O conteúdo de conversas nos bastidores dos vídeos do dono da Telexfree, Carlos Costa, no Youtube, coletadas durante a Operação Orion em 2014, foram retiradas do sigilo pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região.
As conversas fazem parte das oito denúncias apresentadas no último mês pelo Ministério Público Federal à Justiça Federal no Espírito Santo.
Através do canal, Carlos Costa rebatia as acusações de que a empresa seria pirâmide financeira e para garantir estar preocupado com a liberação do dinheiro dos divulgadores.
Porém, nos bastidores, o discurso era outro e envolvia até ofensas aos associados. Em conversas com o sócio Carlos Wanzeler, o empresário zombava dos investidores, chamando-os de “povo burro”.
A expressão foi identificada durante um bate-papo pelo Skype, no dia 7 de abril de 2014, Carlos Costa afirma para Wanzeler que mais de 70% reinvestiu os ganhos. “…pode confiar em mim nesse número. eles sempre fazem isso e vc (sic) sabe disso… se não for mais. kkkkk. povo burro. kkkkkk”.
Os dois também conversaram sobre estratégias para mostrar legalidade no negócio. Uma das armas, segundo Costa, seria pagar impostos. “Isso seria como investimento para manter o negócio… pois provamos com impostos que temos clientes seja onde for no mundo…”, escreveu Costa para Wanzeler em janeiro de 2013 assim que veio à tona as investigações envolvendo a empresa.
Em várias mensagens, Costa e Wanzeler discutiam sobre o percentual de divulgadores que não pediam resgaste das remunerações conquistadas com o negócio e comemoravam o alto índice de reinvestimento na empresa.
Os empresários e mais 20 pessoas são acusados de cometer crime contra o sistema financeiro ao fazer da Telexfree um banco clandestino que emitia moeda eletrônica e a transformava em dinheiro de verdade. Eles também foram denunciados por lavagem de dinheiro, por usar laranjas por ocultar bens e por organizar pirâmide financeira e vender valores mobiliários sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários.
As atividades da Telexfree foram suspensas, a princípio, de forma liminar em junho de 2013 pela Justiça do Acre. Todos os bens dos sócios da companhia e de familiares, cerca de R$ 700 milhões em dinheiro, além de imóveis e carros, foram bloqueados.
De acordo com a denúncia do MPF, para continuar a captar recursos de investidores e manter altos lucros, os empresários burlaram essa decisão judicial, cadastrando novos associados, residentes no Brasil, por uma suposta rede americana. (Com informações do jornal A Gazeta do Espírito Santo).