[dropcap]Q[/dropcap]uem não lembra da sensação de uma conversa contínua e agradável. Um papo eventual e descontraído, sem alertas de assovio ou as interrupções de celulares vibrando em seu bolso. De sair com amigos e realmente conversar com eles, só com eles, sem a preocupação de “stalkear” o que os outros estão fazendo. E o assunto da mesa que seja improvisado e imprevisível, sem girar em torno do que fulano ou cicrano postou no Face ou das tretas nos grupos do Whats.
Não faz muito tempo, mas assim eram as coisas antes. E não eram a 100; 50 anos atrás. Eram há 10; 5 anos. Apesar de pouco tempo, já parece uma realidade distante, quase remota.
O avanço tecnológico, aliado as inovações no processo de comunicação e carências sociais, tornou a atenção das pessoas de hoje fragmentária e facilmente dispersiva.
Estar com alguém já quase não é mais um “estar” de verdade. As sutis nuances de se comunicar pela linguagem corporal, pelo tom da voz, pela expressão do estado de humor ou só pelo olhar já quase não existem mais. Tudo isso passa despercebido, diante da atenção dividida entre o celular e a pessoa à sua frente.
Interação social é mais do que Facebook, Instagram, Snap ou quaisquer outras mídias sociais. As formas de expressão vão além de post e storyies! Mas hoje essas coisas se confundem com superficialidade. Por isso, muitos são um arraso nas redes sociais, agentes ativos em suas opiniões e brincadeiras, mas meio vazios ao vivo e a cores. Uma espécie de “propagando enganosa”.
Não tenho problema com nada disso. Cada um é e faz o que bem entende. As consequências de ser alguém que pauta sua vida por redes sociais ficam a par de cada um que assim o faz, na intensidade que o faz. Como eu disse, só sinto saudades às vezes de um tempo quando as coisas não eram “tão” assim. Saudosismo este que me leva a uma iminente preocupação: e o amanhã? O que vem a seguir? O que vai pautar nossas formas de interação e relacionamento?
Creio que às vezes é melhor tirar da cabeça este tipo de preocupação, pois, é como dizem, às vezes a ignorância é uma benção.
Estar com alguém já quase não é mais um “estar” de verdade.