Anuncia-se, nos meios de comunicação, a lista dos artefatos do novo Big Brother.
Entretanto, o que é mesmo o Big Brother? Para que serve o Big Brother, hein?
O Big Brother, cultura burlesca e idiota, se reprisa a cada ano pior e mais deformado do que os anteriores. Sem história, chato, promíscuo e apelativo, traz em sua petulância o descaramento da maioria dos seus componentes. Desfaçatez que só perde para o cinismo da Rede Globo em botar isso no ar.
Na minha ótica estrábica, o Big Brother é feio. Muito feio. O feio é nocivo! Ruinoso porque, pelo prisma da crítica de Theodor Adorno (1903-l969) se insere na arte contemporânea, qualificada como, em princípio, anti-social, na contramão das normas e preceitos de estruturação preconcebidos, rejeitando modelos éticos, políticos, religiosos, que possam determinar previamente sua forma.
Para Adorno, a cultura atual é a indústria cultural em que os detentores do poder na sociedade, imporiam ou impõe através da mídia seus valores e modelos de comportamento, que seriam uni-formizadores e bloqueariam a criatividade, via massificação e passividade do indivíduo, aceitando fins estabelecidos por outros.
O nocivo Big Brother, está na contramão do culto hierárquico da beleza, Se alimenta, obviamente, pelos meios de comunicação moderna, que endeusa a estética objetiva, con-vencionada de cultura popular. Ocorre que a cultura popular contemporânea raramente se preocupa com o que é “bom”. Entenda-se por ‘cultura popular’ aquela que é vendida, pois que mais consumida, em alta escala. Esta cultura atrai às massas e não requer alto grau de sofisticação intelectual ou refinamento cultural. A cultura popular encontra seu ápice, atualmente, no entretenimento visual, especialmente, na comunicação instantânea e nas novas formas da tecnocultura, tornando ultrapassado tudo o que surgiu antes dela. Hoje a beleza é objetiva e as artes visuais encontram na cidade, um terreno fértil para seu crescimento. E o pior de tudo é que somos obrigados a engolir calados.
Sei que estou sendo repetitivo, mas não estou só. No Brasil vivemos de vãs repetições. Aqui tudo se repete, é a mesmice de sempre. A campeã de todas, é essa falácia governamental de que “VAMOS RETOMAR O CRESCIMENTO”. Afirmação secundada de Norte a Sul, por políticos medíocres. O Faustão, por exemplo, está rico repetindo, há anos, as baboseiras de sempre. Então, cá estou nas minhas vãs repetições.
No século XIX, Matthew Arnold, poeta e crítico inglês, já descrevia a cultura como um ato normativo de nos familiarizarmos com o melhor do que era conhecido e dito no mundo. Assim sendo, o Big Brother é maléfico, porque não cultiva a cultura do melhor e do mais esplêndido, dos ideais mais sublimes em termos de gosto e refinamento, das coisas boas com as quais se espera estar asso-ciado: livros bons, companhia boa, roupas boas, música boa, teatro bom, etc. É uma baboseira que aguça os instintos perversos daquilo que o homem tem de pior. É mediocridade pura, não tem grandeza espiritual! A propósito, a mediocridade da cultura atual é assustadora. A bobagem avulta em todos os segmentos da mídia. As pessoas, em sua maioria, se pautam pela mediocridade. Quanto mais anarquismo, melhor!
*Pesquisador Bibliográfico em Humanidades.
E-mail: assisprof@yahoo.com.br