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Fé, simplesmente a fé!

É um hábito milenar, ao iniciarmos um novo ano, enchermo-nos de perspectivas, objetivos, metas, promessas e esperanças para que haja uma mudança de vida, com mais positividade e agregando a ideia de que o ano que chega, embora seja apenas uma mudança numérica, será diferente nesses aspectos.

Porém, por pura questão de realidade, um ano jamais seria igual ao outro. Como bem diz Lulu Santos em Como Uma Onda, uma de suas músicas mais conhecidas, “tudo muda o tempo todo no mundo”.

Repete-se em nossas vidas a lógica do mundo gramatical, no qual existem os três tempos verbais (passado, presente e futuro). Logo, o tempo que decorre em nossas vidas jamais volta, mas, naturalmente, tudo tende a se transformar de maneira independente às nossas expectativas, às crenças, às cores, ou, até mesmo, às ondinhas do mar. A pauta desse pensamento é: Nossos anseios e desejos, com a chegada do novo ano, tonar-se-ão realidade apenas com a força do pensamento positivista, apenas porque colocamos na nossa meta psicológica que esse ano vai ser diferente, que como uma varinha de condão, nossa vida se transformará em tudo que almejamos para o ano vindouro e, então, obteremos êxito?

Normalmente, passam-se os meses, troca-se o ano mais uma vez e nada – ou quase nada – muda. Porque, embora prometamos diversas mudanças para o ano subsequente, não é comum que, efetivamente, cumpramos as promessas para que as coisas aconteçam em nossas vidas. Toda nossa determinação, durante a passagem de um ano para o outro, parece-me ser usada com perspectivas e falsas promessas. Todo o resto – o destino, o futuro, as pessoas, as oportunidades não interpretadas, as consequências, o outro dia que poderia ser diferente sem a nossa mente preguiçosa -, a parte prática em si, fica acomodada em um equilíbrio mental entre o querer e a indisposição ao fazer para conseguir. Mas, mesmo assim, queremos que o ano seja diferente, seja, essencialmente, realizador e especial, trazendo muitas vitórias e ficando marcando como o “grandioso ano”.

Então vem a questão: Merecemos esse ano maravilhoso, idealizado e não realizado pelo nosso comodismo, pela nossa falta de fé?

Essa é a grande questão: a fé. Se não tivermos fé, em nada acreditamos. Sinto que falta o encorajamento para traçamos nossas metas e, verdadeiramente, trabalharmos para alcançá-las. Sem a fé, é impossível acreditar que a simples simpatia acontecerá, quiçá nossos grandes e desejados feitos.

A fé nos leva a erguer nossas cabeças, a crer em nosso potencial. Ela é decisiva na hora de optarmos, de abraçamos a oportunidade surgida ou rejeitarmos com serenidade as que não nos vai ascender. A fé é um sentimento alimentador de vidas e de esperanças. Com ela, temos perseveranças, acreditamos que, por mais que a coisa seja ruim, irá melhorar. A fé nos dá a sensação de que os altos e baixos da vida irão passar, que a dificuldade é momentânea. Esse sentimento que resume-se, etimologicamente, a um monossílabo tônico, tem o poder de mudar pensamentos, de saciar fome, de mudar a mais cruel das criaturas e as mais mesquinhas atitudes É através da FÉ que direcionamos nossa vida e a elevamos a outro plano. Por isso que podemos sonhar com a mais bela pirâmide humana que venha a existir em uma sociedade, porém, se não tivemos FÉ, continuaremos a viver a mesquinharia humana e na mais sombria realidade. Portanto, cultivemos e polarizemos a FÉ entre os povos, entre as nações, pois como bem diz a mensagem bíblica, em toda a sua essência: a fé move montanhas.

A Gazeta do Acre: