A prisão do marqueteiro João Santana motivada por acusações de ilícitos de corrupção passiva, deveria servir de pauta a ser inserida na suposta reforma política que se pretende fazer, não sei quando, neste País. Não é mais aceitável que partidos endinheirados paguem altas somas, algumas oriundas, inclusive de negociatas envolvendo o erário público, para marqueteiros do tipo João Santana, com o fito de mentir descaradamente ao povo. E o que é pior: essa prática além de imoral é um desrespeito a candidatos e partidos sem poder aquisitivo. Não há nenhuma leviandade no que afirmo, pois a maioria da gente sabe que, do lado de cá do atlântico, as eleições têm base numa ética situacional. Ganha quem paga mais. Desmentir essa verdade é ser no mínimo hipócrita!
Creio que nas próximas eleições, em nível municipal, muita coisa deve melhorar neste quesito, mas, não se iludam. Já que, esse pragmatismo eleitoral ou do voto vai demorar a ser debelado da vida pública tupiniquim, uma vez que se faz presente, há tempos, nas entranhas da classe política brasileira; alimenta-se de: sistemas populistas; dos caciques com seus falsos paternalismos; casuísmo e clientelismo; conchavos político; cooptações e barganhas da pior espécie que tanto mal faz ao Brasil em longo dos anos. Numa relação, no, mínimo, promíscua.
Essa promiscuidade entre política partidária e seus marqueteiros nos faz distanciar, cada vez mais, daquela ideia clássica, oriunda do pensamento platônico, de que as noções políticas são permeadas por um elevado senso moral e que os padrões éticos representados na virtude da sabedoria, da coragem, da moderação e da justiça, que deveriam se fazer presentes na política, propriamente dita, e nas suas formas de governo; nos dias atuais, é uma verdadeira utopia, para não dizer de elevado conceito abstrato, isto é: impossível à luz da experiência humana, porquanto política e ética que deveriam andar lado a lado estão, hoje, trilhando caminhos ambíguos, não tem nada a ver uma com a outra.
Entretanto, o mais espantoso é o fato desse pessoal que mexe com marketing político, excetuando uns poucos, amealhar com relativa rapidez, verdadeiras fortunas. Pergunta-se: como é que esses “profissionais” que não são jogadores de futebol de time famosos; tampouco ou tão-pouco apresentadores de programas de auditório, tipo Faustão e Gugu, profissões altamente rentáveis, neste contexto pós moderno de cultural idiotizada; igualmente não se tem notícia de que tenham acertado sozinhos, na loteria, pelo menos trezentas vezes; não receberam heranças nababescas dos pais; alguns com uma educação beirando o analfabetismo, com é que essa gente tenha tanta grana apenas como publicitário? E, o pior, detentor de uma prepotência capaz de ameaçar e propor barganha com o Congresso Nacional. Como é que pode uma coisa dessas?
Outra coisa: a não ser que o marqueteiro, citado acima, seja “testa de ferro” de “forças ocultas”, estará consumado e comprovado o mais vergonhoso tráfego de influência já visto por essas plagas..
Nessa parceria promíscua, tem ainda as tais pesquisas que, supostamente, dão aos seus proponentes, munição para combater os seus “inimigos” políticos, obter vantagens com empresários, “apoio de campanha” e nos negócios pessoais; além, é claro, de florescer os anseios de vaidade, exibicionismo e presunção. Em outras palavras: presunção elevado ao quadrado
Em dias idos, daqui mesmo deste espaço, disse: “…se medidas enérgicas, da parte das autoridades brasileiras, em relação a esses marqueteiros com seus negócios escusos e milionários; bem como suas empresas, a maioria de fachada, não forem tomadas urgentemente, desabam os alicerces morais da nação”.
Pois é, as minhas profecias se cumpriram: A casa da parceria promíscua, entre partidos políticos e seus marqueteiros, está caindo!
*Pesquisador Bibliográfico em Humanidades.
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