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Fosfoetanolamina sintética: glória ou drama?

A Gazeta do Acre por A Gazeta do Acre
20/10/2015 - 14:47
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Nestas últimas semanas o debate sobre o uso da substância fosfoetanolamina sintética em tratamentos de câncer foi intenso nos sites de notícias e nas mídias sociais. E a polêmica aumentou desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, no dia 08/10, decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) que impedia o fornecimento da substância produzida pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), em Rio Claro, para uma paciente com câncer do Rio de Janeiro.

Mas qual a razão para tanta discussão e debate? Que milagres contra o câncer a fosfoetanolamina sintética pode operar?

Quem se detém nas notas generalistas dos sites de notícias e em postagens inflamadas nas mídias sociais tem a impressão de que essa substância é ‘tiro certo’ para a cura do câncer. E vou além. Postagens nas mídias sociais conseguiram transformar os responsáveis pela produção da fosfoetanolamina na USP em quase heróis nacionais. Cientistas tupiniquins que lutam bravamente contra a manipulação de multinacionais que querem, a todo custo, impedir a produção da substância milagrosa. Tem até quem afirme que ela, a fosfoetanolamina, foi invenção desses ‘Dom Quixotes’ brasileiros.

O primeiro aspecto que contribuiu para a grande visibilidade adquirida pela fosfoetanolamina foi, obviamente, o seu potencial de uso contra o câncer, uma doença com alta taxa de mortalidade que não discrimina sexo, idade e classe social e que afeta anualmente aproximadamente 14 milhões de pessoas no mundo, causando, direta ou indiretamente, a morte de mais de 8 milhões delas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nos próximos 20 anos espera-se que o número de casos anuais da doença aumente 70%, para mais de 23 milhões de pessoas.

Apesar de ser uma doença antiga, reportada desde 2500 anos antes de Cristo, e dos avanços fabulosos da medicina nas últimas décadas, a busca da cura para a maioria dos tipos de câncer não produziu resultados tão espetaculares como no caso de numerosas doenças infecciosas como a AIDS, tuberculose, poliomielite, meningite e malária. Por isso, novidades no tratamento da mesma tem a capacidade de atrair tanta atenção.

No caso da fosfoetanolamina sintética, um fator contribui sobremaneira para a sua popularidade. A divulgação irresponsável de que a mesma pode aliviar, fazer rescindir ou mesmo curar alguns tipos de câncer em humanos sem que testes clínicos rigorosos tenham sido realizados.

A substância não é nova para a ciência e foi isolada pela primeira vez há quase 80 anos (1936). Desde então centenas de estudos já foram realizados e se descobriu, entre outros aspectos, que ela está relacionada com a ocorrência de convulsões epiléticas e Alzheimer. Em sua forma orgânica foi verificado que apresentava concentração 10 vezes acima do normal em tumores, levantando-se a hipótese de um possível papel na defesa celular.

Diante do seu potencial, um grupo de pesquisadores da USP, liderados pelo químico Gilberto Chierice, conseguiu sintetizar a fosfoetanolamina em laboratório e resolveu testar a mesma em células cancerígenas. Os ensaios efetuados até agora foram in vitro e in vivo. No primeiro, células cancerosas são tratadas em garrafas de vidro ou plástico e no segundo os estudos são feitos em animais vivos (in vivo). Neste caso tumores humanos são colocados em ratos e a substância é aplicada para avaliar o potencial de reduzir os tumores sem ser tóxica a ponto de causar a morte dos animais.

Os resultados alcançados na USP foram promissores. A fosfoetanolamina se mostrou eficaz contra o melanoma, câncer de mama, leucemia e como inibidor da metástase de alguns tipos de câncer. Entretanto, o fato de uma substância ser capaz de matar células cancerosas in vitro ou em animais de laboratório não é o suficiente para que possa ser considerada eficaz em humanos. A água sanitária, por exemplo, pode matar células cancerosas, mas sua injeção no corpo humano tem o poder de matar o seu receptor. Por isso, depois das fases experimentais in vitro e in vivo em animais de laboratório, é indispensável realizar testes clínicos em humanos para conhecer sua eficácia e toxicidade.

Anualmente dezenas de substâncias promissoras contra o câncer são testadas em condições de laboratório, muitas delas mais promissoras que a fosfoetanolamina. Entretanto, em média apenas uma de cada 25 substâncias promissoras mostram-se eficientes no tratamento do câncer em humanos. A fosfoetanolamina sintética estudada pelos pesquisadores da USP nunca chegou a ser testada em humanos e está sendo, de forma irresponsável, distribuída – já faz alguns anos – para ‘voluntários’ que se apresentam na porta do laboratório de química que o produz. Esta situação é uma aberração ética e científica indescritível para a qual cabe perfeitamente a abertura de investigação policial por charlatanismo.

A situação, entretanto, ganhou notoriedade apenas quando a USP proibiu a distribuição do ‘remédio’. Pessoas desesperadas apelaram para a Justiça e, acreditem ou não, nossa maior instância judicial, o STF, ‘liberou’ para a população uma substância que sequer pode ser chamada de remédio, pois nem licença de venda possui. Isso foi suficiente para a imprensa investigar o caso. Questionado, o professor Gilberto Chierice fez declarações que só pioraram a situação, afirmando à revista ÉPOCA que achava que a fosfoetanolamina ‘é uma cura para o câncer’. Ao portal de notícias G1 ele declarou que o ‘remédio’ ainda não chegou ao mercado por ‘má vontade’ das autoridades e afirmou, laconicamente que ‘se não for possível aqui – a produção da forma medicinal da fosfoetanolamina – a melhor coisa é outro país fazer porque beneficiar pessoas não é por bandeira. A humanidade precisa de alguém que faça alguma coisa para curar os seus males’.

Alguém discorda disso? Eu não. Mas confesso que não consigo entender porque, com uma substância tão promissora, o professor e seus colegas da USP não formam uma equipe multidisciplinar para realizar os testes clínicos e desenvolver o produto no Brasil. Um médico pesquisador brasileiro se propôs a ajudá-lo e foi, discretamente, recusado. Afinal o que ele quer fazer? Quer ir avante e desenvolver o remédio ou não?

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Tinha que ser no Brasil! Um enredo tão promissor para contar de forma gloriosa os passos de um avanço científico grandioso para a ciência brasileira corre o risco de se transformar em um enredo para descrever o drama de um fracasso.

*Evandro Ferreira é engenheiro agrônomo e pesquisador do INPA/Parque Zoobotânico da UFAC

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