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POESIAS NOTURNAS

Obra poética do imortal da Academia Acreana de Letras – AAL, Eduardo de Araújo Carneiro – lançamento nesta sexta-feira, 30/06/2017, Centro Cultural TJ/Acre, às 19h30min. Convidamos a sociedade acreana.

LOUVORES AO AUTOR E SUA POESIA
Poesias Noturnas é um livro que contém 40 poemas, edificações permeadas pelo amor, a fé em Deus e pelos laços sagrados de familiares: a mãe e a filha. Essas construções, por si só, valem a adjetivação de fabulosas, isso porque o poeta, envolto no clima natalino que perpetua sua alma, traduz a emoção em palavras, as quais são retransmitidas novamente para as pessoas que ele ama. Ao Deus Pai, assim se dirige (p.15): A tua presença/Era tudo o que mais ansiava/E pela viração do dia,/Ao teu lado eu sempre estava/ Pois no teu jardim/Descanso e abrigo eu encontrava.

Em outra passagem, declara-se à mãe querida, que lhe deu vida (p.17): Mãe, cadê você?Saudade de quando o teu amor e afeto me bastavam/Quando os teus seios me amamentavam/e os teus dedos, no meu rosto, me acariciavam, e os teus sentimentos em mim se materializavam/Nem precisava me dizer “eu te amo”/Pois percebia que tuas forças eram gastas comigo todos os anos. Declara amor à filha a quem fecundou a vida (p.19):Oh, minha pequenina/ Vou sempre te amar/ Ao teu lado/ Sempre vou estar,/Em meu colo/ Sempre poderás se jogar/ Entre os meus braços, Eternamente iremos brincar.

E ao falar aos amores maiores (mãe e filha) o poeta se mostra criança, ao tempo em que busca e quer dar colo, não importando à cronologia dos anos, o tempo de vida, a formação intelectual. É o homem que ama a mãe, ama a filha e nelas projeto o amor, a saudade, os sonhos de felicidade. É um ser mortal com os sentimentos e sonhos do mundo. E, nessa breve introdução do livro, faz-nos recordar uma famosa frase de Lamartine (innocence et beauté!):“Dieu, amour et poésie sont les trois mots que je voudrais seuls graver sur ma pierre, si je mérite une pierre”. (Inocência e beleza!).( Deus, amor e poesia são os três nomes que irei gravar sobre minha lápide, se eu tiver o mérito de ter uma).

Entende, ele, na construção dos poemas, que a poesia sem o Amor é como uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço. É o poeta embebido na beleza das palavras que traduzem sentimentos, vida, o palpitar de seu terno coração.

O leitor poderá saborear, embevecido, o sonho cantado em cada verso desta maravilhosa obra poética. Isso porque o sonho parece ser a mais genuína das formas de o ser humano expressar seus desejos, anseios, inclinações e motivações. Eu diria, ainda, sem conhecer profundamente a origem desse fenômeno, que são os sonhos que movem os seres humanos. Talvez sejam mensagens de Deus, plantadas em nossa mente, que sirvam para nos direcionar na vida, para dar sentido à existência. Por isso, sonhar é tudo. Não sonhar mais talvez seja uma das primeiras evidências de que abandonamos a vida e esperamos a morte.

Sonhar não é algo novo da vida moderna. Desde épocas remotas, o ser humano vem se questionando a respeito do sonho. A própria Bíblia, está permeada, tanto no Velho como no Novo Testamento, de histórias onde um “ser” aparece na noite para indicar caminhos, quebrar grilhões, trazer soluções. Mesmo os povos primitivos costumavam descer ao recôndito de suas cavernas e dormitar sobre os túmulos dos antepassados ou sobre as peles de animais oferecidos em sacrifícios, na esperança de conseguir curas através dos sonhos.

Mas não somente de sonhos trata o livro “POESIAS NOTURNAS”. Num mergulho mais denso sobre a poesia de Eduardo de Araújo Carneiro, vislumbram-se, também, as dores de amor, essas mesmas dores que suscitam tantas lágrimas nos divãs dos analistas, são temas recorrentes em muitos poemas. São versos que muito falam do interior do poeta, ferido pela ‘ausência’ do ser amado. Nota-se, ainda, a exposição da vontade humana do poeta em voltar aos “belos tempos de amor”, dos quais sente saudade. Aqui, lembra Álvaro de Campos ao usar artifícios de narração que abrilhantam ainda mais sua poesia: É por isso que precisamos saber/Até que ponto o nosso relacionamento/Não passa de uma mera ilusão/Pois ficarmos assim tão afastados/Não combina com o desejo da paixão.

Há, em outros momentos, um poeta deserto a dizer (p.21): Hoje me peguei pensando em você/ pensando em nossa história,/ em nossas vidas/ em nosso amor/Meditei, refleti e conclui: Te amo demais. É uma declaração de amor e n’Ela basta uma noite, apenas uma, para fazer de um homem um Deus! Ah! Esse sublime e sonhado Amor, aqui, ora escondido, ora declamado e sonhado.É como diz Victor Hugo: “La beauté sur ton front, et l’amour dans ton coeur”.(A beleza sobre teu rosto, e o amor dentro do teu coração). A fascinante conquista! Oh! si elle m’eût aimé. (Oh! Se ela me amasse…)

Afianço, ainda, que em “POESIAS NOTURNAS’, o poeta, tal qual numa epopeia, é o cavaleiro que ganha contornos de herói, por lidar com perdas, saudades, sonhos, fantasias, conquistas, acontecimentos que enobrecem a ele autor, ao leitor e a toda coletividade que mergulha nessa poesia e consegue sublimar nos versos de Eduardo de Araújo Carneiro os sonhos de amores particulares de cada ser. É uma obra que adorei ler e recomendo aos leitores para a construção de um mundo harmônico, poético, amoroso, sonhador, feliz. Também agradeço ao autor a honra concedida em tecer essa breve crítica literária, mesmo não sendo uma literata de medida.
Por fim, o poeta é homem: Homo sum, como dizia o célebre Romano, vive na terra. Ele ‘Vê, ouve, sente e, o que é mais, sonha de noite as esplêndidas visões palpáveis de acordado’. O poeta tem nervos, tem músculo e tem artérias – isto é, antes e depois de ser um sujeito idealista, é um ente que tem corpo, veias, sangue. E disso tudo faz seu canto poético. É um livro fabuloso, que a Academia Acreana de Letras recomenda a leitura.

Luisa Galvão Lessa Karlberg – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Presidente da Academia Acreana de Letras; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro perene da IWA; Professora aposentada da UFAC; Embaixadora da Poesia pela Casa Casimiro de Abreu; Pesquisadora DCR – CNPq/FAPAC; Poeta, Escritora.

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