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Rio Branco já registra o dobro de ocorrências de queimadas neste ano

Capitão Falcão afirma que o número de queimadas irá continuar a subir até setembro. (FOTO: BRENNA AMÂNCIO)

Nos últimos dias, a sensação térmica para muitos pode ter chegado a 50ºC no Acre. As ondas de calor são ainda mais intensificadas com as queimadas, que aumentam nesta época do ano. A fumaça é outro agravante. Nas casas, o chão da varanda é tomado por fuligens. Crianças e idosos são as principais vítimas dessa situação.

O Corpo de Bombeiros realiza um trabalho de combate às queimadas e à emissão de gases. O órgão também aposta na prevenção quando elabora, junto aos trabalhadores rurais e às prefeituras de cada município, as brigadas de incêndio para que as pessoas possam ajudar no combate.

Com o final do período chuvoso no Estado, logo no mês de junho já se registra um aumento significativo nas atividades de queimadas.

De janeiro até agosto de 2015 foram registrados 598 ocorrências nesse período em Rio Branco e municípios adjacentes (Bujari, Porto Acre, Quinari, Capixaba e Plácido de Castro). Esses dados não englobam o Alto Acre, nem a região do Envira e Juruá. No total, 90% desse número são referentes à Capital.

“Já começamos a sentir um aumento a partir do dia 15 de junho. A tendência é o número de queimadas subir ainda mais até setembro”, afirma o assessor de imprensa do Corpo de Bombeiros do Acre e chefe de gabinete, capitão Cláudio Falcão.

As ocorrências de queimadas atendidas em 2015 representam apenas 5,2% do trabalho realizado pelo Corpo de Bombeiros. Ainda assim, o efetivo da corporação foi reforçado neste período. “Colocamos guarnições extras para fazer o combate. Além dos 50 homens que já atuam nessa área no restante do ano, outros 150 do Corpo de Bombeiros estão disponíveis para o combate às queimadas”, destacou o capitão.

Rio Branco é dividida em cinco regionais. A 1ª Regional é a única que não tem grandes queimadas, pois é a parte central da cidade. A 2ª, a 4ª e a 5ª Regional são as campeãs em ocorrências. A 2ª Regional engloba todo Segundo Distrito.

De acordo com o capitão Falcão, as ocorrências atendidas neste ano já ultrapassam as de 2014. Estes números são os registrados no Ciosp. Mas, acontece também de muitas queimadas não chegarem ao conhecimento do Corpo de Bombeiros. As próprias pessoas tentam conter o fogo e não pedem a ajuda do órgão.

Para o capitão, este aumento de ocorrências se justifica pelo crescimento da Capital. “Em 2014, não tínhamos, por exemplo, a Cidade do Povo. Alguns bairros que foram surgindo ao longo desse período fazem com que aumente o número de ocorrências”.

Além disso, a ‘cultura do fogo’, como denomina o capitão, também contribui para tantos registros de incêndios ambientais. “O cidadão fica com as terras dele durante todo o ano no matagal. Quando chega nessa época, que fica totalmente seco o ambiente, ele quer fazer a limpeza do espaço com o menor custo. Isso é um grande prejuízo para a sociedade que vai inspirar essa fumaça, inclusive a família dele”.

Fumaça sentida nos últimos dias não é originada apenas do Acre
A fumaça é outro vilão que está por toda a parte nessa época do ano. As fuligens que caem no quintal dos moradores é só uma marca de que é preciso conter esta prática ilegal.

Segundo o capitão, há um acúmulo de fumaça produzido no Acre somado à fumaça que vem da Bolívia e estados vizinhos, como Rondônia e Mato Grosso. Uma massa de ar traz esta fumaça.

“A quantidade de fumaça que temos atualmente aqui na nossa região não podemos dizer que é produzida só em outros países e estados, mas também não podemos dizer que é feita só aqui no Acre. É a soma de tudo isso”, declara.

Falcão também destaca que é muito frequente pessoas começarem uma pequena queimada no quintal. Esse erro pode levá-las a perderem o controle. “Ela não tem dimensão do que é o calor e a dificuldade que é controlar o fogo. Muitas pessoas ateiam fogo por vandalismo, só para ver a atuação do bombeiro, para ver o circo pegando fogo. Mas essa questão é pequena diante de quem faz consciente da sua ação”.

Um dado preocupa o Corpo de Bombeiros. De acordo com o capitão Falcão, se essas atividades ilegais continuarem a serem praticadas nesse ritmo, nos próximos dias, a cidade pode ser tomada por mais fumaça. “Até setembro, o número de ocorrências pode passar de 1.200 em Rio Branco”.

O Corpo de Bombeiros ainda não possui batalhões em todos os municípios, reconhece Falcão. Atualmente, Rio Branco possui três batalhões. Epitaciolândia, Tarauacá, Sena Madureira e Cruzeiro do Sul possuem um em cada. Já o município de Xapuri dispõe de um posto avançado.

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