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Transformando acidentes em tragédias

Apesar das condições das estradas, PRF aponta redução de acidentes no Acre 

Alguns cuidados devem ser tomados antes de pegar a estrada para evitar acidentes, alerta a PRF/AC. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

BRUNA LOPES

Imprudência é o que mais provoca acidentes nas rodovias que cortam o Estado do Acre, aponta o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Nélis Newton. Em 2015, o órgão já registrou 135 acidentes sem vítimas, 200 com feridos e 13 com vítimas fatais. As estatísticas apontam que 13 pessoas perderam suas vidas nas estradas acreanas, este ano.

Em contrapartida, desde março, percebe-se um aumento no número de registro de ocorrências. A justificativa é a instalação de postos fixo em Sena Madureira e em Xapuri.

Segundo Newton, quando elas não existiam, muitas ocorrências deixavam de ser registradas devido à distância que a equipe tinha que enfrentar até o local da ocorrência. “Por isso que nos últimos meses percebemos um aumento no registro. Mas, o número de acidentes com mortes tem tido uma queda acentuada no Acre, considerando a frota. Essa redução é uma realidade que vem sendo consolidada no país inteiro”, confirmou o inspetor.

Nelis aponta que a redução dos acidentes é resultado das fiscalizações rotineiras realizadas pela PRF nas duas rodovias que cortam o Acre. São elas a BR-364 e 317. “Diariamente são feitas blitzen em pontos estratégicos. A maioria dos acidentes ocorre no início da manhã e no fim da tarde, principalmente, nos trechos urbanos que a rodovia atravessa”, explicou o inspetor.

Além disso, a PRF tem realizado palestras em escolas e empresas com o objetivo de conscientizar os motoristas sobre os perigos nas estradas e as formas de viajar com mais segurança. “Apenas este ano, já atingimos mais de 5,8 mil pes-soas com essa ação. Porque entendemos que a conscientização deve chegar ao pedestre e ao ciclista também”, confirmou Nelis.

Independente das condições que a estrada esteja, Nelis Newton afirma que também é de responsabilidade do condutor alguns cuidados básicos antes de fazer qualquer viagem. “A falta de manutenção no veículo pode ser fatal quando se pretende viajar por um longo percurso. A má conservação do automóvel aliada ao excesso de passageiros ou bagagens associado às condições da estrada podem resultar em acidentes”.

Dados da própria PRF apontam que, entre os fatores causadores dos acidentes mais graves nas rodovias federais, estão as ultrapassagens proibidas. Desde novembro de 2014, as multas para esse tipo de infração estão mais caras (passaram de R$ 127,69 para R$ 957,70).

Após apagão, PRF/AC fica sem internet e sistema interno
Os dados de arquivo do servidor interno da Polícia Rodoviária Federal (PRF/AC) estão sem funcionar desde o apagão que atingiu o Acre no último dia 18. De acordo com o inspetor da PRF-AC, Nelis Newton, não é possível acessar nada dos arquivos e os servidores estão tendo dificuldades para realizar algumas demandas.

“O arquivo interno é utilizado para fazer ofícios, memorandos, tudo fica nesse servidor. Como está queimado, não conseguimos acessar esse servidor e não tem como ver qual foi o último ofício ou memorando e fica tudo parado. Conseguimos copiar alguns arquivos, que tem mais urgência, mas mesmo assim está complicado. Estamos correndo atrás para resolver essa situação, porque está todo mundo com o trabalho prejudicado”, diz Newton.

Em função da falha técnica, a equipe de reportagem não teve acesso a estatísticas referente a anos anteriores para fazer um comparativo com os dados atuais, fornecidos pelo inspetor da PRF.

NÚMEROS
Em 2015, o órgão já registrou 135 acidentes sem vítimas, 200 com feridos e 13 com vítimas fatais. As estatísticas apontam que 14 pessoas perderam suas vidas nas estradas acreanas.

Situação das estradas
Nelis Newton aponta que os trechos com maiores problemas de irregularidade são na BR-364, após o município de Sena Madureira e em um trecho da BR-317 após Xapuri. “Nesses trechos, o condutor deve estar com a atenção redobrada e respeitar os limites de velocidade, principalmente, se não conhecer o trecho”, orienta o inspetor da PRF.

Outras recomendações importantes:
1 – Planeje suas viagens: conheça as distâncias, os pontos de parada, se informe sobre os postos de combustíveis e restaurantes à beira da estrada.

2 – Viaje descansado. Não se aventure numa rodovia após um dia de trabalho desgastante.

3 – Pare a cada 2 horas de viagem. O motorista que se expõe a muitas horas no volante, está sujeito ao fenômeno da “hipnose rodoviária”. Ela vem acompanhada de sonolência, perda de reflexos e de força motora.

4 – Aquelas pessoas que não estão familiarizadas e acostumadas a conduzir em rodovias, solicitamos que evitem ao máximo circular nos horários de maior movimento e à noite.

5 – Verifique a documentação pessoal e do veículo antes de sair de viagem.

6 – Evite circular à noite, principalmente se não conhecer a rodovia: além da diminuição de visibilidade, o socorro mecânico é mais demorado e as oportunidades para ações criminosas são maiores. Embora o número de acidentes seja menor à noite, a gravidade deles é bem maior (o número de mortos e feridos é o dobro do período diurno).

7 – Respeite os limites de velocidade. O excesso de velocidade é o principal fator contribuinte para acidentes, bem como, é a variável que mais faz aumentar a gravidade das lesões e mortes no trânsito.

8 – Fique atento às condições de ultrapassagem. Na dúvida, não ultrapasse e só o faça nos trechos permitidos. As maiores tragédias das rodovias são decorrentes de ultrapassagens malsucedidas. Menos de 3% dos acidentes são decorrentes desta manobra, porém, mais de um terço das mortes são decorrentes desta atitude.

9 – Mantenha uma distância segura do veículo que vai à sua frente. Caso esteja na frente de algum caminhão, jamais freie bruscamente, pois ele não consegue parar tão rapidamente quanto os veículos menores.

10 – Sob chuva, o risco aumenta, o contato entre os pneus do veículo e a pista diminui, a visibilidade do motorista é reduzida, é necessário mais espaço para parar o carro, por isto, manter uma distância maior do veículo que vai a sua frente é fundamental, além da cautela ser redobrada.

11 – Todos os ocupantes do veículo devem usar o cinto de segurança e as crianças devem estar em assentos especiais (cadeirinhas e assentos de elevação).

12 – Jamais dirija após ingerir bebida alcoólica e nem aceite carona de condutor alcoolizado. Sua viagem pode acabar na prisão ou cemitério.

13 – Não se envolva em atrito ou aceite provocações de outros usuários.

14 – Se você é motociclista, saiba que conduz o tipo de veículo mais propenso a ter mortes e feridos entre os seus ocupantes, portanto, dirija com cautela redobrada.

Denuncie abusos e irregularidades pelo telefone 191 (telefone de emergência da PRF).

Jovem perde dois amigos na estrada e faz apelo por mais prudência

Jéssica Jerônimo estava em um carro com duas amigas quando a tragédia aconteceu. (Foto: Bel Caetano)

BRENNA AMÂNCIO

“A gente pensa que só quem anda na frente tem que usar o cinto, mas quem anda atrás também precisa. Talvez se a Jéssica estivesse de cinto, isso não teria acontecido”, aponta a auxiliar administrativa Gabriella Del Corso, ao se lembrar da morte prematura da amiga na BR-317, no final do ano passado.

No dia 22 de novembro de 2014, três amigas saíam de Rio Branco com destino a Xapuri em uma caminhonete. Segundo testemunhas, elas teriam passado a noite em uma festa e resolveram emendar com a viagem.

O que era para ser algo divertido acabou em tragédia quando, por volta das 11h daquele dia, o veículo em que elas trafegavam saiu da pista no Km 233 e caiu em uma ribanceira de aproximadamente 18 metros, na BR-317.

As jovens Jayne Oliveira dos Santos e Stephane Silvia Santos ficaram feridas e foram encaminhas ao Pronto Socorro de Rio Branco na época. Já Jéssica Jerônimo, 24 anos, que estava no banco de trás sem o cinto de segurança, morreu no local.

Na época, a irmã de uma das sobreviventes, Georgete Oliveira dos Santos, disse em entrevista a um site de notícias local que o cinto de segurança tinha protegido as duas jovens que estavam no banco da frente. “Acho que minha irmã dormiu ao volante e caiu no abismo, mas não sei direito o que aconteceu”, disse na época.

Hoje, 10 meses após a tragédia que matou Jéssica Jerônimo, a amiga Gabriella Del Corso ainda se sente confusa sobre o ocorrido.

Segundo ela, Jéssica amava muito a filha de dois anos, que não estava no carro durante o acidente, e que tinha muitos planos para o futuro. “O sonho dela era cuidar da filha dela, terminar os estudos, viajar, ter uma boa vida”.

Nesta terça-feira, dia 29, a filha de Jéssica completa 3 anos de idade. Será o primeiro aniversário da criança sem a presença da mãe. “Sinto falta das conversas. Ela me dava muitos conselhos sobre maternidade, pois ela era uma super mãe”, recorda Gabriella ainda abalada.

No domingo passado, dia 20, Gabriella Del Corso perdeu outro amigo na direção. O acreano José Neto voltava de Fortaleza do Abunã/RO quando o acidente aconteceu. O jovem dirigia o carro e perdeu o controle em um ramal na BR-364    . Ele, a esposa e mais um casal de amigos estavam no veículo quando houve o capotamento.

De acordo com informações da família, José Neto era o único que estava sem o cinto de segurança. Ele morreu no local.

Após perder dois amigos de forma semelhante, Ga-briela confessa que tem medo de andar nas estradas. “A gente pensa sempre que tem filho pra criar. Saímos nas estradas e não sabemos se vamos voltar”, desabafa.

A jovem deixa uma mensagem às pessoas. Para ela, direção é coisa séria e precisa ser tratada com responsabilidade. “Não podemos esperar que aconteça com a gente para depois fazer alguma coisa. Meu conselho é sempre usar o cinto de segurança. Temos que agir com prudência”, finaliza.

Taxistas relatam o perigo das estradas acreanas

“A gente se sente em risco”, afirma Dino, que trabalha como taxista há 21 anos. (Foto: Brenna Amancio/ A GAZETA)

BRENNA AMÂNCIO

A estrada. Um lugar que serve apenas de passagem para a maioria das pessoas é também o local de trabalho de outras, como os taxistas. Esses profissionais enfrentam os desafios de uma estrutura deficiente todos os dias ao transportar passageiros pelas estradas acreanas.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Taxistas de Epitaciolândia, Altemir Castelo Barroso, mais conhecido como ‘Dino’, a BR-317 está destruída do Km 32 até o município.

Ele trabalha no ramo há 21 anos e há 19 leva e traz passageiros no trecho Rio Branco/Epitaciolândia. O taxista destaca as péssimas condições da estrada que colocam a vida de muitas pessoas, inclusive a dele, em ‘jogo’.  “A situação é de calamidade. A gente se sente em risco”, aponta.

Dino afirma nunca ter sofrido um acidente enquanto taxista, mas lembra de já ter sentido a morte perto várias vezes. “Tem caminhão que desvia o buraco e finda passando para a pista contrária, além das ultrapassagens arriscadas de outros condutores”, destaca.

Atualmente, 52 taxistas percorrem o trecho Rio Branco/Epitaciolândia. Para garantir a segurança dele e dos passageiros, Dino explica o que faz. “Você tem que dirigir com prudência, não pensando só em si, mas em todos que estão na BR. Nas estradas têm muitos pedestres e animais”.

Gastos com manutenção de veículos chegam a R$ 400 mensais

O taxista Luiz culpa as péssimas condições das estradas. (Foto: Brenna Amancio/ A GAZETA)

Além do risco de acidentes, os taxistas, visitantes assíduos das estradas, têm grandes despesas com a manutenção dos carros. Segundo o presidente do Sindicato dos Taxistas de Brasileia, Luiz Carlos Lima, 47 anos, o gasto mensal dele com a suspensão do veículo chega a ser de R$ 400.

“Isso tudo é só para reparar as consequências dos buracos. É um custo muito alto que está aliado à má condição da estrada. Nós temos hoje um alto custo operacional. Nesse trecho que nós trabalhamos de Rio Branco/Brasileia, é normal a manutenção preventiva em todo o táxi”.

Além disso, ele afirma que a viagem até o interior do Acre tem se tornado extremamente desconfortável aos passageiros. “Quando você viaja em uma estrada bem condicionada, você está livre de solavancos, de pancadas, entre outros. Contudo, em um local com muitos buracos, o ziguezague é inevitável. Com isso, vem a ânsia de vômito”, afirma.

São muitos os perigos para quem tira o sustento da estrada. Há 23 dias, Luiz encontrou um cachorro de grande porte no caminho. Não teve tempo de frear e acabou batendo no animal. O resultado foi um pára-choque destruído e um grande susto. “Esse é o cotidiano da gente que está na estrada, onde tem muitos animais. O risco que corremos é todo o dia”.

Luiz garante que nos últimos seis anos não houve nenhum acidente envolvendo táxis nas estradas de Brasileia e Epitaciolândia. Isso se deve ao conhecimento e ao alto grau de profissionalismo, garante o sindicalista. “Somos conhecedores das estradas. Já sabemos onde está cada buraco. No entanto, aquele motorista que não tem essa experiência está sujeito ao erro. Em 2014, se eu não me engano, foram registrados cerca de 60 a 70 acidentes, até mesmo com vítimas, de pessoas que não tinham experiência com a estrada, ou por terem aliado direção e bebida”, aponta.

Com o problema da infraestrutura de parte da BR-317, uma viagem feita pelos taxistas que durava em torno de 2h30 de Rio Branco até Brasileia. Agora chega a demorar 3h30.

Com 9 anos de profissão, Luiz Carlos diz que o perigo é iminente nessa profissão. “Todos nós que pegamos a estrada pela parte da manhã saímos temerosos. Particularmente, eu creio que cada colega sai naquela dúvida se volta”.

Pesquisa aponta excesso de velocidade como principal causa de acidentes com vítimas fatais

Cerca de 15% das pessoas paradas por blitz são autuadas por embriaguez, aponta o diretor. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)


BRUNA MELLO

No último final de semana, um acidente na BR-364, no ramal de acesso à Fortaleza do Abunã, resultou em um jovem de 27 anos morto e três pessoas feridas. O carro que as quatro pessoas estavam teria perdido o controle e capotado. Esta última fatalidade levantou questionamentos a respeito dos principais motivos de acidentes com vítimas fatais acreanas.

Um estudo realizado pelo projeto “Vida no Trânsito” mostrou as principais causas de acidentes com vítimas fatais, em Rio Branco, no ano passado. O primeiro fator de risco apostado foi a velocidade, seguido da embriaguez ao volante, infraestrutura do veículo e, por último, a visibilidade. Com relação à conduta do motorista, os motivos foram: 1 – falta de atenção; 2 – mudança de pista sem prévia sinalização; 3 – transitar em local impróprio; 4 – não dar preferência a pedestre na faixa destinada a este; 5 – Não observar a distância mínima de segurança.

Segundo o último levantamento feito pelo Departamento de Trânsito do Acre (Detran/AC), o número de acidentes de trânsito com vítimas fatais no Estado reduziu 4,94%, se comparado ao mesmo período de 2014 (janeiro a junho). Na Capital, a redução foi de mais de 11%. Já os acidentes sem vítimas fatais reduziram 14,37% e 3,48% no estado e município respectivamente. No total, o número de acidentes de trânsito reduziu 20% no Estado e 10% na Capital.

Hoje a frota de veículos do Acre é de aproximadamente 234 mil veículos. De acordo com o diretor-geral do Detran, Gemil Júnior, a cada 10 motoristas, 7 estão sem o cinto de segurança. Para ele, a imprudência e falta de conscientização dos motoristas influencia diretamente no índice de acidentes. Júnior lembra que é comum ver crianças no banco da frente, em pé e sem cinto de segurança. “Uma colisão a 60 km/h só precisa ter uma mochila no banco traseiro de oito quilos, que ela vai ter um impacto de mais de cem quilos no banco dianteiro”, exemplificou o diretor.

Falta de atenção ao volante, utilizar celular ou fone de ouvido, embriaguez, alta velocidade, não utilização do cinto de segurança, desrespeito às sinalizações, estas e outras infrações colaboram para os índices de acidentes de trânsito.

O diretor-geral explica que cerca de 15% das pessoas paradas em blitz Álcool Zero, são autuadas por embriaguez ao volante. “A população precisa entender que é um trabalho que visa salvar vidas! Nós podemos ter todo e qualquer objetivo, mas, para salvar vidas, nós não podemos ser maleáveis”, destacou Júnior.

O diretor ressalta a utilização de grupos de WhatsApp, para driblar as barreiras e o medo da população de ser abordado durante uma blitz. “O condutor que está em dias, que está com seu licenciamento, não está infringindo a lei, não está alcoolizado, não tem por que ter medo. A população insiste em criar grupos de WhatsApp”, declarou Gemil Júnior.

Ainda de acordo com o diretor, em 2014, mais de R$ 42 bilhões foi utilizado pelo Sistema Público de Saúde (SUS), no Brasil, apenas para tratamentos de acidentes de trânsito. “É dinheiro demais, um absurdo!”, completou. A recomendação do diretor e educador de trânsito é de não dirigir sob efeito de álcool. “Vai beber, vai de taxi ou com alguém que não beba, reveza com os amigos”, sugeriu Júnior.

Gemil Júnior conta que a ideia é fazer com que todo servidor atue como educador de trânsito, realizando um “trabalho formiguinha”. O objetivo é alcançar o maior número de pessoas, em vários pontos da cidade.

“Vidas estão sendo perdidas! A imprudência não escolhe quem vai morrer. Muitas vezes morrem pessoas inocentes, que estão na parada de ônibus, pessoas que estão de moto, ciclistas, pedestres. O que o Detran pede, independente de qualquer campanha, é que as pessoas tenham amor pela vida e pelas pessoas que estão no trânsito. O direito de ir e vir é um direito para todas as pessoas, mas tem que ser respeitado”, alertou o diretor-geral.

Campanhas Educativas
O Detran realiza diariamente campanhas de trânsito educativas, distribuição de panfletos, atua também nas faixas de pedestres, distribui kit de bafômetros descartáveis e realiza palestras nas escolas municipais e estaduais.

Júnior diz que durante o trabalho educativo feito nas ruas de Rio Branco, muitas pessoas estão passando cometendo infrações e os agentes educadores estão primeiramente fazendo um trabalho de educação. “Estamos ainda com uma política de muita flexibilidade, pois estamos encontrando muitas pessoas e não estamos atuando. Estamos fazendo um trabalho de educação”, disse.

O diretor conta ainda que, durante uma caminhada realizada durante a Semana Nacional de Trânsito, um fato curioso ocorreu: um motorista que estava passando pela caminhada, baixou o vidro do carro e disse “Vocês tem que parar de multar”. “Quando eu olhei para o cidadão ele estava sem cinto de segurança e com o celular na mão. Isso é uma incoerência muito grande. Ninguém sai para multar! A pessoa tem que entender que nós cumprimos a lei, e se está sendo infringida, temos que autuar”, afirmou Júnior.

Semana Nacional de Trânsito
Com o lema “Seja você a mudança no trânsito”, a Semana Nacional de Trânsito aconteceu entre os dias 18 e 25 de setembro. O objetivo da campanha é conscientizar pedestres, ciclistas, passageiros e condutores a assumirem um ambiente de paz e segurança nas ruas.

O Brasil é o quarto país do mundo com maior número de mortes no trânsito, ficando atrás apenas da China, Índia e Nigéria. Pesquisas realizadas pelo governo em 2014, apontam que foram cerca de 50 mil mortes e quase 500 mil feridos no país. Contudo, no Acre, foi identificada uma redução no número de mortes por acidentes de trânsito, se comparado a 2014.

Além da programação, caminhadas, pedaladas, palestras e ações educativas, durante a apresentação cronograma da semana, toda a população foi convidada a utilizar a hastag “#souamudançanotransito”. Além da comunidade em geral, os jornalistas foram chamados a participar da campanha pela internet. A ideia é usar a influência dos jornalistas nas mídias sociais para alcançar o maior número de pessoas e compartilhar a ideia.

Parlamentares estaduais fiscalizam obras nas BRs 317 e 364

MARCELA JANSEN

As últimas ocorrências de acidentes de trânsito registradas no Estado vêm deixando cada vez mais a população apreensiva. Diante disso, dúvidas são lançadas quanto à origem dessas circunstâncias: imprudência, falta de sinalização, falta de infraestrutura nas estradas? Seja qual for o motivo, o fato é que nos últimos tempos a população tem se envolvido cada vez mais em acidentes que, em alguns casos, acabam até em morte.

Um dos principais pontos questionados pelos acreanos diz respeito aos buracos existentes não apenas nas ruas da capital acreana, bem como nas rodovias do Estado, em especial a da região do Alto Acre e Vale do Juruá. Porém, esta não tem sido uma preocupação apenas da população. Os parlamentares acreanos tem demonstrado inquietude quanto ao assunto.

BR-317
Desde que assumiu uma das 24 cadeiras do parlamento estadual nesta nova legislatura, o deputado Antonio Pedro (DEM) vem fazendo constantes cobranças a respeito da manutenção das estradas. Uma de suas maiores preocupações tem sido a BR-317, em especial, o trecho que liga o município de Xapuri a Brasileia e Epitaciolândia a Assis Brasil. Ele destaca que a grande quantidade de buracos na pista tem sido a responsável pelos diversos acidentes ocorridos ao longo da via.

“Sou de Xapuri, portanto, faço constantemente esse trajeto. Quando passo por esse trecho, na maioria das vezes à noite, sempre vejo motoristas trocando pneu de carro devido os enormes buracos que existem na estrada. Uma rodovia com problemas acarreta em acidentes, por isso as constantes cobranças”, disse o deputado.

Antônio Pedro frisou ainda a existência de pontos de erosão à margem da estrada. “Já temos alguns pontos de erosão na margem da estrada, portanto, se faz necessário uma resolução para este problema com extrema urgência, antes que o Alto Acre acabe ficando isolado em decorrência de tantos buracos”, disse.

Ele destaca que recentemente esteve conversando com os moradores de Brasileia. Na ocasião ficou comprovada a insatisfação da população do Alto Acre com a qualidade do serviço oferecido pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

“Sabemos da dificuldade em gerenciar um Estado em tempos de crise, porém, não podemos fechar nossos olhos em decorrência disso, haja vista que estamos lidando com vidas. O povo quer ver resultado, quer agilidade na resolução e, infelizmente, não é isso que o Dnit vem oferecendo à comunidade de Brasileia”, falou.

O líder político frisa que a recuperação do trecho é essencial não apenas para dar segurança ao motorista. Ele lembra que o “Alto Acre é uma área de forte produção agrícola, portanto, precisa estrategicamente de uma estrada em boa qualidade”.

BR-364
Quando se fala em BR-364, um de seus maiores defensores é o deputado estadual Jesus Sérgio (PDT). Recentemente, o parlamentar questionou a falta de fiscalização de cargas ao longo da BR-364, especificamente nos trechos entre Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do Sul. Ele frisa que a ausência de fiscalização tem facilitado o tráfego de caminhões com cargas acima do permito, ocasionado uma deterioração da pista.

“Apresentei uma Indicação ao Executivo, a fim de que sejam retomadas as fiscalizações de caminhões que trafegam com peso acima do permitido. Tal condição tem contribuído para permanente deterioração da estrada, o que acaba proporcionando graves acidentes na estrada. Mantendo a manutenção das estradas em ordem, estamos preservando a vida de nossa população”, falou.

Dnit trabalha na recuperação das rodovias do Estado
O supervisor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Acre, Thiago Caetano, destacou que o órgão já iniciou a recuperação das rodovias no Estado.

Em relação a BR-317, o gestor frisou que as obras estão em andamento e que o trecho já está quase concluído. “Tivemos que reduzir o ritmo do trabalho devido a uma questão orçamentária, porém, as obras continuam. Em relação a BR-317, o trecho mais complicado está entre Xapuri e Brasileia, mas o Dnit já está presente, realizando as obras necessárias. Quando concluirmos esse trecho, estaremos iniciando entre Epitaciolândia e Assis Brasil”.

Quanto a BR-364, Thiago informou que os trabalhos de recuperação no trecho entre Tarauacá e o Rio Liberdade – o mais crítico de toda a rodovia – estão acelerados.

Segundo ele, o trecho mais complicado no momento é na divisa entre Rio Branco e o Estado de Rondônia. “Estamos trabalhando na questão orçamentária para iniciarmos a recuperação desse trecho”, finalizou.

Thiago destaca que a maior dificuldade no trabalho desenvolvido diz respeito à questão orçamentária. De acordo com ele, os recursos para a manutenção e recuperação da rodovia não são garantidos por anos consecutivos. “Para a garantia dos recursos é necessário a elaboração de planos, trabalho esse que está sendo realizado pela equipe técnica do órgão”, finalizou.

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