Uma história de superação. Com um filho portador de paralisia cerebral, a chefe de gabinete Cris Duarte encontrou em meio à dor uma alternativa para não chorar: amar incondicionalmente o filho Ruy Aldo Duarte, o “Ruyzinho”.
Cris conta que foi um choque quando recebeu o diagnóstico do filho. Para ela, naquele momento, havia dois caminhos a seguir: ficar chorando pelo filho que não teve ou tentar fazer o filho feliz na medida do possível. “Eu fiz a segunda opção e pensei: vou deixar pra chorar mais tarde. Mas, agora, eu não posso chorar, eu tenho que correr atrás. Depois de uns anos, eu vi que eu não precisava chorar, porque ele é só alegria na minha vida”, falou emocionada.
Hoje, Ruyzinho está com 25 anos de idade, mas com uma mentalidade de aproximadamente 8 anos. É totalmente dependente. Não fala, não anda, possui baixa visão, mas, segundo a mãe, “ele é um adulto feliz, extremamente vaidoso”, disse.
Entre 3 e 4 anos de idade, Cris e o filho saíram do Acre em busca de tratamento. Foram 15 anos morando em Brasília. A chefe de gabinete começou a perceber durante a adolescência de Ruyzinho carência paterna, pois o pai continuava morando no Acre, e fazia apenas visitas durante férias, feriados e etc. “Optamos por eu voltar e parar de buscar mais esses tratamentos e ter mais uma qualidade de vida familiar, que era o que ele estava sentindo falta naquele momento”, explicou.
A mãe lembra que depois da volta ao Acre, Ruyzinho passou a ter uma qualidade de vida familiar melhor, devido à presença constante do pai. “Aqui eu procurei uma atividade que desse prazer para ele. Hoje, ele estuda na Associação de Pais e Amigos Excepcionais (Apae), que é uma entidade que eu só tenho a agradecer, com pessoas altamente preparadas”, relatou Cris.
Há dois anos, a família de Cris passou por uma grande perda. O advogado Ruy Duar-te, pai de Ruyzinho, faleceu. Foi uma grande perda e sofrimento para toda a família, inclusive para o filho, que era extremamente apegado ao patriarca. “Foi um baque muito grande na vida dele. Toda as atividades da Apae e dinâmica que eles têm ajudou muito na melhora da auto estima dele”, lembrou a chefe de gabinete.
Durante esses 25 anos, Cris sempre lutou para garantir uma qualidade de vida melhor para Ruyzinho. Durante a infância dele, ela inventou e criou diversos artifícios para estimular a visão e outros sentidos do filho. Hoje, a mãe define a vida do filho como felicidade. “Meu objetivo de mãe era que ele fosse um adulto feliz. E ele é um adulto feliz!”, afirmou com emoção.
O blog
A mãe de Ruyzinho criou há dois dias um blog para compartilhar as experiências da infância e do dia-a-dia do filho. A ideia surgiu em uma conversa com uma amiga, enquanto mostrava os trabalhos manuais que fez durante a infância de Ruy, utilizados para estimular os sentidos dele. Além de compartilhar, Cris pretende fazer uma troca de experiência com outras mães. “Eu tento aprender como também poder passar. Tem coisas que eu não passei com ele e que outras mães passaram”, comentou.
O blog será uma ferramenta que auxiliará todas as mães, assim como Cris, que têm filhos portadores de paralisia cerebral e outras deficiências. Os interessados podem acessar o link: www.sabedoriaespecial.blogspot.com.br.
“Eu quero mostrar para essas mães, que elas têm um anjo dentro de casa. Muitas encaram como um fardo e, na realidade, eles não são um fardo, eles é que te levam. É fácil pegar e colocar numa cadeira de rodas e tirar, mas eles te dão um amor incondicional. Qualquer pessoa pode tirar e colocar numa cadeira, mas o amor incondicional só as pessoas especiais podem te dar. É isso que eu quero passar para as mães”, expôs a chefe de gabinete.
Na página online, Cris se descreve: Sou mãe do Ruy AldLocatelli Duarte, uma criança/homem de 25 anos, portador de paralisia cerebral, portador de muito amor, portador de uma sabedoria que só os iluminados possuem. Fez eu mudar meus sonhos, buscar outros desafios e conquistar um mundo desconhecido. Ele me ensinou que para amá-lo eu deveria me amar mais.
O que é paralisia cerebral?
Também conhecida como encefalopatia crônica não progressiva, a paralisia cerebral, refere-se a várias condições de saúde não completamente curáveis que atinem uma ou mais regiões cerebrais, além dos movimentos corporais e o complexo muscular, ocasionadas pela carência de oxigênio das células do cérebro.
Normalmente as lesões são provocadas ao longo da gravidez, durante trabalhos de parto ou logo após sua conclusão. Além disso, esses problemas podem surgir ainda na infância. Embora irreversível, os danos causados à musculatura podem ser parcialmente eliminados com terapias apropriadas.