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Pequenos negócios colocam o Acre em primeiro lugar no ranking do Banco do Brasil em Microcrédito Orientado

Crise! Essa foi à palavra que ‘adocicou’ a boca de qualquer analista que ensejou análises sobre a conjuntura econômica e política do Brasil em 2015. Com o Acre não podia ser diferente. O Estado sentiu esse efeito e, por um lado, viveu um ano turbulento com sucessivos reajustes. Só que, de outro, parte dos acreanos encontrou uma ‘brecha’ para contornar o desânimo do mercado e apostar no avanço de seus negócios. O superintendente do Banco do Brasil no Acre, Antônio Carlos Soares, resume essa estratégia em duas palavras: ‘crédito responsável’.

É meio difícil acreditar que, em um momento financeiro adverso, a melhor saída seria deixar de lado o ‘aperto’ nas contas para acreditar no crédito e alavancar novos investimentos. Mas foi exatamente com este pensamento que o Acre alcançou números de destaque nos ranking de avaliação positiva do Banco do Brasil. Coisas que um lugar ‘em crise’ jamais teria conseguido.

Alguns destes bons destaques foram: o Acre ficou em primeiro lugar na execução de orçamento de empresas (pessoas jurídicas); um dos menores índices de inadimplência do país; e primeiro lugar em Microcrédito Orientado (MPO, destinado a micro e pequenos empresários).

Mas para compreender melhor esse bom desempenho local, primeiro é preciso entender a conjuntura econômica e a cronologia no qual eles se sucederam. O superintendente local do BB lembra que 2015 foi um ano que começou com dificuldades para o Acre devido à alagação. Por isso, o governo se empenhou em alocar recursos para cá, aproveitando o programa que o Governo Federal havia criado para a recuperação da situação de tragédia, o PER Brasil. E foi dele que o Banco do Brasil entrou, fazendo os recursos chegaram aos lugares certos no Estado.

O programa tinha como prazo de validade o dia 10 de novembro. Mas o governo conseguiu estender até o final do ano. E esse tempinho a mais fez toda a diferença.

“Não adianta fazer um grande esforço para a obtenção de crédito e não conseguir levá-lo até as empresas. E foi neste ponto que fizemos a nossa parte. E isso foi transformador. Só de julho pra cá injetamos R$ 50 milhões no Acre através do PER Brasil. E o Estado, em termos de execução do orçado, foi 1º lugar no Brasil. O BB trabalhou para jogar este dinheiro no mercado. Aproveitamos o PER, estimulando o fluxo de caixa das empresas e mostramos a elas que o mundo não parou. O momento é de continuar investindo, com pé no chão. Ver onde se posicionar melhor”, resumiu Soares.

Agricultura familiar, elos produtivos e o novo BB Convir

O Plano Safra foi um grande primeiro passo para o Acre. O plano começa em agosto (período em que Antonio Carlos assumiu a superintendência do BB no Acre) e vai até julho do ano seguinte. Agora, em janeiro, estamos na metade ainda do plano 2015/2016. E muitas metas já estão perto de serem batidas. O Plano Safra foi anunciando com R$ 20 milhões para os produtores do Acre. Já foram empenhados cerca de R$ 28 milhões.

“E ainda estamos na metade do plano. Vamos lançar mais. A vocação agrícola é a principal atividade de produção aqui. E o banco tem também o Programa Atividades de Baixo Carbono (ABC), que é ideal para ao Acre. Nesta safra já botamos R$ 13 milhões, já contratados, e temos mais R$ 17 milhões para ser contratados. São quase R$ 30 milhões na metade da safra. Dinheiro que roda. As pessoas acham que a agricultura familiar no Acre não é forte. Acho que quem diz isso não não vai muito pro sitio. Aqui temos verdadeiros modelos para o país.”

A maior destas iniciativas, citou o superintendente, é a de fortalecimento dos elos produtivos. Com um planejamento estratégico e a longo prazo, o banco está fazendo uma parceria junto à Seaprof (Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar), a Seap (Secretaria de Estado de Agropecuária) e a Emater (Empresa de Asssitência Técnica e Extensão Rural) para desenvolver as cadeias produtivas locais. A Emater, a Seaprof e a Emater fazem a capacitação e assistência técnica. O BB faz os pontos de controle e acerta onde deve colocar o dinheiro.

Neste modelo, o Acre começou a ter ‘empresas âncoras’ (tais como a Acre Aves, Dom Porquito, Peixes da Amazônia S/A, empresas moveleiras, etc), que reúnem produtores agregados e fazem a venda de toda a produção para empresas compradoras. Estes produtores estão sendo valorizados e melhorando sua renda com este modelo de negócio. “Antes, eles eram pessoas com vidas simples. Mas que a partir de agora começaram a ter carro próprio, se negócio de peixe, frango, suínos e outros, auto estima empresarial, filho estudando”.

Mas onde o banco entra nessa relação? Fomentando a ponta (produtores) e lhe dando mais garantias, amarrando suas relações comerciais com a empresa compradora. Nesse sentido, o superintendente anuncia que o BB está criando para o Acre um novo modelo de convênio que será o BB Convir, voltado à área de atacado. Esse convênio objetiva completar a parceria com as empresas âncoras, financiando o produtor para que ele garanta a venda para a empresa compradora. O resultado disso é que a produção será muito maior e vendida em atacado.

“Para o Acre crescer muito mais, temos que desenvolver as cadeias produtivas. E temos que ter um olhar especial ao produtor. Se ele fica sozinho, não tem como pagar a compra. Além disso, outra grande problema dele é a comercialização. E o banco quer mudar isso, lhe dando garantia de compra e venda. Assim, ele será mais efetivo. E, se perder uma produção, ele vai ter confiança e segurança para continuar. Não desistir do oficio de ser produtor”, conta Soares.

O superintendente complementa afirmando que testar este modelo de consolidação dos elos produtivos e das cadeias é algo pioneiro que o Acre está mostrando para o Brasil. E que deve ser replicado para outras atividades. “O BB sempre estará perto das pessoas para isso”.

Pequenos negócios sacramentaram bons resultados

Se o progresso nas cadeias produtivas e elos de produção foi um grande passo no campo, a consolidação do crédito na cidade foi com os pequenos negócios. Nesta área, o Banco do Brasil ofereceu o Microcrédito Orientado (MPO) e estimulou empreendedores acreanos a acreditaram mais nos seus negócios. Afinal, uma economia grande, se faz com pequenos empresários. Tudo parte de uma parceria que o BB fez com a Secretaria estadual de Pequenos Negócios (Sepn), cuja meta era prestar 1.000 assistências sobre crédito do final de 2015 até fevereiro deste ano.

“Só que o trabalho foi tão efetivo, que até 31 de dezembro de 2015 já tínhamos atingido 922 assistências. Já estamos com a meta de dobrar as assistências até fevereiro. Esse microcrédito foi muito relevante para o Estado, porque sem ele talvez muitos microempresários teriam ficado desestimulado e desistido de um negócio que tem tudo pra dar certo”, disse Soares.

Neste sentido, o Acre se destacou como 1º lugar no ranking do Banco do Brasil de MPO. Por isso, o banco estuda criar na Sepn o Espaço BB do Pequeno Empreendedor.

As instituições representativas estão fazendo a sua parte

Dentro deste modelo de negócio e de qualquer outra iniciativa empresarial (rural ou urbana) envolvendo crédito, o superintendente do Banco do Brasil no Acre ressalta o papel fundamental das instituições representativas. Para Soares, o papel do banco é mais do que se aproximar das pessoas que buscam crédito. É também juntar este cliente com as entidades de representação.

Quem são elas? A Federação das Indústrias (Fieac), a Associação e a Federação do Comércio (Acisa e Fecomercio/AC), os sindicatos e associações trabalhistas e especialmente o governo e prefeituras. “Só assim teremos a efetividade na colocação do crédito. Naquele caso dos elos produtivos, tínhamos a Seaprof e a Emater dando capacitação e assistência. Mas o nosso gerente do BB também estava lá junto com estas instituições, participando das reuniões com os agricultores. Este foi um grande diferencial, porque enquanto as pessoas ainda estavam tentando entender a parte técnica, o banco já mostrava a importância do crédito”, frisou.

Outra instituição de vital importância, conforme Antônio Carlos Soares, está sendo o Sebrae. No tocante aos pequenos e micro empreendimentos, o Sebrae congrega muitas entidades e tem um conselho multirepresentativo. E a formação/capacitação oferecida faz com que os valores dos créditos sejam bem empregados. “Não adianta emprestar o dinheiro se a pessoa não tiver formação para crescer. O Sebrae é um conselho de pensantes”.

No agropecuária, o Senar, o MDA e a Seap é que fizeram a diferença para as fazendas acreanas.

Críticas de uma visão limitada sobre economia

Muitos oposicionistas e adversários políticos do governo acreano criticam que estaria havendo um abuso de obtenção de crédito e de empréstimos no Estado. Para o superintendente do BB no Acre, é preciso ter uma visão mais holística da economia. Primeiro, ele pontua que o conceito de crédito para o Banco do Brasil tem tudo a ver com credibilidade. E um momento de crise só se supera consolidando esta credibilidade. Segundo, ele frisa que as instituições precisam manter a economia ativa, com dinheiro rodando. Só assim é possível evitar a negatividade no mercado.

“Onde há crédito há credibilidade. Problema todo mundo tem. Inadimplência gera desemprego, inadmissão e tristeza. Não podemos deixar isso ocorrer. Temos que tratar logo esta situação. Hoje, passamos por um processo de desenvolvimento no país e não dá pra fugir das oscilações. E aí é que entra o papel do banco. Somos técnicos. O Banco do Brasil fomenta a economia. Como? Com o crédito. Mantendo empresários ativos e adimplentes. Temos que mostrar que as portas do cofre não se fecharam. Pelo contrário. Estamos aqui pra desenvolver”, frisou Soares.

Mas o crédito tem que ser bem usado. Ou então, a empresa, o Estado, o país, só vai conseguir se afundar em dívidas, sem ter como pagá-las. Isso não é bom pra ninguém. E o maior prejudicado da inadimplência é o banco. Por isso, Antônio Carlos Soares indica que o crédito tem que ser concedido de forma extremamente responsável. E o banco, junto com as instituições, é que dão essa visão, enxergando melhor os empreendedores, fazendo os pequenos serem percebidos e valorizados, ao ponto de não sentirem vergonha de solicitar crédito para crescerem.

O crédito responsável é aquele: que se atenta melhor às oportunidades do negócio; que incentiva a inovação como o caminho para se achar novas soluções para velhos e persistentes problemas; que faz com que as empresas encontrem novos nichos de mercado; que evita a concentração de produtos e serviços; e que olha as reais necessidades, o perfil e a realidade dos empresários.

“O Brasil não chegou ao seu limite. Somos um país rico. Só que onde não há dinheiro, a economia não cresce. O credito, sendo responsável, é o propulsor da economia. E o banco entra com esta responsabilidade de se aproximar do cliente, fazer a leitura da capacidade de pagamento e da capacidade de gerar dinheiro dele. A crise vai colocar em xeque a renda, os empregos. Tudo. E aí que vem o crédito para fazer a econômica girar novamente, fazer as empresas ganharem spread e os negócios voltarem a dar lucro. Observamos nos nossos clientes aqui do Acre que crise não é a palavra que define seu momento atual”, sintetizou o superintendente.

PE

De acordo com o superintendente Antônio Carlos Soares, o BB tem a missão de prestar assessoria financeira e isso foi bem destacado no 2º semestre de 2015. E é a grande aposta para 2016. O banco mudou sua estratégia e foi até as empresas para trocar ideias e pensar junto na melhor linha de crédito a ser oferecida. Não se limitou apenas a cobrar dívidas, nem aceitou desculpas de ‘crise’ e de que as empresas estariam ‘quebradas’ no momento. Pelo contrário, o banco as ajudou a repensar suas dívidas, suas formas de produção e a superaram os prejuízos.

A prova disso é que o Banco do Brasil ajudou, segundo Soares, muitas empresas acreanas a saírem de uma situação de inadimplência e voltar para a normalidade nas finanças. Viraram o ano sem restrição. E agora, para 2016, o BB trabalha com o conceito de empresas adimplentes, estudando maneiras de não as deixarem ficar no ‘vermelho’. Isso torna as taxas de crédito melhores para elas e ainda pode alavancar um volume de vendas e negócios maior.

“Não estamos com medo de ofertar crédito. Estamos com vontade. Porque é assim que vamos continuar a manter o Acre forte. O estado tem muitas oportunidades. Precisamos de muitas ações e esforços do banco. Não vejo um momento de crise. Vejo um momento desafiador. A crise vai se materializar se nos colocarmos como impotentes perante ela. Se acharmos que não temos saída. O povo do Acre é muito empreendedor. Tem vocação para crescer, porque crescer gera emprego e renda. E, na minha visão, tem uma das melhores estruturas de governança do país, também no sentido de sustentabilidade”, finalizou Antônio Carlos Soares.

No Acre, o Banco do Brasil tem 360 funcionários em 24 agências e está prestes a abrir a 25ª. Será a Agência Catedral, em Cruzeiro do Sul, que será inaugurada no dia 18 deste mês, para melhorar o atendimento e reduzir o tempo de espera em filas na maior cidade do Juruá. Além das 25 agências, o banco ainda tem as agências de bancos postais e locais de procedimentos bancários.

Superintendente do BB, Antônio Carlos Soares, ressalta o papel do crédito parar driblar a crise

 

A Gazeta do Acre: