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Morre aos 93 anos, frei André Ficarelli, fundador da catedral

 Idealizador da catedral Nossa Senhora de Nazaré, frei André Ficarelli faleceu aos 93 anos, nessa quinta-feira, 3 de setembro. O velório está acontecendo na catedral, localizada no Centro de Rio Branco, até as 15h desta sexta-feira, 4. O missionário italiano chegou ao Acre em 1950, ordenado pelo padre na cidade de Roma.

O frei foi o braço direito do bispo Dom Moacir, que liderou a igreja católica no Acre até o ano de 1998. Ele era frei da Ordem Servos de Maria e, em 14 de agosto de 2009, lançou o livro “50 anos de catedral Nossa Senhora de Nazaré – Você faz parte dessa história!”.

Com a idade avançada, Ficarelli estava com a saúde muito debilitada. No ano de 2012, durante uma homenagem feita ao frei, ele declarou que queria morrer no Acre, pois se sentia um cidadão acreano.

O padre Massimo Lombardi conta que ninguém acreditava que fosse possível construir uma catedral em Rio Branco naquela época. Foi então que em 1958 a catedral foi inaugurada, uma ideia do frei André. “Ele se manifestou como um grande engenheiro e arquiteto. Todas as construções que ele acompanhou no Centro da cidade, depois de 50 anos não apresentam nenhuma rachadura”, disse.

Um homem muito talentoso que fez parte da história do Acre, assim definiu padre Massino, o amigo Ficarelli. “Ele desbravou todas as colônias, seringais, ele foi um dos primeiros que usou a motocicleta aqui no estado, nós temos fotos”, contou o padre.

De acordo com Massino, o frei era muito dedicado, sobretudo às populações mais pobres. O padre lembra que, na época da ditadura, alguns professores utilizaram a catedral para fazer assembleia, pois era proibido esse tipo de manifesto naquela época. “Os policias vieram na igreja, e o frei se colocou na porta e expulsou todos dizendo que a casa de Deus era a casa do povo, então não poderia ter nenhuma interferência. Ele era um homem muito corajoso!” afirmou.

Ele tinha inúmeras qualidades. Além de talentoso, dedicado e corajoso, o frei sempre se mostrou um bom companheiro. Preocupava-se com os padres que chegavam de outros países, acolhia e os aconselhavam. “Ele tinha uma experiência muito antiga”, completou Massimo.

Última visita

Completamente apaixonado pela catedral Nossa Senhora de Nazaré e, mesmo muito debilitado e doente, o frei sempre fez questão de acompanhar as ultimas modificações da igreja como a troca do forro.

Recorda com detalhes da última visita do frei à catedral, 2 de abril de 2015, quinta-feira santa e também na sexta-feira santa, 3. “Ele acompanhou a procissão da sexta-feira santa de cadeiras de rodas, ficou na Rua Hugo Carneiro vendo a procissão passar”, lembrou.

Por fim, Massino falou do desejo de futuramente colocar o túmulo do frei no interior da catedral, ao lado dos outros bispos. “Ele fez a história no Acre, a memória dele vai ficar com certeza”, concluiu o padre.

Padre Massimo (Foto:Odair Leal/A GAZETA)

 

A Gazeta do Acre: