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Pai e filho dividem o mesmo amor pelo Direito e lecionam juntos em faculdade

 

A psicologia afirma que as crianças se espelham, na maioria das vezes, nos pais. É na infância que, geralmente, as pessoas criam seus heróis e a figura do pai presente é essencial para a inteligência emocional delas.

Certamente, você já deve ter ouvido alguém falar que “pai é quem cria”. E a afirmação não está errada. Ser pai é dar carinho, educação e exemplo. O título vai muito além da nominação.

E quem nunca sonhou em seguir os passos do pai? Quem nunca brincou de ser gente grande e fantasiou ter a mesma profissão do herói de casa?

O professor de Direito Civil e advogado Renato Augusto Fernandes Cabral Ferreira, 28 anos, levou adiante esse sonho. Hoje, ele e o pai, o juiz de Direito e professor Cloves Augusto Alves Cabral Ferreira, 47, lecionam na mesma faculdade.

Pai e filho levam educação e conhecimento a dezenas de acadêmicos que visam se formar na área jurídica.

Renato Ferreira é o filho mais velho de Cloves. Ele afirma ter muitas lembranças do pai, memórias essas que o levaram a chegar até onde está.

“Ele nasceu no Rio de Janeiro. Teve uma infância pobre e veio para cá ainda novo. Foi um grande vencedor. Aproveitou as boas e grandes oportunidades. Estudou em colégio militar. Foi aprovado em concurso público para a Polícia Civil em 1987, em Rondônia. Em 1993 ingressou na Justiça Federal. Em 1996 ingressou na magistratura acreana como juiz. Então começaram as inspirações”, narra.

O jovem professor revela que desde pequeno se sentiu atraído pelo mundo jurídico, graças ao pai. No entanto, ser juiz acabou sendo um plano deixado de lado com o tempo. “Logo no início, como todo bom filho, eu queria ser igual ao meu pai. Mas, depois, eu comecei a ver a rotina puxada dele e percebi que a magistratura não era algo que me chamava atenção. Às vezes, ele não tinha muito tempo para ficar com os filhos por conta do trabalho. Contudo, sempre que tínhamos oportunidades, nós saíamos juntos, pescávamos, jogávamos bola”.

No colegial, Renato já sabia o que queria seguir. Logo, ele ingressou no curso de Direito e, atualmente, trabalha com advocacia, que é o que gosta de fazer. “Peço bastante ajuda a ele. Quando tenho petições difíceis sempre trocamos ideia”.

O filho mais velho revela que almeja superar o pai no conhecimento e que encontrou na docência uma forma de conseguir isso, além de passar mais tempo com Cloves. “Vejo que ele é uma pessoa que não parou no tempo, não se acomodou. É tanto que meu pai é juiz criminal e dá aula na esfera cível, é professor de Direito Civil. Uma vez ele me disse que não gostava de Direito Civil, por isso resolveu dar aula disso, para se desafiar”.

Cloves Ferreira dá aulas na Faculdade da Amzônia Ocidental (FAAO) há mais de dez anos. Recentemente, Renato ingressou no mesmo local para também lecionar.

“Aqui na faculdade, a gente tem essa oportunidade de estarmos mais juntos. É claro que há aquela comparação em relação a pai e filho, mas, para mim, é algo muito bom. Sinto que na docência é mais fácil chegar próximo a ele. A questão é que o homem não para de estudar e está fazendo doutorado agora. E, nas horas vagas, ele gosta de ler. Então, o sonho de superá-lo está um pouco distante. Talvez alcançá-lo ainda dê tempo”, disse entre risos.

Dos filhos de Cloves, apenas Renato seguiu a mesma área profissional. Gabriel, o filho mais novo, cursa Engenharia Civil, a filha do meio, Cristina, faz Engenharia Elétrica e Daniel, apesar de já ter terminado o curso de Direito, não pretende seguir a área jurídica.

Neste Dia dos Pais, Renato, que tem um filho de quatro anos de idade, Davi Augusto, em nome dos irmãos, deixa uma mensagem de amor e carinho ao homem que o ensinou a buscar sempre mais na vida: “Para nós, ele é um grande campeão. É nosso amigo e nosso herói”.

Juiz de Direito e professor, Cloves é considerado um vencedor pela família – FOTO ARQUIVO PESSOAL
Além de pai amoroso, Cloves é apaixonado pelo mundo jurídico – FOTO ARQUIVO PESSOAL
A Gazeta do Acre: