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“Dia Internacional da Filosofia”

“Este é o legado da Filosofia que o mundo do presente século

recebe, diria Sêneca, se aqui estivesse.”

 

Dizem, por aí, que 16 de novembro é o Dia Mundial ou Internacional da Filosofia. A data foi sugerida e introduzida, em 2002, pela UNESCO. Com fim louvável de honrar a reflexão filosófica em todo o mundo através da abertura de espaços livres e acessíveis. Seu objetivo é incentivar os povos do mundo a compartilhar sua herança filosófica e abrir suas mentes para novas idéias, bem como para inspirar um debate público entre os intelectuais e a sociedade civil sobre os desafios enfrentados em nossa sociedade.
Muito bem. Que assim seja!!
Acompanho o desenvolvimento da Filosofia, como ciência, desde a minha adolescência. Ingressei muito cedo na Escola Salesina São Domingos Sávio, em Manaus. Fui membro do “pequeno clero”, composto de jovens consagrados ao santo sacramento. Assim, ajudei diretamente na celebração de missas, oficiadas em latim: “Ora pro nobis” e “ In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti…”. Estive com o pé dentro do Seminário São José, em que pontificava mais o estudo da filosofia que o da teologia católica. As circuntânscias da vida não me permitiram continuar. Deixei de lado a ideía de ser padre, como queria minha mãe, contudo permaneci fiel as duas magnas ciências: Teologia e Filosofia. Hoje, fiel a minha vocação, dirijo aqui em Rio Branco, uma Escola Superior de Educação Filósofica, credenciada pelo MEC há 12 anos. Uma longa caminhada!
Entrementes, foi um choque, em meados da década de 60, no ápice da minha juventude, quando vi com tristeza o governo militar brasileiro suprimir o ensino de filosofia nas escolas de Ensino Médio e dificultar, de tal modo, o mesmo ensino, em nível superior, nas universidades, por entenderem que a filosofia era uma forma de saber perigosa nas mãos dos cidadãos comum.
Felizmente, para o bem da humanidade, hoje é rarríssimo não encontrar, em nossa cultura secular algo que não tenha seu berço na Grécia. Escolas, ginásios, aritmética, geometria, história, retórica, fisíca, biologia, anatomia, higiene, terapia, cosmético, poesia, música, tragédia, comédia, filosofia, teologia, agnosticísmo, ceticismo, estoicismo, epicurismo, ética, política, idealismo, filantropia, cinismo, tirania, plutocracia e democracia; são palavras gregas que designam formas de cultura originadas, para o bem e para o mal, pela exuberante energia dos gregos. Todos os problemas que hoje nos preocupam: o desflorestamento e a erosão do solo; a emancipação da mulher e a limitação da família; o conservantismo e desmoramento da moral; os experimentos da música, da política e dos governos; as corrupções da política e as perversões da conduta; o conflito entre religião e a ciência e o enfraquecimento dos dos fundamentos sobrenaturais da moralidade; as guerras de classes e de nações e continentes; as revoluções dos pobres contra o poder econômico dos ricos, e dos ricos contra o poder político dos pobres; as lutas entre a democracia e a ditadura, entre o individualismo e o comunismo, entre o Oriente e o Ocidente. Todos esses problemas, documenta a História da Filosofia, agitavam a brilhante e turbulenta vida da antiga Hélade. Assim, não há nada, em absoluto, na civilização grega que não traga luz à nossa. Este é o legado da filosofia que o mundo do presente século recebe, diria Sêneca (4 ou 5 a.C. – 65 d.C) se aqui estivesse.
Mas, por que e para que estudar filosofia? Uma boa resposta a esta pergunta, seria porque: a filosofia, à luz da lógica, livra a mente dos preconceito e ensina princípios para a ação correta; porque, no dizer de Remo Cantoni (1914-1078) personalidade eminente da cultura italiana das últimas décadas,a Filosofia insere o acadêmico na luta contra os preconceitos raciais, contra o espírito tribal, contra a sociedade fechada, contra as ideologias sectárias, contra os mitos patológicos do nacionalismo, do colonialismo, contra as visões particulares, estreitas e restritivas ao homem.

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