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“O bom da democracia!”

O bom da democracia é que podemos sonhar. A propósito, não faz muito tempo, daqui mesmo deste espaço, vivia eu entre todas as minhas crenças, apesar da realidade se sobrepor aos meus sonhos, a expectativa utópica em que homens e mulheres de bem, políticos de hoje e os de amanhã, no Brasil do presente e do futuro, encontrem ou encontrassem soluções singulares e definitivas para os problemas morais e políticos que afligem a nossa nação.

Apesar dos pesares, dos últimos acontecimentos políticos, esse olhar quimérico ainda faz guarida em minha alma de ente humano. Quimeras de que no Brasil de dimensões continentais, com suas diferenças e grandes desigualdades regionais, sejam desenvolvidas políticas públicas rigorosas e eficazes que atendam os anseios da sociedade. Não é uma miragem sonhar com uma sociedade em que não existam a corrupção, a pobreza, a tirania e a guerra. Ou é?

O meu sentimento sonhador é que possamos sair desse “gueto” vicioso de tão somente assumir compromissos históricos, através de discursos politicamente correto, uma vez que há, na prática, uma distância entre o sonho de uma sociedade perfeita e sua ilusória concretização. Chega de deslumbramento, do tipo: “somos a 6ª economia mundial”, quando todos sabem que, em economia mundial, esses dados são “flutuantes” e enganosos. Ademais, o combate à fome e a miséria não se fará com ações sociais assistencialistas; necessário se faz medidas enérgicas no campo da economia. Precisamos, como nação, da parte dos que dirigem este país, muito mais do que promessa descabidas, de atitudes sérias na condução da coisa pública. Pois, aterroriza-me o facciosismo político, notadamente o partidário, nas casas legislativas. Aliás, o que mais se vê nos plenários legislativos, é inimizade, ódio e suspeita. Servem-se do poder para votar e aprovar subvenções públicas e abocanhar cargos de primeiro escalão.

O bom da democracia, especialmente no Brasil, é a sua “dinâmica”. Há poucos dias a detentora do “poder” não tinha como governar. Hoje, como num passe de mágica, o presidente interino tem plenas condições de tocar a “barca”. É a tal da “governabilidade”. Fazer o que?

Outra coisa boa da democracia, é nos fazer acreditar, numa verdadeira falácia, que o poder emana do povo. A propósito dessa máxima, o pensador George Bernard Shaw, perito em afirmações controvérsias, diz ou dizia que “a democracia muitas vezes significa o poder nas mãos de uma maioria incompetente”. Seria o caso de afirmar que nos últimos anos o partido do governo “impedido” foi incompetente? Há controvérsias!!

O bom da democracia é que todos, indistintamente podem mentir. Pois, são tantas as mentiras, com raras exceções, advindas de homens e mulheres do PODER público, que já não sabe em quem mais acreditar!

Contudo, a grande mentira, dentre tantas que ferem a alma do povo, foi querer nos fazer crer que a inflação estava sob controle. A senhora presidente, agora impedida, com sua glossolalia autoritária, teimosamente, alcunhava a imprensa nacional de pessimista e acusava vários setores dos meios de comunicação de querer engendrar na população o “conto do vigário da inflação”. Ocorre que a inflação era, e ainda é, uma realidade em todos os lugares, nos quadradantes da nação. Está aí, transparente, aberta a todas as pessoas, uma vez que é um fato consumado.

De volta ao topo deste artigo, torno a dizer: O bom da democracia é que podemos sonhar. Se é que isso é possível num mundo dominado por um SISTEMA ECONÔMICO perverso.

Sonhar, ainda que seja uma “doce ilusão”, em ver mais probidade por parte dos congressistas, na condução dos destinos do País. Sonhar, ao mesmo tempo, para que o descaso público que se revelou na “postura” de alguns senhores parlamentares, num passado bem recente, não se repitam, a partir desse novo momento, nas entranhas do PODER constituído e, em especial no Congresso Nacional. É pedir muito?

 *Pesquisador Bibliográfico em Humanidades.
E-mail: assisprof@yahoo.com.br

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