Pode-se até divergir, mas não há como ignorar as manifestações realizadas domingo contra o Governo em todo o país, que reuniu milhões de manifestantes. A questão que se coloca agora são os seus desdobramentos.
O próprio Governo se apressou em reconhecer as manifestações, assinalando que fazem parte do regime democrático e inclusive enalteceu seu caráter pacífico. Como se espera que sejam realizadas no mesmo clima as manifestações que estão programadas para os próximos dias de apoio ao Governo.
Contudo, a pergunta que se faz agora são as consequências que essas manifestações acarretarão, sobretudo, se servirão para contornar e resolver a grave crise econômica e política.
Como era previsto, a oposição deverá apressar o processo do impeachment da presidente. Mas aí surgem vários questionamentos, como a sociedade aceitar que esse processo seja conduzido por um Congresso repleto de políticos denunciados por corrupção, sem credibilidade. Haja vista, o que ocorreu domingo em São Paulo, com um dos principais articuladores, o senador Aécio Neves, que foi vaiado, escorraçado.
Como não se pode esperar, simploriamente, que um juiz seja capaz de resolver todos os problemas do país com suas decisões, muitas delas discutíveis. O que há, objetivamente, é que existe uma crise que precisa ser resolvida, democraticamente.