O mundo dos homens sapiens entrou numa rotina de desgraças sem fim. Só nos resta dar razão, sem querer ser antipático, a teoria sartreana de que “não há saída” para o problema humano. Mesmo que eu evocasse pessimistas do naipe dum Schopenhauer, para quem a vida não valia o investimento que se faz nela, ou ressuscitasse as teses macabras de Thomas Malthus, o mais violento dos pessimistas quanto ao futuro da humanidade, não conseguiria alcançar o tamanho do prejuízo que a gente do mundo presente, com seus atos danosos, faz a humanidade. Alias, se Schopenhauer respirasse o mesmo ar poluído que respiramos hoje, diria que a vida não vale um picolé de k-suco de morango ou de xarope de groselha. Eu mesmo perdi o gosto pela vida; estou enjoado das ações brutais da raça humana, tanto esforço de séculos de aprendizado para nada, perdemos a civilidade nesta mistura de crueldade e cinismo. A impiedade e os vícios das antigas cidades Sodoma e Gomorra são fichinhas diante da estupidez em que vivemos. Estou sem palavras e, a exemplo do Estado e da família, impotente diante desse avanço implacável da brutalidade e insanidade humana!
Um só exemplo crasso do que digo é o horrível problema prisional no Brasil. O tempo passa e a questão carcerária se agrava mais e mais, a exemplo de outros problemas sociais que nos afligem diariamente sem que tenhamos, na condição de sociedade organizada, uma solução pelo menos aceitável que nos garanta o mínimo de confiança nas instituições que administram o erário público, e olha que não é pouco o que se arrecada, através duma política tributária opressora, da já quebrada economia do cidadão comum. Sei que existem especialistas da área que tentam explicar, os inexplicáveis motivos que geram essa superlotação dos presídios que fazem estourar a todo momento, aqui e ali, nas “casas de detenções” motins que quase sempre acabam em mortes. A propósito, da chacina no COMPAJ em Manaus, das tantas falas e informações, aqui e ali, do Papa, inclusive, é assustador saber que 1 (uma) pessoa é assassinada por dia em prisões do País.
À luz de todos os dramáticos problemas porque passam os presos, notadamente os de pequenos delitos que cumprem penas temporárias em presídios superlotados, podemos refletir o estado degradante em que a raça humana se encontra no momento atual. É terrível a desvalorização do homem pelo homem. As minhas ilações são fundadas em fatos, destituída de visão filosófica. São fatos, mostrados a todos nós sobre o declino tormentoso do problema carcerário.
Essas constantes rebeliões são um reflexo da desordem social, que só é cuidada pelos responsáveis pelo aspecto do substrato econômico, com profundas repercussões negativas no corpo social. Há, por isso, uma distância enorme entre os discursos e a realidade social. Uma coisa é, repito, reflexo da outra.
Desse acontecimento terrível no COMPAJ, deve ficar ao menos, uma alertar para as nossas autoridades acreanas. Pois, a crise nos presídios por este Brasil afora, é tão séria que, pela ótica da boa vontade, não se vê uma solução para os problemas carcerários, prisionais, penitenciários, ou seja lá que nome se dê a esse sistema falido e quase insolúvel. É um nó que não desata. E o Acre está nessa!
Francisco Assis do Santos, Pesquisador Bibliográfico em Humanidades. E-mail: [email protected]