X

Sogra de adolescente que perdeu bebê diz que quer justiça

Avó reclama do atendimento em hospital do interior. (Foto: Odair Lea/ A GAZETA)

“Poderia estar com minha neta nos braços, mas não estou. O atestado de óbito aponta como causa da morte sofrimento fetal. Era uma criança muito esperada”, detalhou emocionada Maria Gerlange, avó paterna do bebê que morreu ainda no ventre da mãe, uma adolescente de 14 anos.

A família aponta como causa do óbito o tratamento dispensado para a gestante no Hospital Epaminondas Jácome, localizado no município acreano de Xapuri. Após horas em trabalho de parto, a jovem foi transferida para a Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco.

“Apesar de ser uma gravidez precoce, todo o procedimento de pré-natal foi feito e minha neta era saudável, assim como a mãe dela. Elas sofreram demais. Ela teve dilatação de apenas 9 centímetros e mesmo assim continuavam forçando a menina a ter um parto normal. Minha neta nasceu com quase quatro quilos. Os médicos poderiam ter transferido ela para Rio Branco ou para Brasileia, que era mais perto, mas não fizeram”, denunciou Maria Gerlange.

O trabalho de parto começou na madrugada de terça-feira. Ela estava com nove meses e ficou internada aguardando para ter sua primeira filha por parto natural. De acordo com uma ultrassonografia realizada em Rio Branco, a jovem não tinha condições de ter um parto normal. “O médico comentou que o útero dela estava prestes a ‘estourar’ e não tinha mais como a criança permanecer no ventre da mãe. Em seguida a cesariana foi realizada”, detalhou Maria Gerlange.

A avó paterna detalhou a experiência da jovem. “Ela conta que a mãe foi retirada da sala de parto do hospital. Em seguida, dois enfermeiros subiram nela e apertaram a barriga para o bebê nascer. Foi ali que minha neta deve ter morrido. A mãe da adolescente confirma que foi retirada da sala e implorou para os médicos para que ela fosse transferida para Rio Branco”, comentou Maria Gerlange.

A transferência ocorreu no fim da tarde nesta terça-feira, 3. “Minha neta chegou a Rio Branco morta. A A.B.V não foi tratada como gente. Ainda não sabemos se haverá sequelas para ela. Vou procurar a Justiça para evitar que outras famílias chorem a perda de um ser que não teve a chance de nascer”, completou a avó paterna.

A mãe da jovem foi procurada pela equipe de reportagem para comentar o caso, mas, devido à gravidade do quadro clínico da adolescente, a acompanhante não pode se ausentar do leito, explicou Maria.

O recém-nascido foi sepultado na tarde desta quarta-feira, 4, no Cemitério São João Batista, em Rio Branco.

Através da assessoria de comunicação, a Secretaria Estadual de Saúde afirma que está apurando os fatos e somente após a conclusão do que ocorreu na unidade hospitalar de Xapuri é que vai se posicionar.

 

Categories: Flash Geral
A Gazeta do Acre: