Em dias idos, esbocei minha esperança nos senhores deputados e senadores que foram galgado ao poder público, precisamente no dia 1º de fevereiro do ano de 2011. A esperança consistia em que os novos congressitas, homens e mulheres de bem, estivessem dispostos a pagar o alto preço do serviço público sem se deixarem contaminar pelo canto da sereia, que tivessem domínio próprio, pois aquele que não é capaz de governar a si mesmo não será capaz de governar os outros.
Era meu desejo, que os novos congressistas encarassem a tarefa de apagar da mente da nação brasileira o alto índice de descrédito que a população brasileira detém pelo Congresso Nacional, ocasionados pelos vexatórios escândalos políticos. Do mesmo modo, que resgatassem o respeito Nacional pela classe política como a arte de bem governar e legislar os negócios públicos, pois o preconceito generalizado na atualidade, em relação à atividade política, é vista como prática pouco favorável à conduta regida por princípios éticos. Na condição de sobrevivente, gente simples e mortal, não queria mais ver, perplexo, o surgimento de novos e terríveis fatos, crimes contra o erário público acontecidos, quase que diariamente, que nos chocou e nos levou as raias duma revolta.
Era este o anseio de um cidadão comum, despido do seu pessimismo, que gostaria de ver mais probidade, por parte dos novos congressistas, na condução dos destinos do País. Era uma torcida, ao mesmo tempo, para que o descaso público que se revelou na “postura” de alguns senhores parlamentares, num passado bem recente, não se repetissem a partir daquele novo momento do Congresso Nacional. Era pedir muito? Almejar em demasia? O tempo provou que sim!
Cinco anos depois, com exceção de alguns que não se reelegeram em 2014 e obviamente já lá não estão mais, as figuras carimbadas, endinheiradas e de mentes espertas, pródigas em negociatas em nome do cargo que exercem e em favor das siglas de aluguel que representam (a vontade de citar o nome de uma penca deles é grande) levaram o País a essa esculhambação moral, a este desgoverno imoral.
Nesse caso, cinco anos depois me sinto como um ingênuo, otário para ser mais sincero, pois ousei acreditar que esse processo social perverso, casa do poder das grandes mentiras, que se perpetua graças aos esforços da classe política vigente, pudesse ter “cura”. Santa ingenuidade, pois tal aviltamento é reforçado por aquela concepção, atribuída a Nicolau Maquiavel, de que ética e política, atualmente, estão em campos antagônicos.
Iludido, remeto o meu pensar para um personagem da mitologia grega: Pandora, alcunhada de super dotada, a primeira mulher que existiu na terra. Criação de Zeus para castigar os homens pela ousadia do gigante Prometeu. Numa versão moderna e perversa, essa primeira mulher levava consigo uma caixa que continha todos os males do mundo, tais como doenças do corpo (perebas, bursite, febre amarela, dengue, etc.) e do espírito (improbidade de toda ordem, vingança, traição, mentira, etc.). Na verdade, há quem diga, que essa caixa não era de Pandora, mas de Epimeteu, o seu senhor por imposição de Zeus.
Afinal, são muitas as versões sobre essa famosa caixa. Entretanto, uma em especial, por ter resultado encorajador, é a mais interessante para este escrevinhador. Conta-se que a intenção de Zeus ao mandar Pandora para a terra, era a de agradar aos homens e que seu presente de casamento à moça foi uma caixa onde cada um dos deuses havia colocado um BEM. Infelizmente, Pandora abriu a caixa sem querer, e todos os bens escaparam e desapareceram, com exceção da ESPERANÇA, jóia preciosa que fortifica o homem e lhe dá condição de enfrentar todos os males que a vida o maltrata.
Apesar da realidade se sobrepor, perversamente, aos sonhos e as esperanças da nação sofrida. Há quem viva, ainda, entre todas as crenças particulares, a quimera de que homens e mulheres de bem, políticos de hoje e os de amanhã, no Brasil do presente e do futuro, encontrem soluções singulares e definitivas para os problemas morais e políticos que afligem a nossa nação. Esta esperança ainda faz guarida, creio eu, no coração e na alma do povo brasileiro.
*Pesquisador Bibliográfico em Humanidades.
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