A sociedade humana, pois que há também sociedade dos ratos entre outras espécies, dá sinais de exaustão quando o assunto é o combate às drogas e seu séquito de desgraça. O Brasil, só para falar do nosso quintal, quando a questão é consumo e tráfico de drogas ilícitas, vive debaixo duma condição estúpida e nada alvissareira. O consumo dessas porcarias, entre nós brasileiros, é de longe o primeiríssimo no planeta terra. Alastrou-se pelo País duma tal forma ou deformação que pesquisas da Confederação Nacional de Municípios (CNM) diz que 98% dos municípios brasileiros estão contaminados.
Nem o mais histórico dos pessimistas, do passado, poderia satanizar ou prognosticar que um dia grande parte, quiçá a maioria, da população brasileira seria escrava das drogas. Mesmo que eu evocasse pessimistas do naipe dum Schopenhauer, para quem a vida não valia o investimento que se faz nela ou ressuscitasse as teses macabras de Thomas Malthus, o mais violento dos pessimistas quanto ao futuro da humanidade, conseguiria alcançar o tamanho do prejuízo que essa cultura da droga, com seus efeitos danosos trazem aos que dela se servem. O fenômeno não é só privilégio dos grandes centros urbanos, é de caráter global.
Outra coisa, que a cada dia chama a nossa atenção é a idade dos usuários, jovens na faixa etária de 11 a 21 anos. Meninas são hoje “mulas” de espertalhões no País dos ilícitos. Brasil… zil,zil,zil! Alguns, dentre essa meninada inclusive, já comandam o tráfico de drogas, notadamente nas favelas cariocas.
Entretanto, por aqui não é diferente. Outro dia um policial militar, estudante de filosofia, me dizia que há um bairro famoso da cidade, que no passado tinha algumas poucas “bocadas”, mas que, atualmente, de cada dez (10) casas que abrigam famílias, oito (8) fazem o tráfico caseiro de drogas. E mais: é raro uma família deste bairro, que não tenha em seu meio, pelo menos, um membro com passagem pela penal. Uma desgraça social! Pode-se afirmar, sem perversidade, que é raro o mês, numa projeção otimista, em não haja morte por “acertos de contas” entre os comerciantes de drogas. O que fazer? Pois, de blá blá blás estamos todos cheios.
Pessoalmente, diria a Maria da Century, no lugar do Governo, eu não gastaria mais um centavo com publicidade “institucional”. Propaganda, diriam os antigos, com o objetivo de educar as famílias brasileiras, especialmente os filhos juvenis, a fugir da droga. Uma vez que a educação é o caminho para vencer esta mazela, etc. e tal. Está provado que, no Brasil, esse tipo de “solução” não funciona, pois falta ética e moralidade no governo. Deste modo, o problema se agrava a cada dia.
Então, o que deve ser feito pelo poder público, já que a igreja é impotente, a escola é inútil, as famílias, além de reféns, são fracas, o Estado é ineficaz. Nesse caso, temos que sair das teorias inúteis e investir de fato em homens e mulheres de caráter anticorrupção, fechar as nossas fronteiras. Hoje, temos tecnologia de ponta que podem cobrir grandes extensões de fronteiras. É uma vergonha, para nós da era cibernética, que na 2ª guerra mundial, 45, as forças japonesas, com suas lanchas antiquadas fiscalizassem grande parte das investidas das “forças aliadas” via Pacífico. Enquanto aqui, não temos condições de cobrir um rio com dimensões de igarapés, que separa o Acre dos países fornecedores de drogas, especialmente a Bolívia.
A minha teoria, pode ser simplória, mas se, hipoteticamente a Polícia Federal, dispusesse de dois (02) ou três (03) helicópteros. Lanchas possantes com aparato tecnológico e bélico dos mais sofisticados, entre outros acessórios de tecnologia de ponta. Polícias com seu quadro triplicado, com salários e vantagens iguais aos dos senhores deputados (por que não?) sem que precisassem fazer greves por melhores salários. Igualmente, se Policia Rodoviária Federal dispusesse dos mesmos recursos, essa farra dos traficantes nas nossas fronteiras sofreria um grande impacto
Saindo do campo da indignação, volto o meu cogito, provavelmente para a principal causa desse avanço irresistível do mundo das drogas. Para tanto, faço uso duma assertiva do professor aposentado (UNB) Argemiro Procópio Filho: “Drogas ilícitas e espécies nobres roubadas das florestas tropicais constituem a derradeira e sólida moeda de expressivo valor no intercâmbio entre países globalizados e globalizadores. Quanto mais LUCRATIVO o negócio, maior o número de pessoas interessadas nele! Nada reverte esta lógica capitalista.”
Francisco Assis dos Santos, Pesquisador Bibliográfico em Humanidades. E-mail: assisprof@yahoo.com.br