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Inclusão de alunos com deficiência é tema de pesquisa de professor do Ifac

 

Falar de inclusão escolar é delicado, mesmo com as inúmeras possibilidades de mudança no cenário educacional. Incluir alunos com necessidades especiais ainda é um desafio para muitas instituições.

Após experiências com alunos surdos, o professor César Gomes de Freitas, de 41 anos, decidiu aprofundar-se sobre o atendimento oferecido aos alunos com deficiência no Instituto Federal do Acre (Ifac), onde trabalha desde 2012. A pesquisa virou sua tese de doutorado que lhe deu o título de Doutor em Ensino.

Até 2012, o professor nunca havia atendido alunos com deficiência. E logo no primeiro semestre de trabalho na instituição acreana, deparou-se com dois estudantes surdos na mesma turma. Na época, a dificuldade de adaptação para atender as necessidades daqueles alunos foi minimizada com o auxílio de interpretes.

“Em um primeiro momento, a sensação foi de receio, para em seguida ser invadido por uma terrível sensação de impotência e despreparo. Uma segunda experiência com alunos surdos, no segundo semestre de 2012, foi ainda mais problemática. Novamente foi atribuído uma turma com uma aluna surda, agora em outro campus do mesmo Instituto Federal, porém, sem intérpretes de libras por não haver profissionais disponíveis no mercado. Sem a presença de um interprete de libras, fundamental para o processo ensino-aprendizagem do aluno surdo, a estudante acabou por trancar o curso naquele semestre, felizmente retornando em outro momento quando já se disponibilizava os profissionais interpretes”, conta.

As experiências problemáticas o motivaram a buscar mais informações sobre o assunto. Em sua tese, Freitas aborda a percepção dos interpretes de libras em relação ao atendimento dos alunos surdos e as condições oferecidas pelo Ifac para o atendimento educacional desses estudantes. O professor destaca que a instituição está em processo de aprimoramento contínuo nesta área, conquistando vários avanços ao longo de sua pesquisa, que durou três anos.

Mas, qual o objetivo da pesquisa? Freitas explica que a ideia é estabelecer metas, desenvolver e/ou propor estratégias, cursos de formação continua para os professores visando facilitar a inclusão dos estudantes com deficiência.

“Os resultados alcançados indicam que o caminho para alcançar uma inclusão efetiva dos alunos com deficiência e um ensino de qualidade ainda é longo, mas pode ser encurtado pelo esforço, participação e interesse de todos. Os resultados demonstram que a hipótese levantada pela experiência docente do pesquisador, ou seja, a necessidade de aprimoramento das condições de atendimento aos estudantes com deficiência na instituição analisada foi confirmada.”

Para o professor doutor, é necessário realizar novas pesquisas sobre o tema para continuar o processo de inclusão e conscientização dos profissionais envolvidos, tanto docentes como técnicos.

“Tenho interesse em realizar pesquisas na rede estadual e municipal para contribuir para o aprimoramento constante do atendimento aos alunos com deficiência em nosso querido estado do Acre”, afirma.

Profissionais no Acre

Em 2005, com a criação do Centro de Apoio ao Surdo (CAS), a rede pública de ensino contava apenas com três intérpretes. Hoje, mais de 70 profissionais atuam como intérprete em todo o Acre, segundo dados da Secretaria de Estado de Educação e Lazer (SEE).

Somente este ano, a Central de Interpretes de Libras (CIL/Ac) realizou cerca de 70 atendimentos por mês. A previsão é que ainda este ano seja implantada uma nova Central no Vale do Juruá, em Cruzeiro do Sul, onde quatro intérpretes atuam na rede pública. A ideia é continuar expandindo a inclusão e acessibilidade em todo o Estado.

FOTO/ ARQUIVO PESSOAL
A Gazeta do Acre: