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Ministro que não leva a saúde a sério

Pelo bem da classe médica e como presidente do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC), decidi participar do evento realizado para a visita do ministro da Saúde, Ricardo José Magalhães Barros, na Associação dos Municípios do Acre (Amac), na segunda-feira (26). No Encontro, apresentei o pedido da entidade por melhorias no Sistema Único de Saúde, como mais medicamentos para a população, carreira de estado para médicos para suprir as regiões mais afastadas, maior agilidade na conclusão de obras dos hospitais que completam décadas e não são entregues, além de reafirmar o meu protesto contra a violência que acaba vitimando todos servidores da saúde e pacientes.

Sentindo-se cobrado pela falta de condições e de segurança para o bom e eficiente desempenho do trabalho médico, o ministro da Saúde entendeu por bem apelar para o discurso fácil do “descompromisso” dos médicos e da prática do ganhar mais sem trabalhar o suficiente, atribuindo a esse “atendimento” as agressões, furtos, assaltos à mão armada, arrastões e ferimentos a bala suportados por todos os servidores que atuam nas diversas unidades de saúde da Capital e do interior do Estado.

Certamente por ser leigo, o ministro desconhece o quadro caótico em que a Medicina é praticada em todo o Estado, desprovido de meios e recursos que permitam à população ter água tratada, coleta de lixo, esgotamento sanitário, alimentação condigna, centros de recreação, escolas de boa qualidade, etc., condicionantes essenciais para uma vida cidadã digna, saudável e produtiva.

O gestor demonstrou despreparo em atuar, como o maior administrador da saúde, ao criticar profissionais obrigados a trabalhar sem o indispensável suporte técnico de pessoal e instrumental para auxílio diagnóstico. Ele ignora que as unidades de saúde estão deterioradas, não possuem laboratórios, raios-X, medicamentos, leitos decentes, alimentação condizente com os tipos de pacientes internados e, sobretudo, superlotadas. Tudo isso não é por culpa dos médicos, mas pela completa ausência da gestão pública, empenhada em outros afazeres mais rendosos politicamente, notadamente porque, na saúde, toda a culpa sempre é atribuída aos médicos, enquanto elefantes brancos continuam em seu letárgico processo de construção.

Todas estas absurdas e perigosas condicionantes demonstram um ministro, de um governo investigado pela operação Lava Jato, que não beneficiará a população com saúde de qualidade e que está preocupado apenas em mostrar números, repetindo os mesmos erros das administrações anteriores, debochando dos eleitores ao desrespeitar os servidores que todos os dias atuam nos hospitais brasileiros.
Ribamar Costa, Presidente do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC)

A Gazeta do Acre: