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Julgamento de Consciência!

Diante deste quadro mundial caótico, que experimentamos na presente hora, o bom senso pede que cada homem e mulher façam uma autocrítica, isto é, um julgamento de consciência da sua interioridade e do seu papel à luz deste cenário internacional sombrio, de caos total, com seus problemas de super população, crimes, racismo, drogas, crises econômicas, guerra, pobreza, fome e atos de terrorismo covardes.

Julgamento, a partir do pressuposto de que a razão humana tem consciência não só dos direitos do homem, enquanto pessoa humana e pessoa cívica, mas também dos seus direitos enquanto pessoa social inserida no processo econômico e cultural. É o julgamento de consciência centrado no equilíbrio entre o interesse individual e o interesse coletivo. Este equilíbrio não pode ser imposto de cima, como se fora um sonho totalitário de que fala Dostoiewsky nas páginas de Os Irmãos Karamazov.

Julgamento de consciência que leva o homem a pensar em plano mundial, considerar a espécie humana como um todo e o planeta como unidade de análise. Pensar, nunca é demais REPETIR, na injustiça social e na tirania política, no impiedoso assassinato de fetos humanos dentro do ventre, na maldade e cinismo dos vendedores de droga e dos produtores de pornografia, que fazem fortuna explorando a fraqueza das pessoas e à custa da ruína delas. Pensar nas vítimas do mal: os pobres; os famintos, os desabrigados e favelados que “vivem sob viadutos, pendurados em encostas, palafitas ou invadindo áreas públicas e privadas”. Os meninos de rua abandonados pelos pais, as crianças que não nasceram ainda, mas cujas vidas já são ameaçadas por causa de uma sociedade egoísta. Pensar na neurose massiva do tempo presente que leva o homem ao vazio existencial, nas minorias étnicas discriminadas, ou ainda no capitalismo ufano que põe à mostra seu lado mais desprezível, o de usurpar o labor do homem humilde.

Qualquer um, de nós, pode fazer um julgamento ou exame de consciência interrogativo: Por que tenho de pensar na situação do mundo? Por que me preocupar com as mazelas da vida? Não é bem melhor deixar pra lá, e deixar a vida me levar? Não! Urge que pensemos! Não importa se pensamos bem ou mal, pois afinal existe uma tragédia muito maior que pensar bem ou mal. É o trágico silêncio!

Pensar o Brasil, que caminha para a uma situação igual ou pior que a do México, onde um sistema de ilícitos, com avanço devastador do poder paralelo, domina grande parte do executivo, legislativo e do judiciário daquele país. Eu disse: grande parte! Não é a toa que o Sr. Trump quer fechar as fronteiras com o país vizinho. Lá todos sabem, que mesmo sendo os EUA detentor de alta tecnologia, não consegue debelar o tráfico de drogas e a rota de entrada e saída, no próprio EUA, via México que abastece 60% da cocaína consumida pelo mercado norte-americano. A mesma impotência se constata por aqui. À frente o fantástico negócio do tráfico e consumo de drogas em todos os lugares ou municípios dos rincões desta nação. Outro exemplo: o Jornal do Brasil, edição do 16.01.2017, fez uma interrogação que ressoa nas nossas consciências: “Por que o país FOGE da discussão sobre as causas dos massacres nos presídios?

Quando pensamos, alcançamos o patamar de quem tem opinião. No mundo, há muita informação e pouca, pouquíssima opinião. Quem pensa, procura e encontra respostas às questões fundamentais que o afligem, orientando-se na busca da verdade e na descoberta dos valores que dão sentido à sua vida
Quem pensa idealiza, arquiteta; afirma o que quer e o que não quer. Um exame de consciência, pode nos ajudar a sair dessa condição desumana, produto de tradições de pensamento onde a faculdade crítica foi adormecida e o julgamento abandonado, tendo como conseqüência uma sociedade completamente dominada por aqueles que determinam o que é bom ou mau, certo ou errado, justo e injusto.

Evoco, no ocaso dessa lânguida reflexão, a filosofia sofistica. Nesta corrente filosófica, onde a moralidade varia de uma cultura para outra, nada está mais longe do pensamento que a representação dum mundo sombrio, tedioso, onde tudo se repete, pois o pensamento sofístico evoca muito mais a recreação, o acontecimento de um prazer inesperado, e até proibido. Vivemos, no Brasil atual, à flor da pele, a encarnação da antiga filosofia sofística.

Francisco Assis dos Santos, Pesquisador Bibliográfico em Humanidades. E-mail: assisprof@yahoo.com.br

A Gazeta do Acre: