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“Crise política e econômica precisa de um entendimento suprapartidário”, diz Jorge Viana

“Muito da crise que nós estamos vivendo no Brasil é em função da crise política”. A afirmação sobre o cenário atual do país foi feita pelo senador Jorge Viana durante entrevista ao programa Argumento da TV Senado nesta semana. Para o vice-presidente da Casa, diante das grandes crises econômicas enfrentada pelos diversos países do mundo, o grande desafio é descobrir um novo modelo econômico. “Esse que o mundo adotou venceu a validade”, acredita.

O parlamentar, que participou da palestra do norte-americano Bill Clinton nesta semana, promovida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), defende que, como disse o ex-presidente dos Estados Unidos, o Brasil precisa seguir otimista. “O Brasil tá precisando do que nós temos de melhor”, disse o parlamentar.

Abaixo, alguns dos principais trechos da entrevista concedida pelo senador acreano e que pode ser assistida ao vivo pelo site da TV Senado:

Crise econômica X Crise política
“Eu acho que esse modelo econômico que o mundo adotou venceu a validade. Ele só muda de endereço. Ele foi pra Europa, agora a China tá tendo um crescimento bem abaixo do que deveria. E no caso brasileiro, boa parte da crise econômica tão acelerada é em decorrência da crise política que nós estamos metidos. Nós estamos vivendo uma crise de confiança. Todo mundo fica perguntando: ‘quando é que vocês vão resolver essa crise política lá no Congresso? Como é que fica a situação do Eduardo Cunha? Quando é que vão deixar pra trás essa coisa do impeachment?’ Então, não tem como a gente trazer de volta a confiança para os empreendedores, para os setores econômicos, para o Brasil, se a gente não consertar a política. Eu acho que tem que haver um entendimento, nós precisamos disso”.

Confiança na política
“Há um mau humor da população com as lideranças políticas. Você vê nas pesquisas que a rejeição aos líderes, pegando do Aécio, a Marina, ao Ciro Gomes, ao Lula, varia de 50% a 55% [o índice de rejeição]. Com todos! O governo também está muito mal avaliado, mas pior está o Congresso. A sociedade está decepcionada. Alguns setores ficam se dizendo porta-vozes da opinião pública. Na oposição, quem é que está sendo chamado pra opinar? O ex-presidente Fernando Henrique, que foi deixado de lado pela própria oposição. Porque eu acho que as lideranças formais não estão com moral. Então é a hora de criarmos um ambiente político melhor. Temos o problema da corrupção, existem falhas no financiamento de partido, essa relação promíscua de empresas privadas com mandatos parlamentares, tudo isso tem que ser enfrentado para que a gente ganhe alguma confiança da sociedade, ganhe confiança econômica e voltem os investimentos. Quem que vai investir num país como o nosso, vivendo esse ambiente de insegurança política?”

Reforma Política
“Como é que nós vamos enfrentar uma crise dessas com trinta e poucos partidos, com 18 ou 20 líderes partidários na Câmara? É quase impossível se não tem consenso mínimo. Nenhum país do mundo é assim. Um país continental como o nosso ter, como se diz no Acre, uma ‘embiricica’ de partidos políticos não tem sentido nenhum. E aí, numa hora de crise como essa, se nós tivéssemos 3 ou 4 partidos mais fortes, conversavam os líderes desses partidos, teriam um entendimento razoável para a gente tratar a questão da previdência, a questão dos gastos públicos, para enfrentar esse momento que é em decorrência sim da falência do modelo mundial. Desse modelo de produção e consumo”.

Entendimento suprapartidário
“Os indicadores de inflação, de juros altos, de desemprego, são muito melhores ainda (apesar de serem ameaçadores) do que na época do governo do PSDB. Mas também não adianta a gente ficar só falando isso. Nós temos é que sentar os líderes, conversar suprapartidariamente e ver se a gente se entende, se cai a ficha de que o problema não é do governo do PT, o problema é nosso. Que nessa briga política aqui em cima o problema está se agravando com o cidadão, que está comprando menos no mercadinho, que está tendo que racionar dinheiro em casa com os filhos comprando menos roupas, menos alimento. Aí fica ruim pra todo mundo. Estava tão bom quando o Brasil estava dando certo! Nós precisamos voltar a esse tempo, nós temos que ter fé. Mas pra isso temos que trabalhar, desarmar os espíritos, não querer fazer eleição fora de época”.

Gesto de otimismo
“O Brasil está exigindo e está precisando do que nós temos de melhor. Principalmente quem trabalha na política, quem tem papel a cumprir, seja no setor público ou privado. Tem gente que tá oferecendo o que tem de pior. Isso não é bom pra ninguém. O Brasil está precisando do que nós temos de melhor!”

Categories: POLÍTICA
A Gazeta do Acre: