[dropcap]O[/dropcap]s valores da sociedade atual têm mudado sobremaneira. O que antes era alarmante para alguns, hoje não passa de hábito e o sentido que damos às ideias, sentimentos e relações é muito diferente do que dávamos em tempos atrás. A noção de tempo nos proporciona mudanças, sim, mas todos devemos concordar que têm sido de uma velocidade assustadora, especialmente no que diz respeito aos conceitos de ética, costume e moral.
O mais interessante dessas mudanças sociais é que somos os mesmos que criticamos e que fazemos parte, os mesmos que se assombram com as inversões de valores, mas que os fazem tomar novos sentidos. O que era inadmissível há 30 anos, como sexo antes do casamento, gravidez na adolescência, corrupção, uso de substâncias entorpecentes, desvalorização de profissionais da educação ou qualquer outra área, hoje, no século do conhecimento, é notoriamente aceitável, compreensível e sempre, sempre, justificável.
Já pararam para pensar que temos sempre um argumento pronto para tudo que pode parecer transgressor, antiético, amoral? Temos porque esses conceitos não se justificam mais. Há sempre um “mas não é a primeira nem será a última”, “a vida é para ser vivida”, “rouba, mas faz”. Desse modo, devemos nos perguntar: o que nos credencia como alguém de caráter? O que nos torna um cidadão que coopera com a construção de uma sociedade digna de se viver? Religião? Família? Escola?
O fato é que cada um de nós tem seus próprios valores e as noções de certo e errado não convivem harmoniosamente com eles, uma vez que é na subjetividade que residem. Porém, não podemos prescindir de respeitar o limite alheio, de olhar para cada sujeito como um mundo de possibilidades, verdades individuais e sentimentos que devem ser, no mínimo, tolerados.
Assim, o maior desafio da vida em sociedade é tratar coletivamente dos interesses que são individuais a cada um, seja na sala de aula, em casa, na política, nos relacionamentos. Eis o grande “pulo do gato”, atingir positivamente a sociedade, mas, em especialmente, a cada indivíduo. Como agradar a todos sem ferir seus princípios? Como ser do bem sem invadir o que o outro considera do “mal”? Vamos à prática do exercício mais difícil dos tempos atuais: viver com respeito, tolerância e dignidade.
“Vamos à prática do exercício mais difícil dos tempos atuais: viver com respeito, tolerância e dignidade”