietários vão reconhecer que, atualmente, já não se utiliza mais de queimadas. Na agricultura familiar ainda existe aquilo que chamamos de queima controlada. Mas já existem formas alternativas ao fogo, como a mecanização”.

De acordo com Pedro Longo, o Acre tem conseguido reduzir, de 2004 até agora, em quase 60% o índice de desmatamento. “Queremos chegar até 80% em relação a 2004. Estamos otimistas com o trabalho realizado”.

O Imac possui núcleos em Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó, Sena Madureira, Brasileia e Rio Branco.

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