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Costureiras aproveitam época de festas juninas para ganhar renda extra

 Neste período de festas juninas, as roupas tipicamente caipiras são um artigo bastante procurado por pessoas de diferentes idades. Os trajes típicos são um espetáculo à parte no momento em que a quadrilha se apresenta. Por isso, a maioria dos participantes quer uma roupa bonita e única.

Pensando em ganhar uma renda extra, há dois anos as costureiras de um ateliê, localizado num box do Terminal Urbano de Rio Branco, decidiram confeccionar roupas juninas. Cada vestido demora cerca de 40 minutos para ficar pronto. A média de valores varia de acordo com o tamanho da roupa, que pode ser comprada a partir de R$ 50.

Para a família da Dona Francisca Hall, de 56 anos, é muito mais que unir pontos de agulha e fazer roupas, a profissão é mantida há várias gerações.

De tanto ver a mãe costurando, as filhas Maria de Jesus, conhecida como “Neguinha”, de 37 anos, e Dione Hall, 35 anos, seguiram os caminhos da matriarca.

Neguinha explica que o principal diferencial entre os trajes caipiras vendidos nas lojas e os confeccionados no ateliê é o preço. O lucro mensal em junho e julho aumenta cerca de 15% em relação aos outros meses do ano.

“Você não encontra um vestido desse com babado e cetim por esse valor. Esse é o valor pra fazer, mas como nós aproveitamos muitos retalhos conseguimos fazer esse preço. E ainda tem gente que acha caro.”

A maioria das roupas juninas é feita para crianças e adolescentes, porém, o ateliê trabalha confecções para todas as idades, independente do sexo. Este ano, as costureiras utilizaram as redes sociais para divulgar o trabalho. A iniciativa deu tão certo que elas precisam fazer semanalmente um estoque antes divulgar as roupas.

“A procura aumentou muito. Os vestidos que eu postei ontem (terça-feira, 27) foram todos vendidos. Você tem que postar e ter o produto porque se não tiver a gente acaba perdendo o cliente. Por isso sempre temos vestidos prontos”, contou Dione.

Engana-se quem acha que o valor mínimo por peça é de R$ 50. Dione diz que dependendo da quantidade de roupas compradas, o cliente ganha desconto. “Tem mãe que chega aqui com cinco crianças e não tem condições de comprar um vestido caro. Então, para que todos saiam com a roupa, nós damos desconto sim. Ninguém fica sem levar”.

Neste período de maior demanda, o trio de mãe e filhas trabalha dobrado. A criação e confecção de roupas juninas não param. O telefone toca a cada cinco minutos e a alegria está estampada no sorriso das costureiras, afinal de contas, para elas, é época de ganhar uma renda extra.

Quem tiver interesse em ver os vestidos de festa junina ou encomendar alguma peça específica deve entrar em contato por meio do telefone (68) 99228-6629/ 99927-2215. O box fica localizado ao lado do Terminal Urbano de Rio Branco – Centro.

Amor pela costura

Há 40 anos, Dona Francisca trabalha com a confecção de roupas, mas o amor pela costura surgiu logo na infância quando ela costurava roupinhas para suas bonecas todos os dias. “Todo final de semana minhas bonecas tinham que vestir roupas novas, tudo roupa diferente, não podia ser igual”.

Ainda na juventude, Francisca começou a costurar, por prazer, para as crianças do seringal em que morava, no município de Boca do Acre e, somente após casar começou a cobrar pelo seu trabalho.

“Meu marido não tinha emprego e eu falei pra ele que eu ia costurar. Todo mundo gostou do meu trabalho. Eu fazia roupas de festa, para casamentos, festa de 15 anos. Depois comecei a trabalhar com roupas da moda e vim morar em Rio Branco, foi quando montei minha primeira barraca de costura.”

Hoje, o ateliê da Dona Francisca conta com 15 máquinas de costura. Ela garante que o grande diferencial do seu trabalho é o tempo de espera. Enquanto a maioria das costureiras demoram dias para fazer um conserto, por exemplo, ela pede para que o cliente aguarde e resolve o problema na hora.

“Aqui tudo é na hora. Até vestido, dependendo do modelo, nós fazemos na hora. Quando não entregamos na hora, entregamos no mesmo dia”, acrescentou.

Apesar de ser apaixonada pelo seu trabalho, a costureira relata que a profissão não é mais tão valorizada como antigamente. Outra queixa dela é a falta de programas governamentais que incentivem o crescimento da área.

“Às vezes, eu fico muito triste, porque a costura é uma coisa que eu gosto. Faço roupas que muitas vezes eu nem acredito que eu fiz de tão linda. Hoje, a costureira não tem mais valor. Ultimamente, a costura só está dando pra gente viver mesmo. Agora as pessoas preferem comprar roupas nas lojas”, lamentou Dona Francisca.

 

 

 

 

A Gazeta do Acre: