Em Rio Branco cerca de 200 homens vão reforçar a segurança
Após tiroteio na entrada da Unidade Prisional 4 (UP4), mais conhecida como ‘Papudinha’, o governo do Estado convocou o Exército para reforçar a segurança no Acre, sobretudo nas áreas de fronteira. No total, 500 homens esterão nas ruas das cidades de Epitaciolândia, Brasileia, Assis Brasil, Plácido de Castro e Rio Branco. Somente na capital acreana, cerca de 200 militares devem atuar.
“As fronteiras nos colocam muito vulneráveis. Nós não vamos descansar. A ordem é uma só: não parar até que todos tenham saído do Acre ou que estejam presos”, afirmou o governador Tião Viana.
O tiroteio aconteceu na noite desta terça-feira, 18, durante uma emboscada com os presos do semiaberto da unidade prisional. De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança, quatro detentos ficaram feriados na ação.
Segundo o secretário de Segurança, Emylson Farias, integrantes de uma facção criminosa com ramificações em outros estados disputam território com um grupo organizado local. Ele afirma que a intenção dos criminosos era invadir o presídio e matar presos da facção rival.
Além do tiroteio, em três dias, a capital acreana registrou nove mortes com características de execução, de acordo com a Polícia Civil. “As pessoas que praticaram as últimas execuções estão relacionadas a essa guerra de facção”, explicou Farias.
O comandante do Exército no Acre, coronel Medeiros Júnior, disse que os militares convocados devem atuar nas áreas de fronteiras, realizando barreiras e colaborando com ações de Segurança. “É uma medida para proporcionar e retornar a sensação de segurança para a população do Acre”.
Juíza libera 380 presos do semiaberto
A juíza da Vara de Execuções Penais, Luana Campos, liberou 380 presos do regime semiaberto para que dormissem em casa. Segundo a magistrada, a medida é necessária devido aos danos causados ao prédio da unidade após o tiroteio.
Os detentos da UP4, que trabalham durante o dia e dormem na unidade, devem voltar para a ‘Papudinha’ na sexta-feira, 21. Ainda de acordo com a decisão, a segurança deve ser reforçada quando os presos voltarem a dormir no presídio. O governo afirmou que a medida coube apenas à Justiça e que não concorda com a decisão.
FOC registra princípio de rebelião
Após tentativa de invasão e tiroteio na ‘Papudinha’, o presídio Francisco de Oliveira Conde (FOC) registrou um princípio de rebelião na manhã desta quarta-feira, 19. Segundo o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen/AC), um grupo de presos começou a bater nas grades e a gritar. Porém a situação foi contida a tempo. Nenhum detento foi ferido. O órgão não soube informar a causa do tumulto.
Boato causa pânico na Cidade do Povo
Um boato de toque de recolher causou correria nesta quarta-feira, 19, na Cidade do Povo. Mães e pais de alunos foram até as escolas para buscar os filhos, após grupos de WhatsApp divulgarem informação de tiroteios e mortes no bairro.
A Secretaria de Educação e Esporte (SEE) desmentiu a o boato e disse que a situação estava controlada. Apenas duas escolas tiveram as aulas suspensas devido a situação que algumas mães provocaram. Diante dos boatos, a Polícia Militar está reforçando a segurança na Cidade do Povo.
Repercussão nas redes sociais
Nas redes sociais o tiroteio e clima de insegurança é o assunto mais comentado entre os acreanos. Vários relatos de pessoas que estavam próximos ao local da ação na noite de terça-feira, 18, foram publicados. Entre eles, a Miss Acre Jucianne Menezes, que afirma ter vivido momentos de terror.
“Hoje vivi uma verdadeira noite de terror e medo! Parecia pipoca na panela todos aqueles tiros que estavam cada vez mais perto. Não consigo nem descrever o que realmente foi isso, estava no quiosque do Ipê quando o tiroteio começou. Não consigo nem mensurar o que senti me vendo ali no chão, depois correndo feito bandida para fugir de bandido, vendo meu namorado arriscar a própria vida pra não deixar nada de ruim me acontecer. Não desejo isso pra ninguém, lamentável toda essa situação. Enquanto nós, que somos pessoas de bem temos que ficar presos dentro de casa morrendo de medo de uma possível invasão, os que deveriam realmente estar presos estão soltos. Só tenho que agradecer por esse livramento. Que Deus na sua misericórdia infinita cuide de todos nós e guarde a vida de todos os policiais e suas famílias”, escreveu.
Situação em outros estados
Outros estados do país têm registrado guerras entre facções criminosas. Em Roraima, uma confusão entre presos resultou na invasão de uma ala do presídio. Detentos da ala 13 quebraram os cadeados e invadiram a ala 12. Dez detentos foram mortos e seis ficaram feridos.
Em Rondônia, oito presos morreram asfixiados por fumaça na Penitenciária Estadual Ênio dos Santos Pinheiros, em Porto Velho. Dois detentos ficaram feridos. Já em São Paulo, em Franco da Rocha, uma rebelião de presos em um hospital psiquiátrico acabou com a fuga de detentos. Além disso, os presos atearam fogo em vários pavilhões do presídio.