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Oi Futuro Flamengo comemora 10 anos com exposições e outras programações distintas até julho de 2016

Prédio se transformou em uma verdadeira vitrine de arte moderna aberto ao público. (Foto: FOTO: ENY MIERANDA)

Dez anos é bastante tempo. Mas quando se trabalha no dia a dia com a arte, incorporada em um conceito de modernidade e até tecnologia, esta década passa mais rápido. Isso é o que ficou comprovado com o aniversário de 10 anos do Oi Futuro do Flamengo, um instituto cultural que fica localizado no Rio de Janeiro e atrai gente do Brasil e, porque não dizer, do mundo inteiro. O espaço foi construído em 2006 com a ideia de incentivar uma produção artística diferenciada, que mirasse o futuro. Agora, 10 anos depois, comemora o sucesso na execução desta missão.

A programação dos 10 anos do Oi Futuro foi inaugurada com a peça Krum (interpretada pela atriz global Renata Sorrah, e outros bons artistas), e só vai acabar em junho de 2016. E os maiores beneficiados com isso são os apreciadores da arte moderna, o público.

Segundo o diretor de Cultura do Oi Futuro Flamengo, Roberto Guimarães, 53 anos, as próximas atrações para a programação especial são o Festival Internacional ‘Tempo’ (que reunirá espetáculos brasileiros, portugueses, franceses e holandeses); a Mostra ‘Amor’ (feitas por jovens mulheres da Alemanha e do Leste Europeu que falam sobre paixão); a exposição que tomará todo o prédio do centro cultural, após outubro, das irmãs Beatriz Milhases (uma artista carioca já renomada internacionalmente) e a coreógrafa Marcia Milhases; além dos festivais patrocinados pela Oi (o Panorama de Dança e o Festival Rio de Cinema, entre outros).

“A nossa sede é um espaço para experimentação. Para o novo. Reunimos novos artistas, de grande potencial, com os que já têm mais trajetórias. E também apostamos na criação de um público com uma geração mais nova para apreciar a arte. Por isso, teremos uma programação intensa para as crianças e Jovens, como a Ocupação Criança”, ressaltou.

Roberto Guimarães destaca que a programação especial dos 10 anos do Oi Futuro acabará apenas em 2016. (Foto: Tiago Martinello/ A GAZETA)

 

Os artistas Bruno Miguel, Daniel Senise e Maria Lynch. (Foto: FOTO: TIAGO MARTINELLO/ A GAZETA)

Fotografia realista

Maria Lynch expôs foto em tamanho gigante do
próprio nascimento no prédio da Oi Futuro Flamengo. (Foto: FOTO: TIAGO MARTINELLO/ A GAZETA)

Imagine você estar andando na rua e, ao olhar para cima, se depara com uma imensa fotografia de 10 metros de altura cuja imagem se trata de um parto cesariano’, no espaço chamado de O Campo Grande, do prédio do Oi Futuro Flamengo.

A artista Maria Lynch expõe a fotografia do próprio nascimento dela. A imagem foi tirada pelo pai da artista, que é médico, durante o parto em 1981.

Na foto, a criança, que chora, está suja de sangue e com o pescoço envolto pelas mãos do médico que a puxa para a vida fora do ventre da mãe.

Maria Lynch trabalha com pintura. Esse é o seu campo. No entanto, ela quis expor a foto do parto não para chocar, mas tratar com certa ironia o ‘nascimento do artista’.

“O meu trabalho lida com rastros da memória e aspectos da identidade; quem é essa a Maria que começa a ser construída?”, explica a artista.

Maria Lynch deu o nome de ‘Janela Provisória’ para a fotografia que fala da coragem de nascer e do artista.

O material é inédito e pode ser acompanhado de uma série, revela Maria. “Tenho outras fotos assim como essa do parto. Em uma delas, o médico corta o cordão umbilical. Essa, por sinal, ia sendo a escolhida para a exposição. Talvez, no futuro, eu possa expor as demais imagens feitas pelo meu pai”, declarou.

SERVIÇO:
“Janela Provisória” – Grande Campo
Oi Futuro – área externa
(Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo)
Visitação: 28 de agosto a 25 de outubro
Terça a domingo, 11h às 20h
Entrada franca | Classificação etária: Livre

A luz, as concepções físicas e as memórias ‘Quase Aqui’

Daniel Senise expõe o projeto Quase Aqui na Oi Futuro do Flamengo. (Foto: FOTO: ENY MIRANDA)

Uma das grandes atrações da campanha de 10 anos é a exposição ‘Quase Aqui’, de Daniel Senise, um dos 4 maiores artistas da geração dos anos 1980. A exposição levou quase três anos de planejamento de Senise e dos curadores Alberto Saraiva e Flavia Corpas, para enfim ocupar todos os andares do edifício do Oi Futuro Flamengo. A GAZETA conferiu de perto a inauguração ‘Quase Aqui’, no último dia 28 de agosto, e que vai perdurar até o dia 23 de outubro. Trata-se de um trabalho sobre a luminosidade. Só que este é apenas um elemento da questão. Os demais precisam ser presenciados.

O ponto de partida para a exposição de Senise na sede do Oi Futuro Flamengo é uma intervenção feita logo na entrada do edifício, como um cartão de boas-vindas. Trata-se de um jogo de luz e de sombra montado em uma parede extensa que inicialmente dá ao observador a impressão de uma obra ainda em construção, como se fossem guindastes. Um conceito que aparentemente poderia ser classificado como arte-arquitetônica moderna. Só que tem abrangência maior, pois são mais do que estruturas físicas. São projeções que podem ser captadas de diferentes formas pela pessoa que a visualiza.

A segunda galeria de Senise é mais desafiadora. Em uma sala com paredes brancas, o artista teve a ideia audaciosa de unir arte com a ação interminável do tempo. Na sala, há 4 grandes quadros expostos em cada parede. Cada tela na verdade é uma mesa que o artista usou durante anos para fazer outros trabalhos. É possível ver nas mesas o desgaste de anos, com linhas que não seguem padrões nenhum. São aleatórias como o tempo. E bem no meio, Senise reformou as mesas para ficarem como novas. A galeria tem uma iluminação especial que distingue bem a parte central nova, restaurada das mesas, e da sua borda desgastada. Um contraste nítido!

A terceira sala, um andar acima, já foca mais na luz. Senise viu esta galeria do prédio do Oi Futuro e pensou até criar uma obra que mexesse com toda a arquitetura do ambiente, fazendo com que os observadores enxerguem ali o dia, os raios de sol entrando na janela, mesmo na hora mais escura da noite. Como assim? Dia enquanto é noite? Isso mesmo. E o segredo está na luz. A sala tem janelas bem altas, e por trás delas (nos bastidores) há um jogo especial de luzes brancas no centro e amareladas na base que dão a ideia de que lá é sempre dia. No lado oposto das janelas há uma estrutura metálica de uma grande parede, que foi retirada do local.

A inspiração para esta galeria, das janelas com as ‘eternas’ luzes da manhã, segundo o artista, é uma de suas obras de arte favoritas do alemão Caspar David Friedrich: ‘Caminhante Sobre o Mar de Névoa’. O ponto mais positivo que ambas as obras artísticas, a da tela de Friedrich e a da sala de Senise, têm em comum é que elas são capazes de despertar no observador uma ideia de devaneios, de surpresas, do inesperado e dos sentidos memoriais que traz o brilho daquela luz que irrompe do horizonte.

O quarto e último trabalho dele exposto é visualmente instigador, e também mexe mais com a memória e a sede de curiosidade do público. Além do que, é uma experiência artística individual (recebe até 5 visitantes por vez). Trata-se de uma sala escura mais alongada, a ‘Mundial’. A pessoa entra nela, sozinha, e é projetada no centro uma figura, o retrato de um quarto simples que o autor, Senise, teve durante sua adolescência. O xis da questão é que esta imagem é pequena. Muito pequena para ser nitidamente visualizada à distância. Para ver melhor, é preciso se aproximar mais da figura. Porém, à medida que a pessoa vai chegando perto, a imagem vai sendo reduzida, até sumir completamente. No fim das contas, ninguém consegue chegar até a imagem. É a ideia do inatingível.

E se todas estas apresentações despertaram o interesse em conhecer mais sobre a exposição de Senise no Oi Futuro Flamengo, é importantíssimo que se deixe claro que o trabalho do artista é altamente subjetivo. E autêntico (ele monta seus objetos de trabalho, e não usa o que já vem industrialmente pronto). Palavras podem descrever as impressões visuais e até suas finalidades. Mas só quem vê de perto será capaz de compreender melhor as reais intenções de Daniel e o inúmero campo de interpretações possíveis para o seu trabalho. Quem for ao Rio de Janeiro, vale a pena dar uma conferida nesta e em outras exposições do Oi Futuro Flamengo.

A sala foi projetada por Daniel Senise para sempre ter a luz do dia. (Foto: FOTO: ENY MIRANDA)

QUASE AQUI – Mostra de Daniel Senise
Visitação: de 28 de agosto a 23 de outubro
Curadoria: Alberto Saraiva e Flavia Corpas
Oi Futuro no Flamengo
Rua 2 de Dezembro, 63 – Flamengo – Informações: 31 (21) 3131-3060
De terça a domingo de 11h às 20h – Entrada franca

Cristaleira colorida

Bruno Miguel mistura pintura para fazer arte em qualquer objeto que se tem na cristaleira de casa. (Foto: FOTO: TIAGO MARTINELLO; A GAZETA)

Copos, jarras, taças de vidro, cristais. Todo este material vira arte nas mãos do artista plástico Bruno Miguel. Estes objetos passam por uma intervenção ao serem misturados com resina de poliéster e tinta spray. O resultado é um jogo de cores atraente aos olhos.

Bruno é formado em pintura. Por esse motivo, o artista fez vários testes para chegar até o ponto de construir a sua própria arte.

A primeira obra, feita em 2013, foi uma jarra colorida, que perdeu essa característica. O trabalho realizado por Bruno não possui uma exata definição. No geral, são objetos próprios para cristaleiras.

“Lembro que minha avó tinha uma bela cristaleira, mas que as taças dentro dela nunca eram usadas. Ficavam sempre ali, porém, eram intocáveis. Então isso me deu a ideia. Comecei a pegar os objetos de casa para fazer arte”.

As obras de Bruno Miguel estão expostas no Oi Futuro Flamengo, no Rio de Janeiro. Esse trabalho se chama ‘A Cristaleira’, e está no espaço Tech_Nô, que transformou a vitrine de 14 metros na entrada do prédio em uma grande cristaleira hipercolorida. Um chamariz aos olhos.

O artista produziu 90 peças em três meses para a exposição. No entanto, 76 foram selecionadas por ele próprio para fazer parte da amostra pública. Algumas foram mais fáceis de fazer. Saíram na hora. Outras lhe custaram muitos cortes nas mãos.

A arte de Bruno é um meio termo entre a pintura e a escultura. Ele consegue de forma criativa unir peças e transformá-las e novos objetos interessantes.

“O meu trabalho é sobre como a pintura pode se relacionar com a cultura. Eu pinto natureza morta. Fico feliz de ver que faço um trabalho que chama a atenção de todas as pessoas, desde a funcionária da limpeza do prédio até o gestor de segurança daqui. Alguns me perguntam como faço para deixar copos e cristais assim. Eles ficam impressionados e se perguntam como não haviam pensado nisso antes”, relata.

As peças expostas se alternam criando diferentes ritmos de modo que a vitrine de 14 metros esteja em harmonia.

Atualmente, Bruno Miguel trabalha em uma galeria de arte moderna. Ele revela que suas obras também são comercializadas.

O projeto Cristaleira, no Tech_Nô, é uma das obras expostas no Oi Futuro como parte da programação do aniversário de 10 anos.

SERVIÇO:
Visitação: 28 de agosto a 25 de outubro
Terça a domingo, 11h às 20h
Oi Futuro – área externa
(Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo)
Entrada franca | Classificação etária: Livre

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