Texto e fotos
Ivete Martinello
Enviada a São Paulo
O Itaú Cultural anunciou na manhã de segunda-feira, dia 9 de maio, em sua sede em São Paulo, a lista dos projetos selecionados pelo Rumos 2016, o maior programa do instituto que visa fomentar e realizar a produção artística do país. Dos 12.126 trabalhos inscritos, 117 foram selecionados. Dos 27 estados da federação, 25 foram contemplados. Apenas Roraima e Rondônia não tiveram trabalhos escolhidos. O Acre foi selecionado com o projeto “Cidade de Múltiplos Mapas”, de Quílrio Farias de Araújo, na modalidade de criação e desenvolvimento em teatro. Ao todo, R$ 15,5 milhões vão ser distribuídos entre os projetos contemplados.
Em sua 17ª edição e a um ano de completar 30 anos, o Rumos tem muito a comemorar. É um dos maiores programas de desenvolvimento cultural do país. Ao longo desse tempo cresceu muito, foi todo reformulado e passou a ser um modelo aberto a todas as áreas de expressão cultural. Como diz Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, “a cada ano o Rumos se renova. Ele não é um processo fechado, pois está sempre em construção”. Segundo ele, o grande número de projetos inscritos neste ano, mais de 12 mil, dão uma dimensão da importância e credibilidade do Rumos 2016, que contou com uma banca de 30 avaliadores contratados pelo instituto nas mais diversas áreas de atuação do país e gestores da própria instituição que selecionaram os 117 trabalhos finalistas.
Do programa e dos projetos inscritos
“Mais um recorde a ser comemorado. São mais de 12 mil projetos inscritos e isso dar o caráter e a credibilidade do programa. Estamos muito felizes”, declarou Eduardo Saron ao falar, na coletiva de imprensa, sobre os avanços do Rumos, o total de inscritos, a lista de selecionados, os valores do programa, a equipe de avaliação e seleção, o processo de seleção e o alcance geográfico onde o programa chega em lugares distantes e em todas as regiões do Brasil. São projetos selecionados de 25 estados brasileiros e um vem da Argentina.
Em números de contemplados, primeiro vem o Sudeste com 62 trabalhos. Depois o Nordeste com 27. O Centro-Oeste tem 10, o Norte com 9 e o Sul com 8 projetos escolhidos.
Quanto ao tema, os projetos espelham as atuais preocupações do país como questões raciais, comunidades isoladas, questões de gêneros e culturas diversificadas.
Do total de 12.126 trabalhos inscritos, 74 vieram de outros países como Alemanha, Chile, China, França, Holanda, etc, e até dos EUA. A Argentina emplacou um projeto. E 117 foi o total de contemplados.
Projeto selecionado do Acre é de teatro
O acreano Quílrio Farias de Araújo, de Rio Branco, teve seu trabalho “Cidade de Múltiplos Mapas” contemplado. O projeto nasceu do diálogo entre dois grupos de artistas independentes, de Rio Branco. Percebendo a convergência de necessidades e expectativas para a continuidade e o aperfeiçoamento de seus trabalhos, eles se uniram na busca de parceria para um processo de pesquisa e formação de seis meses, incluindo residências, oficinas e apresentações de espetáculos de repertório de cada grupo.
Da Comissão de Seleção do Rumos
O cineasta Jeferson Dee, componente da Comissão de Seleção do Rumos 2016, avalia que foi grande o número de participantes este ano e, mas é muito importante que “estejamos dentro do processo. Nós negros produzimos arte, fazemos arte e temos que ter nosso espaço, dar nossa colaboração e nossa contribuição. Então, é com muita alegria que fazemos parte dessa Comissão.
Acreana dá um olhar do Norte do Brasil para a Comissão
A acreana Karla Martins, atriz, produtora, gestora pública e contadora de histórias, é membro da Comissão de Seleção do Rumos Itaú Cultural pela segunda vez. Foi convidada por eles por conhecerem seu trabalho a partir das visitas das caravanas do Rumos no Acre. Ela participou do processo trazendo um olhar do Norte do Brasil e suas peculiaridades. Segundo ela, foi importante perceber um “Brasil profundo” na sua existência e conteúdo máximo. Nesse Brasil que é muito grande, enxergá-lo pelas beiradas é essencial. Segundo ela, as leituras do Brasil são enormes. Tem uma parte dele ainda escondida. E projetos vindos de lugares distantes. Esse edital do Rumos é muito importante, pois ele é democrático e dinâmico.
