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A ‘escola’ GAZETA

“Sem o Silvio, essa história de sucesso no jornalismo acreano não existiria”, afirma Silvânia Pinheiro

Silvânia recorda os tempos de redação e o desafio de ter sido editora-chefe. (FOTO: CEDIDA)

MARCELA JANSEN

O jornal A GAZETA comemora neste mês de outubro 30 anos nas bancas. São quase nove mil edições em que o leitor pôde acompanhar as notícias do Acre pelas páginas do periódico mais lido do Estado.

Não há dúvidas de que A GAZETA tenha se notabilizado ao longo dos anos por exercer um jornalismo isento, em defesa das causas sociais e, principalmente, por transformar a notícia em um serviço de utilidade pública. Mas isso só foi possível também graças a uma equipe de profissionais comprometidos em divulgar com seriedade a informação.

Prezando por excelência na qualidade de seus materiais, o jornal sempre teve a preocupação em ter pessoas qualificadas para o desenvolvimento do trabalho, que vai desde a sugestão da pauta, averiguação dos fatos, produção da matéria, revisão, diagramação, impressão e, por fim, a entrega do periódico ao leitor.

Pelo jornal já passaram alguns dos profissionais mais renomados do jornalismo acreano. Como exemplo, temos a jornalista Silvânia Pinheiro, que atuou como repórter de política e editora.

Em conversa com a equipe de A GAZETA, Silvânia contou um pouco sobre a sua trajetória pelo jornal. Ela mencionou os momentos marcantes que viveu, bem como os fatos mais engraçados, além do aprendizado.

A história entre o jornal e Silvânia teve início em 2003, quando finalmente aceitou o convite para assumir a editoria de política, bem como a subeditoria-geral. “Este foi um dos meus maiores desafios na vida. Embora já estivesse trabalhando na área, na época eu era editora em outro jornal, ir para A GAZETA significava muita coisa, pois ali era uma grande vitrine”.

Aprendizado
Entre os aprendizados que obteve durante o período em que trabalhou no jornal, ela destaca o compromisso com a informação. “Aprendi co-mo trabalhar a notícia. Não tem como fazer um material jornalístico sem apurar, sem ter zelo com a informação. No jornal aprendi que toda notícia tem dois lados e que esses lados precisam ser ouvidos e que, de preferência, essas informações estejam na mesma matéria”.

O jornal A GAZETA foi um divisor de águas na minha vida profissional”, afirmou Rutemberg Crispim”

Rutembergue diz que o jornal foi como uma escola. (Foto: Cedida)

O jornalista Rutemberg Crispim relata que começou a trabalhar no jornal a convite da jornalista Silvânia Pinheiro, que estava se ausentado pelo período de vinte dias. Após esse pequeno período de trabalho, acabou sendo convidado pelo dono do jornal para compor efetivamente o quadro de jornalistas de A GAZETA.

“A Silvânia precisava se afastar do jornal por um período curto de tempo e me procurou para saber se eu poderia substituí-la. Eu aceitei, mas o interessante dessa história é que na mesma época acabei sendo contratada pelo Silvio Martinello. Eu deveria passar apenas vinte dias e acabei ficando 19 meses. Ali tive uma das melhores experiências da minha vida. Tive a honra de trabalhar com um dos melhores jornalistas que esse Acre já teve, o Silvio Martinello”.

Rutemberg destaca que a responsabilidade de representar o jornal mais lido do Estado o ensinou a buscar a ser um profissional cada dia melhor. “O sonho de todo jornalista é trabalhar em A GAZETA. Quando o convite surge, a primeira coisa que vem é o sentimento de alegria. Assim aconteceu comigo. Depois que vem o peso da responsabilidade e isso ensinou a ser um jornalista cada dia melhor”.

Ele afirma que A GAZETA foi fundamental para sua vida profissional.  “O jornal foi um divisor de águas na minha vida. Depois que passei pelo jornal nunca mais dei passos para trás. Cresci e continuo crescendo graças à Silvânia e ao Silvio Martinello que confiaram no meu trabalho e me deram essa oportunidade. Foi neste jornal que me tornei um jornalista mais valorizado”.

Rutemberg trabalhou no jornal 19 meses e depois se ausentou para novos projetos. Após algum tempo, ele teve oportunidade de voltar e, segundo ele, a experiência foi ainda mais marcante. “Trabalhei 19 meses no jornal e me ausentei. Fui tocar outros projetos e depois tive a oportunidade de voltar. Esse retorno me mostrou o quanto eles confiavam em meu trabalho e isso foi muito gratificante. Meu retorno ao jornal foi marcante. O tratamento continuou sendo o mesmo. Foi quando tive a certeza que ali eu não tinha apenas amigos, mas uma família”.

Por fim, Rutemberg destaca o aprendizado com o jornalista e dono de A GAZETA, Silvio Martinello. “Sorte tem a pessoa que tem o Silvio como mentor. É uma pessoa que tem um conhecimento e experiência enorme nessa área e, ainda assim, consegue ser humilde. Ele é um verdadeiro exemplo. Devo muito ao Silvio Martinello. Passar por essa escola me tornou quem sou hoje, não apenas como profissional, mas também como pessoa”.

De recepcionista a editora-chefe

Geisy Negreiros trabalhou em diversos setores do jornal A GAZETA até chegar a ser editora-chefe. (FOTO: ODAIR LEAL/AGAZETA)

“A passagem pelo jornal A GAZETA me preparou para enfrentar todos os desafios profissionais que vieram na minha vida depois que saí de lá”, afirmou Geisy Negreiros ao lembrar de sua trajetória pelo jornal.

Entre os profissionais que já passaram pela GAZETA, a história da jornalista está entre as mais marcantes, pela forma como tudo começou. Geisy relata que a primeira atividade desenvolvida foi na recepção. Se intitulando como uma espécie de “faz tudo”, ela lembra que atuou ainda no setor comercial, assinaturas, classificados, entre outras áreas.

“Eu estava ali para trabalhar, não importava em que setor. Se estivesse precisando de ajuda no comercial, eu ia. Até fotografia eu fiz (risos). Foi uma experiência enriquecedora”, disse.

O desejo de estagiar na redação do jornal veio no último período da faculdade. Ela conta que pediu aos donos do jornal para acompanhar os jornalistas em suas pautas diárias. Depois disso, a consolidação como jornalista no periódico mais tradicional do Acre foi inevitável. De recepcionista a editora do jornal. Segundo ela, foram sete anos de muito aprendizado.

Geisy comenta que seu primeiro dia na externa foi repleto de momentos engraçados. “Tinha ocorrido o vestibular da Ufac e, naquela época, os cadernos das provas eram disponibilizados na quadra da universidade. Eu tinha que relatar como era esse dia. Quando cheguei à Ufac, estava uma chuva torrencial. Foi um verdadeiro desastre. Enfiei o pé na lama, meu guarda chuva quebrou e no final das contas eu cheguei toda ensopada na redação. Foi terrível. Mas, eu fiz a matéria”.

A GAZETA – Da recepção à editoria do jornal. Conta um pouco dessa história?
Geisy Negreiros – Então, tudo foi acontecendo de forma muito inesperada. Na época em que fui contratada pelo jornal, a editora era Silvânia Pinheiro. Quando deixou o jornal, me indicou ao Silvio e ele resolveu apostar em mim. Lembro que na época não me via preparada para assumir tamanha responsabilidade, mas o Martinello me deu a maior força. Ele acreditou no meu potencial. A experiência deu certo e fiquei três anos à frente da editoria do jornal.

A GAZETA – Como foi seu primeiro dia de trabalho como editora?
G. N. – (risos)… Foi muito engraçado. Eu estava muito nervosa. Lembro-me de sempre olhar para o Dim (chargista do jornal) e perguntar: o que eu faço Dim? Como vou fazer essa capa? Perturbava demais ele. Tudo perguntava e ele em uma paciência enorme me respondia. O Dim foi uma pessoa que me ajudou muito também durante meu período de adaptação.

A GAZETA – Como foi trabalhar com o Silvio Martinello?
G. N. – Não tem como falar do jornal e não citar a pessoa do Silvio Martinello. Ele é a alma do jornal. Eu fui privilegiada de iniciar minha trajetória profissional tendo o Silvio como mentor. Ele é um cara que entende muito de jornalismo, tem experiência e sabe ensinar a quem deseja aprender. Todos os dias nos reuníamos para debater sobre o jornal. Falávamos das matérias, dos títulos, da capa, manchete, enfim, sobre tudo que envolvia o jornal. Ele me dava muitas dicas. O jornal chegou há essas três décadas sob o olhar atento do Sílvio. Ele sabe fazer um jornalismo de qualidade e me ensinou a fazer isso também.

A GAZETA – Como foi deixar o jornal?
G. N. – Nossa, foi um momento muito difícil, pois, não era uma coisa que eu estava esperando. Eu era feliz no meu trabalho, feliz com as pessoas com quem trabalhava. Me dava muito bem com todo mundo. Quando recebi a proposta para coordenar o G1 (Acre) foi uma surpresa. Fiquei empolgada e ao mesmo tempo triste, pois, teria que tomar uma decisão muito difícil. Contar para o Silvio que eu havia decidido aceitar a proposta não foi fácil. A despedida foi mais difícil ainda, chorei quase uma semana. Mas, o Silvio me ensinou a encarar desafios e foi exatamente isso que fiz. Tenho uma enorme gratidão por tudo que ele me ensinou. Ele foi fundamental para o meu sucesso como profissional. Muitas portas se abriram depois que trabalhei no jornal.

DEPOIMENTOS

Lamlid Nobre, jornalista:
“O que dizer sobre o jornal A GAZETA? Não cairei na vala comum de dizer que foi uma escola, mas cairei no pieguismo de considerar um privilégio o fato de constar no meu currículo minha passagem como repórter e editora do jornal A GAZETA.

Uma redação pela qual passaram os grandes nomes do jornalismo acreano, mas também uma oportunidade para novatos e novatas que se encorajam todos os dias a encarar a desafiadora, imprevisível e sempre instigante profissão de jornalista. Um lugar onde gerações se encontram.

A possibilidade de partilhar da experiência e disciplina de Silvio Martinello aliadas às inovadoras propostas de Maíra Martinello foi, para mim, algo ímpar. Não se trata de uma transição, mas uma interessante intersecção de tempos.

Quando penso no ambiente produtivo, me vem à memória a inquietude de Ivete, nunca conformada com mais do mesmo.

Para mim, o legado de A GAZETA é que, apesar da tentativa de alguns, na nossa profissão não há espaço para amadorismo. Se é ou não se é profissional. Tem que ter competência, mas, sobretudo vocação, dedicação e compromisso.

A GAZETA, além de uma empresa que bem cumpre o papel social de informar, é também uma “casa de família”. Não apenas porque é passada de pai para filhos, mas também porque considera seu pessoal como valioso capital. Não é por acaso que a maior parte das pessoas que trabalham ali estão há décadas, como a Socorro da recepção, o Sr. Euclides do financeiro, a Ana dos recursos humanos, o Clodoaldo do parque gráfico, a Martinha… Isso sem falar no Dim, o mais jurássico da redação (rs!)… Amigos, enfim!

Obrigada pela oportunidade, parabéns pelos 30 anos e vida longa à nossa casa!!!”.

Diego Gurgel, fotógrafo:
“Eu entrei no jornal A GAZETA em 2007, empresa que me deu a primeira oportunidade na imprensa acreana e, com certeza, foi minha primeira escola de verdade no fotojornalismo. Hoje, todas as conquistas profissionais e vitrine para fora do Estado, agradeço ao jornal A GAZETA, ao reconhecimento e crédito depositado em mim por Silvio Martinello e Ivete Martinello, até meados de 2010, quando enveredei por outros rumos na profissão! Tenho orgulho de ter feito parte desta história!”

A Gazeta do Acre: