É sombrio, para não dizer trágico, constatar que fortes setores ou segmentos da sociedade se negam a discutir questões relevantes, necessários para uma convivência saudável nas cidades. A “grande” imprensa “impressa” ou online num esforço hercúleo, não se sabe até quando resistirá, traz quase diariamente matérias no campo da axiologia. Contudo, é sufocada pela avalanche de informações dos aplicativos instantâneos com suas vulgaridades e seus narcisismos. A propósito, esses meios de comunicação “acelerados” mostram, nas suas postagens fragmentadas o lado estragado da sociedade, sem fazer qualquer avaliação, mínima que seja do fenômeno. É postar, e pronto!
Entretanto, consigo enxergar nesta imprensa, que faz jornalismo sério, como a única voz que reverbera as aspirações do povo. Todavia, em razão do que dissemos acima, a imprensa voltada para os anseios republicanos, nada mais é hoje que a voz do que clama no deserto, a voz da fraqueza diante da força, a voz dos deslocados num mundo de portas que não se abrem ao sésamo. É a voz do profeta Amós às portas da cidade, a abjurar os que amealham riquezas ilícitas em detrimento da miséria do povo. É a voz de.
Diógenes em seu barril, ou de Antístenes em seus andrajos ou trapos.
Pode ser também que, de Norte a Sul, segmentos da sociedade brasileira, em sua totalidade, estejam cansados em debater, exaustivamente, determinados assuntos que afetam diretamente o povo, sem encontrar eco, nos fazendo sentir como travestidos de palhaços ou como camelôs oferecendo produto pirateado, sem que ninguém leve a sério. É bem provável, que todos estejam mesmo exaustos de reclamar! Afinal, reclamar para quem?! Ao que parece, ninguém tem respostas para o buraco social, em que estamos metidos. As respostas, quando muito ficam no campo dos debates simplórios. É clichê mil vezes repisado, por décadas, sem que se tenha pelo menos uma resposta em que possamos nos agarrar. Não temos respostas. Tudo é paliativo. Sem solução!
Nunca é demais repetir, que convivemos com uma insegurança completa. O crime está aumentado com tal rapidez que nos encontramos bem perto da rebelião aberta e da anarquia. Desordens públicas ocorrem em vários pontos da nação quase todos os dias. A liberdade tornou-se licenciosidade. Caso típico dessas ocupações, feitas por jovens, em prédios públicos educacionais em nível médio e universitário. Quem são esses jovens? Não tem pais? Não possuem famílias? Quem lhes fornece alimento? Alguém já parou para pensar o que rola, entre estes jovens, nos BASTIDORES dessas ocupações, notadamente na CALADA da noite, hein? Como passam o tempo? Será que rola drogas? Sexo abusivo? Enfim!
A lei moral está em perigo de ser abandonada até pelos tribunais. As ruas de nossas cidades se transformaram em selvas de terrorismo, assaltos, estupros e morte.
Diante deste quadro calamitoso, não é de modo algum, exagero dizer que estamos experimentando uma realidade duríssima que bem poderia ser definida por uma só palavra: Niilismo. Niilismo total, total, total, diria aquele antigo personagem do Jô Soares.
Em geral niilismo é a completa rejeição de crenças e valores associados às estruturas de cunho social e moral. O niilismo, para seus seguidores, é a única forma de libertação das regras “opressoras”. Em sentindo extremo, é a “redução ao nada”, a destruição das tradições e obrigações morais. Friedrich Nietzsche (1844-1900) que tem seu nome, geralmente, mencionado em discussões sobre o niilismo, diz que o NIILISMO é como um destino que ASSOMBRA a cultura ocidental.
Sob aspecto filosófico o niilismo, ainda, representa uma atitude de total ceticismo em relação às alegações da verdade objetiva. O niilismo considera o conhecimento dependente somente da experiência sensorial, referente à sensibilidade, de maneira que as afirmações morais não tenham sentido. Então, o homem debaixo este niilismo, nega todos os valores, inclusive espirituais e rejeita quaisquer ideais superiores à satisfação de seus apetites.
Francisco Assis dos Santos, Pesquisador Bibliográfico em Humanidades. E-mail: assisprof@yahoo.com.br