Alegria de pobre dura pouco mesmo. Quase nada. Olha só, leitor, que notícia maravilhosa: a Petrobras [empresa ‘querida’, que mora no coração de todo brasileiro] aproveitou este belo feriadão que estávamos tendo nesses últimos dias para nos agraciar com mais um lindo e pontualíssimo reajuste, agora no preço do gás de cozinha para embalagem em botijões de 13 quilos. “Pouquíssima” coisa esse aumento: “só” 4,5%.
Mas, sim, tem justificativa. Não se aumenta o preço do gás de cozinha assim do nada. E dessa vez a lorota, ops… desculpa, ops… motivação [ufa, encontrei a palavra!] foi, ô, show: por causa da alta nas cotações internacionais. Colocando de outra forma, moedas de fora se valorizaram, a nossa despenca de novo, e o brasileiro que se lasque para arcar com isso.
Tá certo! Certíssimo. O povo brasileiro entende. Ô, e como entende. Entendemos tudo. Somos muito compreensivos. Inclusive, se quiser digitar no google a palavra “compreensão”, acho que a primeira imagem que vai aparecer é a de alguém feliz empunhando a bandeira do Brasil, assim como para “palhaço”. Compreensão é com a gente mesmo. Ainda mais assim, em um momento desse quando está tudo tão bom, cheio de oportunidades e dinheiro rolando solto.
Ironias à parte [porque só sendo irônico mesmo, com muita graça no coração e muitos memes para aguentar essa situação], está cada vez mais difícil ser brasileiro, ô! Eu juro, leitor, que eu tô pra começar a criar grupos de apoio pra saber como é que as pessoas tão resistindo a tantos aumentos que vão nos empurrando goela abaixo. É um em cima do outro. Dá nem pra se preparar psicologicamente, recuperar o fôlego. Calculadora do celular só soma despesa.
Nesse quesito, então, a Petrobras está sendo campeã. Toda hora é um reajuste diferente. Se não é de combustível, é de gás de cozinha. Se não é de gás de cozinha volta pro combustível. Poxa, de gás de cozinha teve aumento um dia desse. Outubro, salvo engano. Li até em algum lugar que, com essa nova alta de 4,5%, já chegamos ao sexto mês consecutivo, acumulando 54% de inflação para as botijas de 13 kg. Não é 10, nem é 20. É 54%. CINQUENTA E QUATRO [vou até escrever por extenso, e em caixa alta, que é pra ver se eu acredito].
Na da gasolina, dá até medo fazer esse balanço.
Aí falam que é a “conta da corrupção”. Beleza, mais aí eu pergunto: mas que diacho de conta é essa que não acaba nunca? Vitalícia, é, porque só pode? Continuam roubando tudo, então, né, porque só isso justifica. Ou isso ou inventaram uma nova modalidade de nos f… [vamos usar o termo “prejudicar” que é mais nobre]: reajuste parcelado em suaves prestações intermináveis.
Enfim, é vida que segue. Desculpem o desabafo… e até a próxima facada no bolso.
“O povo brasileiro entende. Ô, e como entende. Somos muito compreensivos”