Para se falar em limites, primeiro devemos abordar fatores – como estrutura familiar, ética, valores conceituais, grupos socioeconômicos nos quais os indivíduos estão inseridos – que estão anexos às condições educacionais básicas.
Devemos ter em mente a educação como um instrumento transformador de vidas, onde que, para educarmos filhos, alunos e pessoas de várias faixas etárias, requer, dentre tantas outras coisas primordiais, o domínio e o comando da educação familiar que começa lá do berço. Pois vejamos, educação se resume em um conjunto de competências e habilidades munidas de valores familiares e emocionais que não são criados na hora da concepção de uma vida, não! Esses valores já vêm sendo concebidos há várias gerações e, com a inovação dos tempos, eles são adequados e globalizados. Todavia, são valores que podem ser até modernizados, mas que a essência nunca deve ser perdida, pois nela está o grande segredo de educarmos nossos filhos.
Digo que cada grupo familiar tem valores definidos para impregnar nos seus descendentes, para “treinar”, diariamente, o indivíduo e moldá-lo de acordo com suas práticas e regras familiares. Educar requer tempo, requer diálogos – ainda que, muitas vezes, sejam longos e repetitivos -. Entretanto, Educar requer, sobretudo, exemplos de valores comportamentais, acompanhados de atitudes e ensinamentos diários.
Dar exemplos práticos, ao meu ver, é a melhor maneira de educar um filho. Não descartando, logicamente, os conselhos, as conversas, as “punições”, os ensinamentos morais, que, sem dúvidas, ajudam na construção do caráter e fixação dos valore que queremos passá-los.
Contudo, nada melhor do que sermos espelhos para eles. Isso é a ponta da educação.
MAS EIS A PERGUNTA: POR QUE QUE HOJE A HUMANIDADE ESTÁ DESCONTROLADA? RESPEITO? HUMANIDADE? LIMITES? SENTIMENTOS? CRENÇAS? ONDE FORAM PARAR?
A impressão, muitas vezes, é a de que esses adjetivos saíram do cardápio da boa educação para dar lugar a outros adjetivos negativados e rejeitados pela sociedade, mas é esta mesma sociedade que está criando esses novos seres. Ora, acho que há uma redundância nisso. A sociedade, no amplo de suas instituições, cria, por vezes, seres totalmente à margem da educação e ela mesma os rejeita? Ou não sabe o que fazer com esses seres criados?
Quantas vezes escutamos “não sei mais o que fazer com meu filho”; “ele não obedece nem a mim, nem ao pai”; “esse não tem mais jeito” ou, até mesmo, o absurdo “desse já lavei as mãos”?
É a hora de refletirmos. Houve, para essas pessoas, o doutrinamento da educação desde os primeiros anos? Houve o desenvolvimento dos hábitos e das atitudes? E a sensibilidade de sentir o problema do outro e ajudá-lo? Houve a hora do não? Ou o “não” veio apenas agora depois de esgotados todos os “sim”?
É sabido que um indivíduo é educado com valores, diálogos, regras, com pais presentes e muito (muito!) amor. E, felizmente, sempre mostrando que a vida é feita de sabores e dissabores; de conquistas e derrotas; que o mundo tem milhares de pessoas; que cada um tem seu espaço a ser respeitado; e que poder nem sempre é querer (usando o clichê básico); e que a lei física da “ação e reação” funciona, perfeitamente, na nossa educação.
Talvez, a mais importante de nossas atitudes para com os indivíduos é a confiança. A confiança deve ser alicerçada no início da educação do ser e cultivada pelo resto da vida, pois ela dá a certeza que o indivíduo nunca estará só e que sempre estará ali a sua base o apoiando, ajudando a reergue-lo, caminhando lado a lado, servindo de fone de ouvido, sendo observador de suas ações e conselheiro das suas dúvidas.
E, por mais que pareça difícil educar nos tempos atuais, devido aos grandes números de influências externas que se infiltram naquilo que pregamos, exemplificamos e conduzimos os indivíduos para serem cidadãos dignos, responsáveis, competitivos, honestos e humanizados.Quando ele é educado, desde a infância, com esses princípios e essa mesma educação segue em linha reta até à fase adulta, há uma possibilidade expressiva da educação dar certo. Infelizmente, hoje muitas famílias delegam a formação do indivíduo para pessoas ligadas à família, à escola, à igreja, e, até mesmo, aos meios tecnológicos. Jogam seus filhos para o mundo sem a maturidade nem a orientação devida, formando, tristemente, uma geração de indivíduos perdidos na sua própria existência e milhares de pais desesperados, que não cansam de se perguntar: “Onde foi que eu errei?”
A resposta está na trajetória em que é conduzida a educação do seu ser.
Não tenhamos dúvidas: estamos errando – e feio – na educação das nossas crianças e adolescentes, causando, consequentemente, a perda seres adultos preparados para um mundo obscuro sobre o qual não sabemos quando vamos parar e qual será o fim. Fato!
Reginaceli dos Santos – psicopedagoga/ professora.