BRUNA MELLO
Uma noite especial com o amor ou uma viagem de férias com os amigos são programas planejados com antecedência para que nada dê errado. Mas, o que fazer quando a menstruação desce sem avisar? Para a maioria das mulheres os incômodos relacionados a esse período são um verdadeiro ‘tiro no pé’, podendo acabar com os planos para os dias seguintes.
Segundo uma pesquisa do Datafolha, realizada pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), em parceria com a Bayer, 89% das brasileiras entre 18 e 35 anos declararam que se sentiriam confortáveis em poder escolher quando menstruar.
Dor de cólica, mudança de humor, inchaço, desequilíbrio hormonal. São alguns dos sintomas da tensão pré-menstrual que incomodam milhares de mulheres. O estudo mostra que 55% das entrevistadas não gostam de menstruar, sobretudo pelo incômodo e pela cólica. Já outros 45% dizem gostar de menstruar, alegando “se sentir saudável” ou como um fato natural.
Ainda segundo os dados, caso pudesse decidir quando menstruar, 34% disse que o motivo seria ter a certeza de que a escolha não traria riscos à saúde. O segundo motivo mais apontado foi a diminuição das dores pré-menstruais e o aumento da disposição. Além disso, 15% preferem a garantia da redução dos efeitos da TPM e 10% se apoiariam na liberdade de não se preocupar quando for à praia e/ou piscina.
Apesar de um terço das entrevistadas ter dito que gostaria da flexibilidade de escolher quando menstruar desde que não houvesse riscos a saúde, a verdade é que controlar a menstruação ou até parar de menstruação pode trazer benefícios para a saúde. É o que diz o ginecologista e obstetra, Dr. José Bento.
“Além de ser um método contraceptivo, a pílula anticoncepcional é uma maneira de cuidar da saúde da mulher, preservar a fertilidade. Mulheres que tomam pílula têm menos infecções genitais, menos chance de ter cistos ovarianos, menos chance de ter endometriose”.
Sobre o fato de algumas mulheres acharem “saudável” ou “natural” menstruar, o especialista rebate dizendo que se trata de um mito. “A menstruação é um fenômeno da mulher moderna e elas estão se dando conta disso, não querem mais menstruar. Elas foram ensinadas que a menstruação é alguma coisa boa. Se você quer saber se está com saúde ou não vá ao médico que ele vai dizer, se quer saber se está grávida você não precisa menstruar, é só comprar um teste na farmácia. A mulher não foi feita para menstruar”.
Outra grande maioria do público feminino, que não possui recomendação médica, acredita ser necessário realizar pausa entre as cartelas. O presidente da Febrasgo, o Dr. César Fernandes, afirma que pausas não são indicadas.
“As mulheres costumam usar pílulas por longos períodos, antigamente era recomendado fazer pausas. As pausas não são recomendadas. Se a mulher usa pílula durante um ano, ela passou por um período de adaptação, de equilibro organizo e de coagulação, e não é recomendado, ao contrário, é contraindicado que essas mulheres façam pausas nas pílulas. Se ela pausar, o reinicio vai trazer prejuízo para essa paciente em comparação ao uso contínuo”, explicou.
O poder de escolha
A pílula anticoncepcional chegou ao mercado em 1960 e revolucionou a vida da mulher moderna, oferecendo a ela autonomia sobre o próprio corpo. De acordo com a pesquisa, entre as mulheres que usam algum tipo de método contraceptivo, a pílula é o mais comum com 34% do total, seguida da injeção hormonal 15% e preservativo 7%. Metade das entrevistadas já emendou uma cartela em outra. Férias e lazer foram os principais motivos.
Pensando em atender aquelas que querem usar o anticoncepcional de forma flexível e segura, a Bayer lançou o Yaz Flex, o primeiro contraceptivo oral de baixa dose com o ciclo flexível que permite a mulher escolher quando menstruar. O uso da pílula é combinado com um aplicativo que permite que a mulher controle seu ciclo. O medicamento foi apresentado à imprensa na última quarta-feira, 22, em São Paulo.
“Esse é o primeiro aplicativo aprovado pela Anvisa que fala exatamente o que a mulher tem que fazer quando esquecer de tomar a pílula. A Anvisa enxerga o app como uma bula dinâmica porque ele tem um tutorial muito simples. Um aplicativo exclusivo de forma segura e orientada”, disse o gerente de Produtos da Bayer, Cleidson Marques.
Além de orientar em caso de esquecimento, o aplicativo avisa o horário de tomar a pílula, detecta mudança de fuso horário, informa quando o método contraceptivo adicional é necessário, entre outras funcionalidades. “Fizemos um aplicativo que fosse completamente intuitivo, direto, simples, prático, para que qualquer pessoa conseguisse utilizá-lo”.
O uso da pílula é dividido em duas fases: a obrigatória e a flexível. Na primeira, é necessário ingerir a pílula normalmente durante 24 dias consecutivos. Já na segunda, a mulher controla quantas menstruações deseja ter ao ano de acordo com suas vontades e rotina, podendo menstruar no mínimo três vezes ao ano.
“O regime flexivo é uma forma de estender o regime para mais 30 dias, fugindo do regime convencional que é de 21 dias. Ele tem uma eficácia maior porque faz mais supressão da ovulação. Quanto mais tempo você usa maior a eficácia”, acrescentou o Dr. César Fernandes.
O especialista esclarece que a principal diferença entre o novo anticoncepcional e os demais é a orientação específica que o app oferece. “Não é que emendar as cartelas pode ser desconsiderado a partir de então. Mas me parece muito mais racional e preciso usar o regime que está definido e aprovado pela Anvisa. Um você faz de maneira experimental, empírica. E no outro você tem uma forma mais estruturada de fazer o controle”.
Com o slogan “Menstruar é natural, mas poder escolher quando tem que ser normal”, a Bayer também desenvolveu um site www.soueunocontrole.com.br, que traz mais informações sobre o ciclo flexível e o aplicativo.
Empoderamento feminino
Falar sobre poder de escolha tem tudo a ver com empoderamento feminino. Por isso, foram convidadas para o lançamento do Yaz Flex, a sexóloga Regina Navarro, a atriz Fernanda Souza, e a cantora Karol Conká.
Navarro falou sobre as mudanças na maneira de viver das mulheres pela ótica histórica vivida por esse público ao longo dos anos. E as formas de amor direcionaram sua apresentação.
“É evidente que as mulheres cada vez mais estão tomando as regras da própria vida e do próprio corpo. Quando falamos da mulher poder escolher menstruar ou não tem tudo a ver com essa nova mentalidade que estamos observando, que as mulheres realmente podem fazer escolhas para a sua vida. Coisa que jamais foi permitido. Nos últimos cinco mil anos, a opressão da mulher foi uma coisa impressionante, diziam que as mulheres não tinha cérebro, que eram incompetentes. Uma coisa horrorosa!”.
A possibilidade de poder controlar quando menstruar agradou as duas convidadas. “A única coisa que eu ainda não controlava era essa parte da menstruação. Vou começar a tomar a pílula quando sair daqui por que estou desesperada com esse novo método porque minha vida é muito corrida. Eu gosto de andar com o looks às vezes mostrando mais do que devia, e eu não quero mostrar o absorvente. Eu tenho todo esse direito de não menstruar e estou muito feliz e satisfeita mesmo”, relatou Karol.