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Sabor de infância

Você provavelmente já comeu algo que te lembrou algum momento da infância, e provavelmente usou aquela expressão: “Tem gostinho de infância”. Como não? Algumas comidas, sabores e cheiros simplesmente nos levam a lembranças boas do passado.

Durante minha infância gostava de brincar de casinha, fazer comida de mentirinha, pedalar pela fazenda do papai, e brincar com meus primos de apostar corrida. Afinal, se tinha uma coisa que eu gostava de fazer era correr. Há duas décadas, correr era minha brincadeira preferida.

Outra coisa que tenho lembranças muito fortes é da minha alimentação. Ainda hoje me pego dizendo: “Hum, tem gostinho de infância”. Ao ver biscoito passatempo e um guaraná, é impossível não recordar das tardes que passava em frente à televisão assistindo Sessão da Tarde e Malhação.

Ou ainda, aquela porção de ‘bodó’, ou ‘bolinho de chuva’ como é conhecido por muitos. Ao entardecer sempre tinha uma guloseima que enchia os olhos e a boca d’ água. Daí, depois de refletir a respeito, pensei: Quais serão as lembranças que as crianças de hoje terão no futuro? Um joguinho de celular ‘maneiro’? Comida de Fast- food?

Aos poucos, com a correria do dia-a-dia e o avanço da tecnologia, sinto que a juventude está perdendo de viver momentos simples, mas que fazem toda a diferença no futuro. Deixando de experimentar outros sabores, para continuar na mesmice das comidas de rua. Ninguém mais come na casa da avó? Como assim?

Não entendo como algumas pessoas preferem um hambúrguer a um assado de panela da mãe. Como preferir um jogo de celular a jogar ‘bets’ com os amigos na rua?

No último final de semana, no caminho de volta para casa, passei por uma turma grande de garotos soltando pipa na rua. Fiquei tão feliz com aquela cena. Eu que já não vejo crianças brincando na rua de casa, no quintal ou nos parques fiquei imensamente surpresa.

Ainda existem brincadeiras como antigamente. Que felicidade! Quando for mãe, ensinarei aos meus filhos todas as brincadeiras da minha infância e estimularei o contato com a natureza, os animais e, sobretudo o contato humano.

A Gazeta do Acre: